sábado, dezembro 22, 2007

Pompeios a cores

Neste endereço, podemos ver imagens (e um pequeno texto explicativo para cada uma) da exposição de mais de 100 imagens com 2000 anos de frescos de Pompeios, a decorrer no Museu Nacional de Roma.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Biblioteca ideial

Saiu há pouco tempo um livro da Sociedade de Edições Les Belles Lettres que condensa trechos de obras de autores das literaturas clássicas, a saber:
Homero, Hesíoso, Esopo, Ésquilo, Píndaro, Sófocles, Eurípides, Heródoto, Tucídides, Aristófanes, Platão, Xenofonte, Aristóteles, Demóstenes, Plauto, Cícero, César, Lucrécio, Salústio, Vergílio, Horácio, Tito Lívio, Tibulo, Ovídio, Lucano, Petrónio, Plutarco, Epicteto, Tácito, Suetónio, Luciano, e Marco Aurélio. Infelizmente, parecem ter ficado de fora autores como Terêncio, Séneca, ou Marcial, do mesmo modo que é estranho que não tenha abrangido, por exemplo, poetas helenísticos; mesmo alguns dos passos escolhidos são discutíveis (de Tácito, escolheram uma citação da Germania, quando o autor escreveu obras de qualidade superior e tem passos sinceramente mais marcantes).
Ainda assim, a Bibliothèque Classique Idéale — De Homère à Marc-Aurèle cumpre o objectivo de reunir num só volume excertos de algumas das obras-primas da literatura clássica, de modo a que as ideias e estética literária deste período de mais de 600 anos se torne familiar a muitas mais pessoas.

O volume custa 29€ e tem 488 páginas.

Bolsa de Investigação

http://www.fcsh.unl.pt/invest/Projecto_Dicionario_Portugues_Medieval.pdf

Concurso para Bolsa de Investigação

O Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa abre concurso
para atribuição de uma Bolsa de Investigação (BI), a tempo inteiro, para
licenciados, no âmbito do Projecto de Dicionário do Português Medieval.
Requisitos
Os candidatos deverão:
• Possuir o grau de licenciado em Línguas e Literaturas Clássicas ou
em Estudos Clássicos (Latim e Grego), com média de licenciatura
superior a 14.
• Experiência de utilização de ferramentas informáticas.
Condições Preferenciais
• Elementos curriculares relevantes para o Projecto.
Período do Concurso
10 a 26 de Dezembro de 2007
Condições da Bolsa
A bolsa tem a duração de um ano, eventualmente renovável, com
início em 1 de Fevereiro de 2008, e o valor a atribuir será de
€ 745,00 por mês (v. Estatuto do Bolseiro de Investigação Científica
em http://www.fct.mct.pt).
Documentos a Apresentar na Candidatura
• Curriculum Vitae detalhado;
• Histórico das disciplinas ou cópia do certificado de habilitações com
disciplinas discriminadas.
Envio das Candidaturas
As candidaturas devem ser enviadas, por correio normal ou
electrónico, para:
Profa. Maria Francisca Xavier
Centro de Linguística da UNL – L.I. 1
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL
Av. de Berna, 26 C – Piso 4
1069-061 Lisboa
mf.xavier@fcsh.unl.pt

http://www.fcsh.unl.pt/invest/Projecto_Dicionario_Portugues_Medieval.pdf

terça-feira, dezembro 18, 2007

Literaturas Clássicas na BBC Radio 3

A BBC Radio 3 estreou no dia 10 de Dezembro o programa The Essay: Greek and Latin Voices, “an accessible modern guide to some of the foundation texts of Western culture”.
De segunda a quinta, das 11h às 11h15 da noite, “The series focuses on the works of the major figures of Greek and Latin literature, philosophy, history and politics, including Thucydides, Euripides, Plato, Horace, Augustine, Tacitus, Juvenal, Cicero and Virgil.” O programa vai para o ar “in six fortnightly blocs, one week with a Greek focus and one week with a Latin focus.”
Entre os responsáveis pelos conteúdos estão professores especialistas (da Open University), um cientista, e um poeta.
Em Portugal, podemos ouvir o programa através da BBC iPlayer, disponível até uma semana depois de ter ido para o ar.
Mais informações, ver aqui.

A BBC Radio 3 é a estação de Rádio de música clássica e jazz, artes e drama da corporação britânica de radiodifusão.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Curso Conimbricense e Verney

Delfim Leão, da Universidade de Coimbra, fez-me chegar este Edital:

EDITAL
Bolsa de Técnico de Investigação

Aceitam-se candidaturas a uma Bolsa de Técnico de Investigação para a prossecução de actividades de apoio técnico à investigação no âmbito do projecto «Curso Conimbricense e Verney» coordenado pelo Prof. Doutor Mário Avelino Santiago de Carvalho.

1. Duração e Regime de Actividade:
A Bolsa terá a duração de doze meses, com início em 1 de Fevereiro de 2008, eventualmente renováveis, em regime de exclusividade, conforme regulamento de bolsas da Universidade de Coimbra, sendo o seu valor de 745 Euros mensais acrescido de seguro de acidentes de trabalho e eventualmente seguro social voluntário.

2. Objecto:
Apoio às actividades de investigação do projecto, nomeadamente, leitura e transcrição de textos filosóficos impressos dos séculos XVI-XVIII e a realização de todas as actividades conexas à preparação da sua respectiva edição (impressa e electrónica).

3. Local de Trabalho:
Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra

4. Destinatários:
Licenciados nas áreas das Humanidades com conhecimentos relevantes de língua latina, de leitura de impressos dos séculos XVI-XVIII e de informática.

