terça-feira, novembro 27, 2007

Os Doze Césares

É de louvar a reedição da obra Os Doze Césares do historiador Suetónio (70?–130?) na colecção “Biblioteca Independente”.
A tradução que agora se publica é de João Gaspar Simões, e data de 1963, altura em que foi publicada pela Editorial Presença, encontrando-se esgotada há muitos anos.

Outras traduções:
SUETÓNIO, O Divino Augusto, trad. Agostinho da Silva (Lisboa: Livros Horizonte, 1975).
SUETÓNIO, As Vidas dos Doze Césares, i: Júlio César, Octávio César Augusto, trad. Angelina Pires (Lisboa: Edições Sílabo, 2005).
SUETÓNIO, As Vidas dos Doze Césares, ii: Tibério, Calígula, Cláudio, trad. Adriaan de Man (Lisboa: Edições Sílabo, 2006).
SUETÓNIO, As Vidas dos Doze Césares, iii: Nero, Galba, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito, Domiciano, trad. Adriaan de Man (Lisboa: Edições Sílabo, 2007).

sexta-feira, novembro 23, 2007

Lectrix

A Cambridge University Press disponibiliza no seu site o projecto Lectrix, ferramenta indispensável para alunos e estudiosos da área dos estudos clássicos. Ainda em fase de desenvolvimento, a Lectrix irá tornar-se em breve fundamental.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Mundo clássico hoje - Olimpo

(Pocariça, aldeia do concelho de Alenquer)
Ele aparece onde menos se espera...

terça-feira, novembro 20, 2007

Mythical Roman cave ‘unearthed’

Italian archaeologists say they have found the long-lost underground grotto where ancient Romans believed a female wolf suckled the city’s twin founders.

The cave believed to be the Lupercal was found near the ruins of Emperor Augustus’ palace on the Palatine hill.
The 8m (26ft) high cave decorated with shells, mosaics and marble was found during restoration work on the palace.
According to mythology Romulus and Remus were nursed by a she-wolf after being left on the River Tiber’s banks.
The twin sons of the god Mars and priestess Rhea Silvia are said to have later founded Rome on the Palatine in 753 BC.
The brothers ended up fighting over who should be in charge of the city, a power struggle which ended only after Romulus killed his brother.
In Roman times a popular festival called the Lupercalia was held annually on 15 February.
Young nobles called Luperci, taking their name from the place of the wolf (lupa), ran from the Lupercal around the bounds of the Palatine in what is believed to have been a purification ritual.
Naked, except for the skins of goats that had been sacrificed that day, they would strike women they met on the hands with strips of sacrificial goatskin to promote fertility.

‘Astonishing history’
Presenting the discovery, Italian Culture Minister Francesco Rutelli said archaeologists were “reasonably certain” that the newly unearthed cave could be the Lupercal.
“This could reasonably be the place bearing witness to the myth of Rome, one of the most well-known cities in the world - the legendary cave where the she-wolf suckled Romulus and Remus, saving them from death,” he said.
“Italy and Rome never cease to astonish the world with continual archaeological and artistic discoveries, and it is incredible to think that we have finally found a mythical site which, by our doing so, has become a real place.”
The ancient cave was found 16m (52ft) underground in a previously unexplored area during restoration work on the palace of Augustus, the first Roman emperor.
Exploration of the cavity was hampered, however, by fears that it might collapse and damage the foundations of the surrounding ruins.
Archaeologists therefore used endoscopes and laser scanners to study it, ascertaining that the circular structure was 8m (26ft) high and 7.5m (24ft) in diameter.
A camera probe later sent into the cave revealed a ceiling covered in shells, mosaics and coloured marble, with a white eagle at the centre.
“You can imagine our amazement - we almost screamed,” said Professor Giorgio Croci, the head of the archaeological team working on the restoration of the Palatine, told reporters.
“It is clear that Augustus... wanted his residence to be built in a place which was sacred for the city of Rome,” he added.
The Palatine hill is covered in palaces and other ancient monuments, from the 8th Century BC remains of Rome's first buildings to a mediaeval fortress and Renaissance villas.
After being closed for decades due to risk of collapse, parts of the hill will re-open to the public in February after a 12m-euro ($17.7m) restoration programme.

Story from BBC NEWS. Published: 2007/11/20 18:24:29 GMT
© BBC MMVII

segunda-feira, novembro 19, 2007

Bibliotrónica Portuguesa



Carlos Costa, aluno da FLUL, fez-me chegar este texto, que dá conta da edição electrónica de uma tradução portuguesa da Batracomiomaquia, tradicionalmente atribuída a Homero.

