Ega então, n'um soberbo alarde d'indifferença, cravou o monoculo no palco. O lacaio abalára espavorido, a um repique furioso de sineta; e uma megera azeda, de roupão verde e touca á banda, rompera de dentro, meneando desesperadamente o leque, ralhando com uma mocinha delambida que batia o tacão, se esganiçava: «Pois hei de amal-o sempre! hei de amal-o sempre!»
As Erínias são divindades infernais, que punem os crimes susceptíveis de alterar a ordem social, com especial apetência pela perseguição de homicidas e mais ainda por parricidas, a quem perseguem e frequentemente enlouquecem. Foram identificadas pelos romanos com as Fúrias. O seu número e nomes variam, mas são geralmente três, e os seus nomes Alecto, Tisífone e Megera. A primeira, Alecto, é aquela que nunca é apaziguada; a segunda, Tisífone, o espírito de vingança; a terceira, Megera, é a personificação do ódio e do mau-olhado.
No mundo grego são também designadas por Euménides, e dão o nome à terceira tragédia da única trilogia sobrevivente de Ésquilo, a Oresteia. Nesta tragédia, as Erínias perseguem Orestes, depois de este ter assassinado a sua mãe, Clitemnestra, instigado por Apolo e Electra, para vingar a morte de seu pai, Agamémnon.
Voltando à nossa Megera, acabou por se perder a ideia original de nome de divindade, e o nome próprio passou a nome comum, designando uma mulher cruel, de mau génio.
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