5. Critérios de Avaliação:
Avaliação Curricular:
- Formação académica para a área do projecto
- Conhecimentos de língua latina

Entrevista

6. Prazo de Apresentação de candidaturas:
Até quinze dias úteis após a publicação do edital

7. Júri responsável pela selecção:

Presidente: Prof. Doutor Mário Avelino Santiago de Carvalho
Vogais: Prof. Doutor Amândio Augusto Coxito
Prof. Doutor António Manuel Martins

As candidaturas deverão incluir Carta de Apresentação e Curriculum Vitae, devendo ainda o requerimento ser acompanhado da documentação prevista no art.º 35 do RBUC e ser remetidas para:

Prof. Doutor Mário Avelino Santiago de Carvalho
Instituto de Estudos Filosóficos
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Largo da Porta Férrea
3004-530 Coimbra

A influência da mitologia clássica na poesia camoniana: a maga Circe e a transformação dos homens em brutos

[Wolgemut - Circe e Ulisses]

Centro de Estudos Clássicos
Faculdade de Letras
Cidade Universitária
1600-214 LISBOA


CONFERÊNCIA

A influência da mitologia clássica na poesia camoniana: a maga Circe e a transformação dos homens em brutos.

Conferência pelo Prof. Thomas Earl da Universidade de Oxford


17 de Dezembro – 2.ª feira – 11 horas
Sala 5.2 - Mestrados

segunda-feira, dezembro 03, 2007

De Trinitate - Apresentação

Por correio electrónico chega-me esta informação:

A Paulinas Editora tem a honra de convidar V. Ex.ª para o lançamento da Obra TRINDADE - DE TRINITATE de Santo Agostinho. A apresentação será feita pelo Professor Jacinto Farias, seguindo-se a intervenção do coordenador da edição, Professor Arnaldo Espírito Santo e a leitura de extractos significativos da obra pela Professora Maria Cristina de Sousa Pimentel.
4 de Dezembro, pelas 18h

Edifício da Biblioteca João Paulo II, Sala de Exposições do 2º andar, Universidade Católica Portuguesa de Lisboa

terça-feira, novembro 27, 2007

Os Doze Césares

É de louvar a reedição da obra Os Doze Césares do historiador Suetónio (70?–130?) na colecção “Biblioteca Independente”.
A tradução que agora se publica é de João Gaspar Simões, e data de 1963, altura em que foi publicada pela Editorial Presença, encontrando-se esgotada há muitos anos.

Outras traduções:
SUETÓNIO, O Divino Augusto, trad. Agostinho da Silva (Lisboa: Livros Horizonte, 1975).
SUETÓNIO, As Vidas dos Doze Césares, i: Júlio César, Octávio César Augusto, trad. Angelina Pires (Lisboa: Edições Sílabo, 2005).
SUETÓNIO, As Vidas dos Doze Césares, ii: Tibério, Calígula, Cláudio, trad. Adriaan de Man (Lisboa: Edições Sílabo, 2006).
SUETÓNIO, As Vidas dos Doze Césares, iii: Nero, Galba, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito, Domiciano, trad. Adriaan de Man (Lisboa: Edições Sílabo, 2007).

sexta-feira, novembro 23, 2007

Lectrix

A Cambridge University Press disponibiliza no seu site o projecto Lectrix, ferramenta indispensável para alunos e estudiosos da área dos estudos clássicos. Ainda em fase de desenvolvimento, a Lectrix irá tornar-se em breve fundamental.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Mundo clássico hoje - Olimpo

(Pocariça, aldeia do concelho de Alenquer)
Ele aparece onde menos se espera...

terça-feira, novembro 20, 2007

Mythical Roman cave ‘unearthed’

Italian archaeologists say they have found the long-lost underground grotto where ancient Romans believed a female wolf suckled the city’s twin founders.

The cave believed to be the Lupercal was found near the ruins of Emperor Augustus’ palace on the Palatine hill.
The 8m (26ft) high cave decorated with shells, mosaics and marble was found during restoration work on the palace.
According to mythology Romulus and Remus were nursed by a she-wolf after being left on the River Tiber’s banks.
The twin sons of the god Mars and priestess Rhea Silvia are said to have later founded Rome on the Palatine in 753 BC.
The brothers ended up fighting over who should be in charge of the city, a power struggle which ended only after Romulus killed his brother.
In Roman times a popular festival called the Lupercalia was held annually on 15 February.
Young nobles called Luperci, taking their name from the place of the wolf (lupa), ran from the Lupercal around the bounds of the Palatine in what is believed to have been a purification ritual.
Naked, except for the skins of goats that had been sacrificed that day, they would strike women they met on the hands with strips of sacrificial goatskin to promote fertility.

‘Astonishing history’
Presenting the discovery, Italian Culture Minister Francesco Rutelli said archaeologists were “reasonably certain” that the newly unearthed cave could be the Lupercal.
“This could reasonably be the place bearing witness to the myth of Rome, one of the most well-known cities in the world - the legendary cave where the she-wolf suckled Romulus and Remus, saving them from death,” he said.
“Italy and Rome never cease to astonish the world with continual archaeological and artistic discoveries, and it is incredible to think that we have finally found a mythical site which, by our doing so, has become a real place.”
The ancient cave was found 16m (52ft) underground in a previously unexplored area during restoration work on the palace of Augustus, the first Roman emperor.
Exploration of the cavity was hampered, however, by fears that it might collapse and damage the foundations of the surrounding ruins.
Archaeologists therefore used endoscopes and laser scanners to study it, ascertaining that the circular structure was 8m (26ft) high and 7.5m (24ft) in diameter.
A camera probe later sent into the cave revealed a ceiling covered in shells, mosaics and coloured marble, with a white eagle at the centre.
“You can imagine our amazement - we almost screamed,” said Professor Giorgio Croci, the head of the archaeological team working on the restoration of the Palatine, told reporters.
“It is clear that Augustus... wanted his residence to be built in a place which was sacred for the city of Rome,” he added.
The Palatine hill is covered in palaces and other ancient monuments, from the 8th Century BC remains of Rome's first buildings to a mediaeval fortress and Renaissance villas.
After being closed for decades due to risk of collapse, parts of the hill will re-open to the public in February after a 12m-euro ($17.7m) restoration programme.