«Batracomiomaquia, tradução de António Maria do Couto
Foi reeditada uma tradução de 1835 da Batracomiomaquia, agora disponível na Bibliotrónica Portuguesa. Conhecem-se os Poemas Homéricos, Homero é conhecido como o autor da Ilíada e da Odisseia, mas se eu falar da Batracomiomaquia ou do já desaparecido Margites (ainda restam uns escassos fragmentos do texto) certamente me hão-de perguntar o que são.

O que é a Batracomiomaquia? É uma antiga paródia grega, a paródia da Ilíada, provavelmente o testemunho mais antigo que se conhece do género literário a que pertence, imitando o estilo e as fórmulas homéricas, publicada aproximadamente no século V ou IV a C. Narra uma guerra entre as rãs dum lago e os ratos da vizinhança, os ratos julgam que Physignato, o rei das rãs, afogou Psicarpax, o filho do rei dos ratos, propositadamente. No princípio os Deuses procuram ficar neutros ao conflito, mas depois Zeus acaba por intervir a favor das rãs e envia um exército de caranguejos para impedir os ratos.

Eu não acredito que a Batracomiomaquia tenha sido elaborada por Homero, se é que Homero realmente existiu. Considerando a data da primeira publicação da Ilíada e da Odisseia, nos séculos VIII e VI a C. respectivamente, Homero teria podido viver assim tanto tempo? Teria conseguido escrever dois poemas épicos extensos e ainda uma paródia? Como considerar a hipótese de, quatrocentos anos depois de a Ilíada se afirmar, a Batracomiomaquia ter sido escrita por Homero? A tese de Plutarco parece mais verosímil: Pigres de Halicarnasso é que é o autor.

À falta de provas mais concretas nunca se saberá quem é o autor; se Homero não foi de certeza, eu não posso afirmar com todas as letras que Pigres de Halicarnasso é que deve ser considerado o autor. A Batracomiomaquia é um texto apócrifo, assim como o Margites, ambos parodiam os valores homéricos.

http://www.fl.ul.pt/dep_romanicas/auditorio/Bibliotronica/index.htm

Texto extraído do site da Bibliotrónica Portuguesa:

O projecto da Bibliotrónica Portuguesa nasceu no âmbito dos trabalhos lectivos da disciplina de Introdução à Crítica Textual e visa a constituição de uma biblioteca de livrónicos em língua portuguesa, com os seguintes princípios:

■ todos os exemplares serão preparados e apresentados com critérios e normas que assegurem a qualidade da edição;
■ a selecção dos livros a publicar em formato electrónico deverá encontrar justificação no interesse dos leitores;
■ a publicação electrónica não ofenderá os direitos de autor, tal como estão legalmente estabelecidos;
■ todos os livros serão em língua portuguesa.

Os livrónicos que inauguram a Bibliotrónica foram elaborados pelos primeiros alunos da disciplina de Introdução à Crítica Textual, durante o semestre da Primavera de 2007. Os critérios e as normas de edição foram definidos caso a caso e explicam-se na nota editorial. É certo, no entanto, que, coincidindo os objectivos das edições publicadas com os da edição diplomática, os princípios e as normas deste tipo de edição constituíram naturalmente o ponto de partida. Duas preocupações orientaram também a elaboração de todos os livrónicos agora publicados: facilitar o mais possível a navegação dentro do livro, mediante hiperligações, e proporcionar uma experiência de leitura agradável ao leitor. Procurou-se, por esta última razão, organizar o espaço de leitura de forma a que não implicasse um excessivo afastamento dos hábitos de leitura em papel e a que não favorecesse o cansaço.

A possibilidade de corrigir e melhorar continuamente os textos publicados em formato electrónico, sendo um bem, reduz a confiança que é possível depositar nas citações dos mesmos. Para obviar a este problema, todos os livrónicos serão aqui publicados com a indicação do mês e do ano, seguida de um número de versão (por exemplo: Outubro 2007 / 1). Os leitores de eventuais citações poderão assim saber se a versão citada é ainda a mesma que está on-line.