Story from BBC NEWS. Published: 2007/11/20 18:24:29 GMT
© BBC MMVII

segunda-feira, novembro 19, 2007

Bibliotrónica Portuguesa



Carlos Costa, aluno da FLUL, fez-me chegar este texto, que dá conta da edição electrónica de uma tradução portuguesa da Batracomiomaquia, tradicionalmente atribuída a Homero.

«Batracomiomaquia, tradução de António Maria do Couto
Foi reeditada uma tradução de 1835 da Batracomiomaquia, agora disponível na Bibliotrónica Portuguesa. Conhecem-se os Poemas Homéricos, Homero é conhecido como o autor da Ilíada e da Odisseia, mas se eu falar da Batracomiomaquia ou do já desaparecido Margites (ainda restam uns escassos fragmentos do texto) certamente me hão-de perguntar o que são.

O que é a Batracomiomaquia? É uma antiga paródia grega, a paródia da Ilíada, provavelmente o testemunho mais antigo que se conhece do género literário a que pertence, imitando o estilo e as fórmulas homéricas, publicada aproximadamente no século V ou IV a C. Narra uma guerra entre as rãs dum lago e os ratos da vizinhança, os ratos julgam que Physignato, o rei das rãs, afogou Psicarpax, o filho do rei dos ratos, propositadamente. No princípio os Deuses procuram ficar neutros ao conflito, mas depois Zeus acaba por intervir a favor das rãs e envia um exército de caranguejos para impedir os ratos.

Eu não acredito que a Batracomiomaquia tenha sido elaborada por Homero, se é que Homero realmente existiu. Considerando a data da primeira publicação da Ilíada e da Odisseia, nos séculos VIII e VI a C. respectivamente, Homero teria podido viver assim tanto tempo? Teria conseguido escrever dois poemas épicos extensos e ainda uma paródia? Como considerar a hipótese de, quatrocentos anos depois de a Ilíada se afirmar, a Batracomiomaquia ter sido escrita por Homero? A tese de Plutarco parece mais verosímil: Pigres de Halicarnasso é que é o autor.

À falta de provas mais concretas nunca se saberá quem é o autor; se Homero não foi de certeza, eu não posso afirmar com todas as letras que Pigres de Halicarnasso é que deve ser considerado o autor. A Batracomiomaquia é um texto apócrifo, assim como o Margites, ambos parodiam os valores homéricos.

http://www.fl.ul.pt/dep_romanicas/auditorio/Bibliotronica/index.htm

Texto extraído do site da Bibliotrónica Portuguesa:

O projecto da Bibliotrónica Portuguesa nasceu no âmbito dos trabalhos lectivos da disciplina de Introdução à Crítica Textual e visa a constituição de uma biblioteca de livrónicos em língua portuguesa, com os seguintes princípios:

■ todos os exemplares serão preparados e apresentados com critérios e normas que assegurem a qualidade da edição;
■ a selecção dos livros a publicar em formato electrónico deverá encontrar justificação no interesse dos leitores;
■ a publicação electrónica não ofenderá os direitos de autor, tal como estão legalmente estabelecidos;
■ todos os livros serão em língua portuguesa.

Os livrónicos que inauguram a Bibliotrónica foram elaborados pelos primeiros alunos da disciplina de Introdução à Crítica Textual, durante o semestre da Primavera de 2007. Os critérios e as normas de edição foram definidos caso a caso e explicam-se na nota editorial. É certo, no entanto, que, coincidindo os objectivos das edições publicadas com os da edição diplomática, os princípios e as normas deste tipo de edição constituíram naturalmente o ponto de partida. Duas preocupações orientaram também a elaboração de todos os livrónicos agora publicados: facilitar o mais possível a navegação dentro do livro, mediante hiperligações, e proporcionar uma experiência de leitura agradável ao leitor. Procurou-se, por esta última razão, organizar o espaço de leitura de forma a que não implicasse um excessivo afastamento dos hábitos de leitura em papel e a que não favorecesse o cansaço.

A possibilidade de corrigir e melhorar continuamente os textos publicados em formato electrónico, sendo um bem, reduz a confiança que é possível depositar nas citações dos mesmos. Para obviar a este problema, todos os livrónicos serão aqui publicados com a indicação do mês e do ano, seguida de um número de versão (por exemplo: Outubro 2007 / 1). Os leitores de eventuais citações poderão assim saber se a versão citada é ainda a mesma que está on-line.

Na secção "Sítios com livrónicos", encontra-se uma lista de lugares na Internet onde é possível encontrar livrónicos em língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola. No futuro, será criada uma secção com um índice de livrónicos em língua portuguesa disponíveis na Internet.»

sábado, novembro 17, 2007

Mundo clássico hoje - Ricardo Araújo Pereira

Confesso, não sou grande apreciador do humor dos Gato Fedorento. Ainda que constantemente comparados aos Monty Python (que, como toda a gente sabe, são deuses), continuo sem estar muito convencido. Vem isto a propósito de um livro que reúne crónicas do Ricardo Araújo Pereira, recentemente lançado. O Ricardo é, apesar de nem sempre lhe achar muita graça, uma das pessoas mais interessantes do panorama mediático português, e reconheço no seu humor qualidade e exigência. Mas nem sempre lhe acho graça, pronto.

Ora na capa do dito livro vemos o Ricardo, com uma coroa à maneira clássica, e em baixo, à esquerda, uma brincadeira, um piscar de olhos ao António Lobo Antunes, que tem estado a lançar edições "ne varietur" (*) das suas obras. Tudo bem, até aqui não há problema. O pior é que a seguir diz "nisi ego reperio melior jocus". A frase é agramatical, logo para começar: "melior iocus" é, entende-se, o complemento directo de "reperio", teria de estar em acusativo, e parece-me que o plural seria o mais desejável. A utilização de um presente do indicativo ali, não sendo errada, não é a mais correcta, a não ser que o RAP queira dizer que encontrará mesmo piadas melhors. Por prudência pedia-se ali um conjuntivo. Portanto, e para a coisa bater certo, eu aconselhava a seguinte redacção: "nisi reperiam meliores iocos". No entanto, vale a intenção, e convenhamos, não é uma graçola fácil, e isso é de já de aplaudir.

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(*) "Reedição de uma obra para estabelecimento definitivo do texto em vida do autor, que autoriza essa versão final. Também se diz da reedição de um texto que não sofre alterações em relação a edições anteriores. A edição crítica de O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós, preparada por Carlos Reis e Maria do Rosário Cunha, compara as versões de 1876 e 1880 (esta na sua terceira edição, de 1889). Os editores críticos consideraram que a versão de 1875, uma versão não autorizada pelo autor, não deve ser considerado canónico, e que a edição de 1889 apresenta variantes estilísticas significativas relativamente à de 1880 e que, por isso mesmo, deve ser considerada a edição ne varietur, já assim classificada por Guerra da Cal. Esta edição não terá sido corrigida por Eça, mas foi a última por ele autorizada."
Definição obtida aqui.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Novo Heródoto

Acaba de sair a tradução portuguesa do livro V das Histórias de Heródoto, o pai da História, como ficou celebrizado numa obra ciceroniana (De Legibus 1.1.5). A tradução, publicada pelas Edições 70, é da autoria de Maria de Fátima Sousa e Silva, Professora Catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (que assina a introdução e notas) e de Carmen Leal Soares, Professora Associada na mesma faculdade.
As Histórias de Heródoto estão divididas em nove livros, tantos quantas as musas; em português, estão publicadas, também pelas Edições 70, as traduções dos livros I, III, IV, VI, e VIII. Todos os volumes são providos de uma introdução e de notas que contextualizam a obra, mas que fazem também uma importante análise do texto. O primeiro volume tem uma introdução geral excelente, escrita pela Professora Doutora Maria Helena da Rocha Pereira.

Atribuição de Bolsas de Investigação

Delfim Leão, da Universidade de Coimbra, fez-me chegar a seguinte informação:


«ANÚNCIO PARA ATRIBUIÇÃO DE DUAS BOLSAS DE INVESTIGAÇÃO
No âmbito do Projecto PTDC/HAH/68899/2006

Encontra-se aberto concurso para atribuição de duas Bolsas de Investigação no âmbito do Projecto
PTDC/HAH/68899/2006, designado por Plutarco e os fundamentos da identidade europeia, financiado pela
Fundação para a Ciência e a Tecnologia, nas seguintes condições:

1. Duração e Regime de Actividade: Duração de 12 meses, com início previsto para Janeiro de 2008, em
regime de exclusividade, conforme regulamento de formação avançada de recursos humanos da FCT
(http://www.fct.mctes.pt/pt/apoios/formacao/ambitoprojectos) e Regulamento de Bolsas da Universidade de Coimbra
(RBUC). A Bolsa poderá, eventualmente, ser prorrogada por um período adicional de 6 meses.

2. Objecto de Actividade e Orientação Científica: Levantamento bibliográfico, digitalização e tratamento de
dados, bem como apoio na elaboração de relatórios durante as várias fases do projecto.

3. Orientação Científica: A cargo do Prof. Doutor Delfim Ferreira Leão, Investigador Responsável pelo Projecto.

4. Formação Académica: O Concurso destina-se a Licenciados em Línguas e Literaturas Clássicas e
Portuguesa ou outra Licenciatura equivalente, na área dos Estudos Clássicos. Na avaliação curricular, será dada preferência a quem cumprir os seguintes critérios:
- Estar a frequentar um curso de Pós-graduação ou de Mestrado promovido pelo Grupo de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
- Possuir um nível avançado de conhecimentos de Latim e de Grego antigo, e revelar também um bom domínio de línguas modernas.
- Revelar bons conhecimentos informáticos na óptica do utilizador.
- Não ter usufruído ainda do estatuto de técnico de investigação.

5. Remuneração: De acordo com a tabela de valores das Bolsas de Investigação no país atribuídas pela FCT.

6. Documentos de Candidatura: As candidaturas deverão incluir Carta de Apresentação e Curriculum Vitae, devendo ainda o requerimento ser acompanhado da documentação prevista no art. 35º do RBUC e ser a correspondência remetida para:

Prof. Doutor Delfim Ferreira Leão
Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Largo da Porta Férrea
3004-530 Coimbra

7. Prazo do Concurso: Início a 12 de Novembro e termo a 23 de Novembro de 2007.»

O edital pode ser consultado aqui.

Influências greco-latinas na língua árabe IX


(Denário romano do início do século II d.C.)