Na secção "Sítios com livrónicos", encontra-se uma lista de lugares na Internet onde é possível encontrar livrónicos em língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola. No futuro, será criada uma secção com um índice de livrónicos em língua portuguesa disponíveis na Internet.»

sábado, novembro 17, 2007

Mundo clássico hoje - Ricardo Araújo Pereira

Confesso, não sou grande apreciador do humor dos Gato Fedorento. Ainda que constantemente comparados aos Monty Python (que, como toda a gente sabe, são deuses), continuo sem estar muito convencido. Vem isto a propósito de um livro que reúne crónicas do Ricardo Araújo Pereira, recentemente lançado. O Ricardo é, apesar de nem sempre lhe achar muita graça, uma das pessoas mais interessantes do panorama mediático português, e reconheço no seu humor qualidade e exigência. Mas nem sempre lhe acho graça, pronto.

Ora na capa do dito livro vemos o Ricardo, com uma coroa à maneira clássica, e em baixo, à esquerda, uma brincadeira, um piscar de olhos ao António Lobo Antunes, que tem estado a lançar edições "ne varietur" (*) das suas obras. Tudo bem, até aqui não há problema. O pior é que a seguir diz "nisi ego reperio melior jocus". A frase é agramatical, logo para começar: "melior iocus" é, entende-se, o complemento directo de "reperio", teria de estar em acusativo, e parece-me que o plural seria o mais desejável. A utilização de um presente do indicativo ali, não sendo errada, não é a mais correcta, a não ser que o RAP queira dizer que encontrará mesmo piadas melhors. Por prudência pedia-se ali um conjuntivo. Portanto, e para a coisa bater certo, eu aconselhava a seguinte redacção: "nisi reperiam meliores iocos". No entanto, vale a intenção, e convenhamos, não é uma graçola fácil, e isso é de já de aplaudir.

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(*) "Reedição de uma obra para estabelecimento definitivo do texto em vida do autor, que autoriza essa versão final. Também se diz da reedição de um texto que não sofre alterações em relação a edições anteriores. A edição crítica de O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós, preparada por Carlos Reis e Maria do Rosário Cunha, compara as versões de 1876 e 1880 (esta na sua terceira edição, de 1889). Os editores críticos consideraram que a versão de 1875, uma versão não autorizada pelo autor, não deve ser considerado canónico, e que a edição de 1889 apresenta variantes estilísticas significativas relativamente à de 1880 e que, por isso mesmo, deve ser considerada a edição ne varietur, já assim classificada por Guerra da Cal. Esta edição não terá sido corrigida por Eça, mas foi a última por ele autorizada."
Definição obtida aqui.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Novo Heródoto

Acaba de sair a tradução portuguesa do livro V das Histórias de Heródoto, o pai da História, como ficou celebrizado numa obra ciceroniana (De Legibus 1.1.5). A tradução, publicada pelas Edições 70, é da autoria de Maria de Fátima Sousa e Silva, Professora Catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (que assina a introdução e notas) e de Carmen Leal Soares, Professora Associada na mesma faculdade.
As Histórias de Heródoto estão divididas em nove livros, tantos quantas as musas; em português, estão publicadas, também pelas Edições 70, as traduções dos livros I, III, IV, VI, e VIII. Todos os volumes são providos de uma introdução e de notas que contextualizam a obra, mas que fazem também uma importante análise do texto. O primeiro volume tem uma introdução geral excelente, escrita pela Professora Doutora Maria Helena da Rocha Pereira.

Atribuição de Bolsas de Investigação

Delfim Leão, da Universidade de Coimbra, fez-me chegar a seguinte informação:


«ANÚNCIO PARA ATRIBUIÇÃO DE DUAS BOLSAS DE INVESTIGAÇÃO
No âmbito do Projecto PTDC/HAH/68899/2006

Encontra-se aberto concurso para atribuição de duas Bolsas de Investigação no âmbito do Projecto
PTDC/HAH/68899/2006, designado por Plutarco e os fundamentos da identidade europeia, financiado pela
Fundação para a Ciência e a Tecnologia, nas seguintes condições:

1. Duração e Regime de Actividade: Duração de 12 meses, com início previsto para Janeiro de 2008, em
regime de exclusividade, conforme regulamento de formação avançada de recursos humanos da FCT
(http://www.fct.mctes.pt/pt/apoios/formacao/ambitoprojectos) e Regulamento de Bolsas da Universidade de Coimbra
(RBUC). A Bolsa poderá, eventualmente, ser prorrogada por um período adicional de 6 meses.

2. Objecto de Actividade e Orientação Científica: Levantamento bibliográfico, digitalização e tratamento de
dados, bem como apoio na elaboração de relatórios durante as várias fases do projecto.