Com os contactos entre o Império Romano e o mundo árabe e, sobretudo, com a expansão árabo-muçulmana dos séculos VII e VIII, na sequência da revelação de Maomé, muitos dos modelos administrativos e financeiros do mundo greco-latino foram adoptados pela potência emergente. O denarius, designação de uma unidade monetária romana, entrou na língua árabe clássica como دينار [dînâr]. A tónica latina (denarius) é representada pelo [â]. O árabe clássico não tem propriamente um sistema de sílabas tónicas. As sílabas devem soar todas ao mesmo nível. No entanto, as sílabas longas são, naturalmente, pronunciadas de forma mais intensa, o que dá a ilusão de alguma tonicidade.

O dinar subsiste como unidade monetária em vários países árabes, como a Argélia, o Barém, o Iraque, a Jordânia, o Kuwait (Coveite fica tão feio...), a Líbia e a Tunísia. É também usado em países não árabes, como a Sérvia (динар - dinar) e a Macedónia (денар - denar).

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Nota sobre a transcrição dos sons árabes: [â] e [î] correspondem a vogais longas. Na generalidade do Norte de África o [â] soa quase como um [e] longo e aberto: [dîneer].

terça-feira, novembro 06, 2007

Mitos e Lendas da Grécia Antiga

Decorrerá já no próximo dia 8 de Novembro a sessão de lançamento do primeiro volume do livro Mitos e Lendas da Grécia Antiga, da autoria da Doutora Marília Futre Pinheiro, Professora Catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
O livro será apresentado pelo Professor Carlos García Gual, insigne estudioso do romance grego e da literatura grega antiga.
Anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Quinta-feira, 8 de Novembro, às 18h30.
[Na mesma ocasião, será apresentado, de Angélica Varandas o volume sobre o País de Gales da obra Mitos e Lendas Celtas.]

segunda-feira, novembro 05, 2007

Mal Nascida


Depois de Filha da Mãe, Ganhar a Vida e Noite Escura, João Canijo regressou aos mitos clássicos, recriando o mito de Electra numa aldeia transmontana portuguesa. O filme chama-se Mal Nascida, e esteve na 64ª Mostra de Cinema de Veneza, na secção "Orizzonti", em Setembro, embora só estreie por cá dentro de 2 ou 3 meses, segundo me disse hoje o realizador. Se for tão bom como Ganhar a Vida (uma Antígona) e Noite Escura (uma Ifigénia), as primeiras unidades desta assumida trilogia clássica, espera-nos mais uma obra incontornável no actual cinema português.

"Lúcia é uma mal nascida, uma mal amada, é a eterna viúva do seu pai. Um grito antes de ser um corpo, enlouquecida, maltratada e humilhada, sobrevive enlutada com a lembrança do crime e da traição da mãe, grita a sua dor inconsolável para não dar descanso nem paz aos assassinos do pai. Vive na esperança desesperada do regresso do irmão para cumprir a promessa de vingar o sangue do pai."

Sinopse retirada da página oficial.

segunda-feira, outubro 29, 2007

VII Congresso da APEC

O VII Congresso da Associação Portuguesa de Estudos Clássicos decorrerá em Évora de 10 a 12 de Abril de 2008, mas o pedido de inscrições de conferencistas termina em Dezembro.
Em 2008, o congresso tem como tema Espaços e Paisagens: Antiguidade Clássica e heranças contemporâneas, pelo que, como nos outros, não só pretende a divulgação de produção científica dos investigadores portugueses na área dos Estudos Clássicos, como também pretende uma perspectiva alargada sobre a herança clássica projectada para o mundo contemporâneo.

domingo, outubro 28, 2007

Grande Prémio de Tradução do P.E.N. Clube Português e da Associação Portuguesa de Tradutores

[Thomas More]

aqui se deu conta do prémio P.E.N. Clube (Ensaio), atribuído ao professor José Pedro Serra. Não podíamos esquecer, no entanto, o Grande Prémio de Tradução do P.E.N. Clube Português e da Associação Portuguesa de Tradutores relativo a 2006, atribuído ao professor Aires A. Nascimento, da FLUL, pela sua tradução da Utopia de Thomas More.

A atribuição deste prestigiado prémio a professores da FLUL não é inédita, e basta recordar que em 2003 ele foi para o professor Frederico Lourenço, pela sua tradução da Odisseia de Homero, e em 2000 para os professores Arnaldo do Espírito Santo, Cristina Pimentel e João Beato, pelas Confissões de Santo Agostinho. Venham mais, traduções e prémios!

Thíasos representa Agamémnon

Via De Rerum Natura vem a notícia de que o Thíasos, grupo de teatro do Instituto de Estudos Clássicos da Universidade de Coimbra, leva à cena o Agamémnon de Ésquilo, no dia 31 de Outubro, às 21h30, no Teatro da Cerca de São Bernardo (Pátio da Inquisição, Coimbra). A entrada é livre, por isso não há desculpas para faltar! O Thíasos continua a reviver o teatro clássico, fazendo-o com uma qualidade e profissionalismo raros em grupos amadores. A não perder.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Apuleio de fresco

A notícia chegou de improviso ao Colóquio A Sexualidade no Mundo Antigo. Acaba de sair a nova tradução do Burro de Ouro (ou Metamorfoses) de Apuleio, feita por Delfim Leão, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Aproveitando-se a presença do tradutor na sala, Cristina Pimentel, Professora Catedrática do Departamento de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, apresentou a obra, chamando a atenção para vários aspectos literários da mesma, alguns da maior relevância, como o facto de aquele ser um dos romances da Antiguidade, e por ser ali que se conta a belíssima história de Amor e Psique.
Mais uma edição dos Livros Cotovia.

terça-feira, outubro 23, 2007

Prémio P.E.N. Clube - Ensaio

O P.E.N. Clube decidiu atribuir ao professor José Pedro Serra, do Departamento de Estudos Clássicos da FLUL, o prémio de Ensaio relativo a 2006, pela sua obra Pensar o Trágico (Fundação Calouste Gulbenkian). Este prémio é uma enorme satisfação para todos nós que prezamos e cultivamos as coisas clássicas.

segunda-feira, outubro 15, 2007

As vitórias e conquistas do Império Romano

AS VITÓRIAS E CONQUISTAS DO EXÉRCITO ROMANO
ADRIAN GOLDSWORTHY


Apresentação inicial
Doutor Carlos Fabião

16 de Outubro de 2007 - 10H30 - Anfiteatro IV
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Organização:
Centro de História da Universidade de Lisboa

sábado, outubro 13, 2007

Symposion e philanthropia em Plutarco

Divulgo e-mail recebido de Delfim Leão, da Universidade de Coimbra:

«Prezados colegas e amigos classicistas,

Conforme informei já em mensagem anterior, a International Plutarch Society irá realizar o seu congresso trienal em Coimbra (Setembro de 2008). O tema geral escolhido para o congresso é "Symposion e philanthropia em Plutarco". Embora o prazo para apresentação de propostas de comunicação termine somente em finais de Outubro, já recebemos até ao momento várias dezenas de sugestões. Como seria de esperar num congresso da IPS, as propostas provêm sobretudo do estrangeiro, tanto da América como da Europa. No entanto, seria igualmente importante que os classicistas portugueses aproveitassem esta oportunidade para dar a conhecer a um público mais vasto as suas reflexões sobre estas matérias, contribuindo assim para a internacionalização da investigação desenvolvida em Portugal. Vinha, portanto e em nome da Comissão Organizadora, reiterar o convite para participarem no congresso, antes que o elevado número de propostas vindas do exterior obrigue eventualmente a Organização a recusar sugestões interessantes. No site oficial do congresso, há mais informação disponível (http://www.plutarchus.org).

Obrigado pela atenção e votos de bom fim-de-semana,

Delfim Leão»

sexta-feira, outubro 12, 2007

De Trinitate

[Santo Agostinho refutando os heréticos. Iluminura de manuscrito M92, da Morgan Library, Nova Iorque]

O De Trinitate de Santo Agostinho é um dos textos mais importantes do Cristianismo primitivo e, consequentemente, da construção daquilo que hoje se denomina a Civilização Ocidental. Por isso é de saudar a nova tradução desta obra ímpar, cujo lançamento decorreu dia 10 de Outubro de 2007, no Centro Pastoral Paulo VI (Fátima). A tradução é de Arnaldo do Espírito Santo (que também coordena), Cristina Pimentel, João Beato e Domingos Lucas Dias. O texto é introduzido e anotado por José Maria Silva Rosa, e está editado nas edições Paulinas.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Descoberto Tesouro Romano

Uma notícia do PÚBLICO:

Descoberto tesouro romano com milhares de moedas

Estação arqueológica no concelho da Meda escondia na parede da casa de um antigo ferreiro um tesouro em moedas de cobre e bronze

Um tesouro monetário romano do século IV, com 4526 moedas, foi encontrado no sítio arqueológico do Vale do Mouro, Coriscada, concelho de Mêda. Segundo o arqueólogo António Sá Coixão, as moedas de cobre e bronze estavam escondidas numa parede, "juntamente com objectos de ferro, provavelmente na casa que teria pertencido a um ferreiro".

O achado foi feito na quinta-feira passada, no último dia da campanha arqueológica que estava a decorrer desde Julho, adiantou o responsável pelas escavações. "Estava no local com dois homens, já a elaborar os desenhos finais, mas mandei fazer uma sondagem", contou António Sã Coixão.

"Os homens começaram a abrir uma vala e um deles chamou-me a atenção dizendo que estavam lá umas paredes e foi nessa ocasião que encontrámos as moedas escondidas", recordou o arqueólogo, acrescentando que o espólio estava "dentro de um saco de serapilheira, o que é uma coisa para o inédito". Segundo explicou, quem escondeu o "tesouro" executou "um alinhamento de pedras, colocou as moedas no interior de um saco de serapilheira, deitou uma camada de terra e, por cima, disfarçou com ferragens diversas (uma foice, uma picareta, argolas para lareira, duas chaves) e mais terra, para as pessoas pensarem que era uma tulha de ferreiro".

"O dono das moedas enterrou-as no local, mas depois terá morrido e já não as desenterrou, tendo elas permanecido escondidas até agora", supõe o arqueólogo.

António Sá Coixão mostra-se surpreendido com o achado, constituído por um número "invulgar" de moedas. Já tinha encontrado outro "tesouro" de menor grandeza, composto por 414 moedas, durante prospecções em Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa). Todavia, observou, que "os tesouros romanos são encontrados nos sítios mais esquisitos".

O espólio tem "um valor muito grande", tendo em conta a futura musealização do sítio arqueológico e a criação de um museu onde todo o material ali encontrado será mostrado. As 4526 moedas, aponta o arqueólogo, "têm que ser rapidamente inventariadas", para o que serão contactados especialistas que as irão estudar, limpar e inventariar, como aconteceu com o achado de Freixo de Numão.

"Não podem ficar fechadas num cofre, têm que ser preservadas", defendeu, esclarecendo que "as moedas de bronze conservam-se melhor, mas as de cobre estão muito deterioradas".

Na campanha arqueológica deste ano participaram meia centena de arqueólogos, técnicos e alunos de arqueologia de universidades do Porto, Polónia, Sérvia, Jugoslávia, Itália e Espanha.

Nas duas ultimas campanhas arqueológicas foram encontradas diversas áreas revestidas com mosaico policromado idêntico ao de Conímbriga, o que revela a importância do sítio romano do Vale do Mouro. No ano passado foi descoberta uma sala com seis metros quadrados e, este ano, um corredor em L e mais duas salas (uma delas aquecida) também revestidas com mosaicos policromados.