3. Orientação Científica: A cargo do Prof. Doutor Delfim Ferreira Leão, Investigador Responsável pelo Projecto.

4. Formação Académica: O Concurso destina-se a Licenciados em Línguas e Literaturas Clássicas e
Portuguesa ou outra Licenciatura equivalente, na área dos Estudos Clássicos. Na avaliação curricular, será dada preferência a quem cumprir os seguintes critérios:
- Estar a frequentar um curso de Pós-graduação ou de Mestrado promovido pelo Grupo de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
- Possuir um nível avançado de conhecimentos de Latim e de Grego antigo, e revelar também um bom domínio de línguas modernas.
- Revelar bons conhecimentos informáticos na óptica do utilizador.
- Não ter usufruído ainda do estatuto de técnico de investigação.

5. Remuneração: De acordo com a tabela de valores das Bolsas de Investigação no país atribuídas pela FCT.

6. Documentos de Candidatura: As candidaturas deverão incluir Carta de Apresentação e Curriculum Vitae, devendo ainda o requerimento ser acompanhado da documentação prevista no art. 35º do RBUC e ser a correspondência remetida para:

Prof. Doutor Delfim Ferreira Leão
Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Largo da Porta Férrea
3004-530 Coimbra

7. Prazo do Concurso: Início a 12 de Novembro e termo a 23 de Novembro de 2007.»

O edital pode ser consultado aqui.

Influências greco-latinas na língua árabe IX


(Denário romano do início do século II d.C.)

Com os contactos entre o Império Romano e o mundo árabe e, sobretudo, com a expansão árabo-muçulmana dos séculos VII e VIII, na sequência da revelação de Maomé, muitos dos modelos administrativos e financeiros do mundo greco-latino foram adoptados pela potência emergente. O denarius, designação de uma unidade monetária romana, entrou na língua árabe clássica como دينار [dînâr]. A tónica latina (denarius) é representada pelo [â]. O árabe clássico não tem propriamente um sistema de sílabas tónicas. As sílabas devem soar todas ao mesmo nível. No entanto, as sílabas longas são, naturalmente, pronunciadas de forma mais intensa, o que dá a ilusão de alguma tonicidade.

O dinar subsiste como unidade monetária em vários países árabes, como a Argélia, o Barém, o Iraque, a Jordânia, o Kuwait (Coveite fica tão feio...), a Líbia e a Tunísia. É também usado em países não árabes, como a Sérvia (динар - dinar) e a Macedónia (денар - denar).

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Nota sobre a transcrição dos sons árabes: [â] e [î] correspondem a vogais longas. Na generalidade do Norte de África o [â] soa quase como um [e] longo e aberto: [dîneer].

terça-feira, novembro 06, 2007

Mitos e Lendas da Grécia Antiga

Decorrerá já no próximo dia 8 de Novembro a sessão de lançamento do primeiro volume do livro Mitos e Lendas da Grécia Antiga, da autoria da Doutora Marília Futre Pinheiro, Professora Catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
O livro será apresentado pelo Professor Carlos García Gual, insigne estudioso do romance grego e da literatura grega antiga.
Anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Quinta-feira, 8 de Novembro, às 18h30.
[Na mesma ocasião, será apresentado, de Angélica Varandas o volume sobre o País de Gales da obra Mitos e Lendas Celtas.]

segunda-feira, novembro 05, 2007

Mal Nascida


Depois de Filha da Mãe, Ganhar a Vida e Noite Escura, João Canijo regressou aos mitos clássicos, recriando o mito de Electra numa aldeia transmontana portuguesa. O filme chama-se Mal Nascida, e esteve na 64ª Mostra de Cinema de Veneza, na secção "Orizzonti", em Setembro, embora só estreie por cá dentro de 2 ou 3 meses, segundo me disse hoje o realizador. Se for tão bom como Ganhar a Vida (uma Antígona) e Noite Escura (uma Ifigénia), as primeiras unidades desta assumida trilogia clássica, espera-nos mais uma obra incontornável no actual cinema português.

"Lúcia é uma mal nascida, uma mal amada, é a eterna viúva do seu pai. Um grito antes de ser um corpo, enlouquecida, maltratada e humilhada, sobrevive enlutada com a lembrança do crime e da traição da mãe, grita a sua dor inconsolável para não dar descanso nem paz aos assassinos do pai. Vive na esperança desesperada do regresso do irmão para cumprir a promessa de vingar o sangue do pai."

Sinopse retirada da página oficial.