O mosaico está decorado com figurações humanas, geométricas e florais "com seis a sete cores", disse Sá Coixão. O achado datará da segunda metade do séc. III e primeira do séc. IV. Faz parte da área envolvente do complexo do balneário romano que começou a ser estudado em 2002. "Estamos perante uma vila de dimensões muito grandes.

Já escavámos muito, mas ainda estamos muito além daquilo que é o vicus [aldeia] ou vila romana."

terça-feira, outubro 09, 2007

A Sexualidade no Mundo Antigo


Chegou-me finalmente o programa do colóquio Sexualidade no Mundo Antigo, que pode ser consultado aqui.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Ancient Literary Criticism

There are two great works that one may use for a deep study of the ancient literary theory and criticism. From Cambridge University Press, we have a gigantic work on Literary Criticism that tracks its history, The Cambridge History of Literary Criticism, which first volume constitute a very useful and complete survey in the Classical Criticism. From Oxford University Press, a Oxford Readings in Classical Studies volume gives a general overlook in the Ancient Literary Criticism.
Both works serve the purposes of the intermediate student, and the bibliography makes sufficient knowledge to further study. Please compare these:

Oxford Readings in Classical Studies: Ancient Literary Criticism
Edited by Andrew Laird
491 pages
“The volume makes widely available some important scholarship on the canonical texts of ancient rhetoric and poetics. Whilst there are numerous studies of general trends in classical criticism, this collection offers direct discussions of primary sources, which provide a useful companion to the Russell and Winterbottom anthology, Ancient Literary Criticism. The volume contains a chronology, suggestions for further reading, a new translation of Bernays’ 1857 essay on katharsis, and an important introductory chapter addressing the tension in ancient literary criticism between its place in the classical tradition and its role in contemporary endeavours to reconstruct ancient culture.”
Contents
1. The Value of Ancient Literary Criticism, by Andrew Laird
2. Poetic Inspiration in Early Greece, by Penelope Murray
3. Homeric Professors in the Age of the Sophists, by N. J. Richardson
4. A Theory of Imitation in Plato’s Republic, by Elizabeth Belfiore
5. Plato and Aristotle on the Denial of Tragedy, by Stephen Halliwell
6. Ethos and Dianoia: ‘Character’ and ‘Thought’ in Aristotle’s Poetics, by A. M. Dale
7. Aristotle on the Effect of Tragedy, by Jacob Bernays
8. Literary Criticism in the Exegetical Scholia to the Iliad: a Sketch, by N. J. Richardson
9. Stoic Readings of Homer, by A. A. Long
10. Epicurean Poetics, by Elizabeth Asmis
11. Rhetoric and Criticism, by D. A. Russell
12. Theories of Evaluation in the Rhetorical Treatises of Dionysius of Halicarnassus, by D. M. Schenkeveld
13. Longinus: Structure and Unity, by Doreen C. Innes
14. The Structure of Plutarch’s How to Study Poetry, by D. M. Schenkveld
15. ‘Ars Poetica’, by D. A. Russell
16. Ovid on Reading: Reading Ovid. Reception in Ovid, Tristia 2, by Bruce Gibson
17. Reading and Response in Tacitus’ Dialogus, by T. J. Luce
18. The Virgil Commentary of Servius, by Don Fowler
19. Ancient Literary Genres: a Mirage?, by Thomas G. Rosenmeyer
20. Criticism Ancient and Modern, by Denis Feeney
The volume includes a section with “Suggestions for Further Reading”.

The Cambridge History of Literary Criticism: Volume 1, Classical Criticism
Edited by George A. Kennedy
396 pages.
“Surveying the beginnings of critical consciousness in Greece and proceeding to the writings of Aristophanes, Plato, Aristotle, and Hellenistic and Roman authors, this volume is not only for classicists but for those with no Greek or Latin who are interested in the origins of literary history, theory, and criticism.”
Contents
1. Early Greek views of poets and poetry, by Gregory Nagy;
2. Language and meaning in Archaic and Classical Greece, by George A. Kennedy;
3. Plato and poetry, by G. R. F. Ferrari;
4. Aristotle’s poetics, by Stephen Halliwell;
5. The evolution of a theory of artistic prose, by George A. Kennedy;
6. Hellenistic literary and philosophical scholarship, by George A. Kennedy and Doreen C. Innes; 7. The growth of literature and criticism at Rome, by Elaine Fantham;
8. Augustan critics, by Doreen C. Innes;
9. Latin criticism of the Early Empire, by Elaine Fantham;
10. Greek criticism of the Empire, by Donald A. Russell;
11. Christianity and criticism, by George A. Kennedy.

domingo, setembro 30, 2007

Galerias romanas da Rua da Prata

Notícia do Público Online:

«As galerias romanas da Rua da Prata em Lisboa, que podem ser visitadas apenas uma vez por ano, abrem ao público de 28 a 30 de Setembro, no âmbito das comemorações das Jornadas Europeias do Património. Nesses dias, o monumento pode ser visitado gratuitamente entre as 10h00 e as 18h00. O acesso às galerias, contemporâneas da cidade de Olisipo (nome romano de Lisboa), será feito em grupos orientados por técnicos do Museu da Cidade, permitindo conhecer uma rede de galerias perpendiculares de diferentes alturas, provavelmente utilizadas na época imperial romana para armazenamento e trabalhos técnicos.

Descobertas 16 anos depois do grande terramoto de 1755 no subsolo da Baixa de Lisboa, durante os trabalhos de reconstrução da cidade, as galerias romanas terão sido edificadas entre o século I a.C. e o século I d.C., tendo em conta as suas características arquitectónicas e construtivas.»

in Público Online

quinta-feira, setembro 27, 2007

As Luzes da Grécia

Integrado na exposição Tesouros do Museu Benaki, decorre na sede da Fundação Calouste Gulbenkia o ciclo de conferências As Luzes da Grécia. A coordenação é da professora Rocha Pereira, e os conferencistas são, além da própria, os professores José Ribeiro Fereira, José Pedro Serra e Rui Morais. O programa pode ser consultado aqui.

Grécia na Gulbenkian - Tesouros do Museu Benaki

Está patente na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian a exposição Os Gregos. Tesouros do Museu Benaki. A exposição foi inaugurada hoje, 27 de Setembro de 2007, e decorrerá até 8 de Janeiro de 2008.

"
A grande matriz da Cultura da Europa é grega, presença que terá hoje maior evidência material através da Filosofia, da Mitologia, do Teatro e da Arte, objectos da atenção e de estudos contemporâneos e de constante curiosidade dos povos a Ocidente e a Oriente ao longo de mais de dois milénios.

«Os Gregos», que nos é permitido conhecer melhor através desta exposição, são convocados por objectos que reflectem o seu pensamento e acção, num tempo que vem do Neolítico, representado por cerâmicas do 6.o milénio, e que se desenvolve até à reunião deste povo como País num Estado Helénico em 1830.

Trata-se de um conjunto altamente representativo da sua riquíssima história, cedido pelo Museu Benaki, de Atenas, através de uma criteriosa e muito generosa selecção de peças das suas colecções."


segunda-feira, setembro 24, 2007

What have the Romans ever done for us?



Francis: We get in through the underground heating system here... up through to the main audience chamber here... and Pilate's wife's bedroom is here. Having grabbed his wife, we inform Pilate that she is in our custody and forthwith issue our demands. Any questions?
Xerxes: What exactly are the demands?
Reg: We're giving Pilate two days to dismantle the entire apparatus of the Roman Imperialist State and if he doesn't agree immediately we execute her.
Matthias: Cut her head off?
Francis: Cut all her bits off, send 'em back every hour on the hour... show him we're not to be trifled with.
Reg: Also, we're demanding a ten foot mahogany statue of the Emperor Julius Caesar with his cock hanging out.
Stan: What? They'll never agree to that, Reg.
Reg: That's just a bargaining counter. And of course, we point out that they bear full responsibility when we chop her up, and... that we shall not submit to blackmail.
Omnes: (Applause) No blackmail!
Reg: They've bled us white, the bastards. They've taken everything we had, not just from us, from our fathers and from our fathers' fathers.
Stan: And from our fathers' fathers' fathers.
Reg: Yes.
Stan: And from our fathers' fathers' fathers' fathers.
Reg: All right, Stan. Don't labour the point. And what have they ever given us in return?
Xerxes: The aqueduct.
Reg: Oh yeah, yeah they gave us that. Yeah. That's true.
Masked Activist: And the sanitation!
Stan: Oh yes... sanitation, Reg, you remember what the city used to be like.
Reg: All right, I'll grant you that the aqueduct and the sanitation are two things that the Romans have done...
Matthias: And the roads...
Reg: (sharply) Well yes obviously the roads... the roads go without saying. But apart from the aqueduct, the sanitation and the roads...
Another Masked Activist: Irrigation...
Other Masked Voices: Medicine... Education... Health...
Reg: Yes... all right, fair enough...
Activist Near Front: And the wine...
Omnes: Oh yes! True!
Francis: Yeah. That's something we'd really miss if the Romans left, Reg.
Masked Activist at Back: Public baths!
Stan: And it's safe to walk in the streets at night now.
Francis: Yes, they certainly know how to keep order... (general nodding)... let's face it, they're the only ones who could in a place like this.
(more general murmurs of agreement)
Reg: All right... all right... but apart from better sanitation and medicine and education and irrigation and public health and roads and a freshwater system and baths and public order... what have the Romans ever done for us?
Xerxes: Brought peace!
Reg: (very angry, he's not having a good meeting at all) What!? Oh... (scornfully) Peace, yes... shut up!

Romani ite domi!



Centurion: What's this, then? "Romanes eunt domus"? People called Romanes, they go, the house?
Brian: It says, "Romans go home. "
Centurion: No it doesn't ! What's the latin for "Roman"? Come on, come on !
Brian: Er, "Romanus" !
Centurion: Vocative plural of "Romanus" is?
Brian: Er, er, "Romani" !
Centurion: [Writes "Romani" over Brian's graffiti] "Eunt"? What is "eunt"? Conjugate the verb, "to go" !
Brian: Er, "Ire". Er, "eo", "is", "it", "imus", "itis", "eunt".
Centurion: So, "eunt" is...?
Brian: Third person plural present indicative, "they go".
Centurion: But, "Romans, go home" is an order. So you must use...?
[He twists Brian's ear]
Brian: Aaagh ! The imperative !
Centurion: Which is...?
Brian: Aaaagh ! Er, er, "i" !
Centurion: How many Romans?
Brian: Aaaaagh ! Plural, plural, er, "ite" !
Centurion: [ Writes "ite"] "Domus"? Nominative? "Go home" is motion towards, isn't it?
Brian: Dative !
[the Centurion holds a sword to his throat]
Brian: Aaagh ! Not the dative, not the dative ! Er, er, accusative, "Domum" !
Centurion: But "Domus" takes the locative, which is...?
Brian: Er, "Domum" !
Centurion: [Writes "Domum"] Understand? Now, write it out a hundred times.
Brian: Yes sir. Thank you, sir. Hail Caesar, sir.
Centurion: Hail Caesar ! And if it's not done by sunrise, I'll cut your balls off.

terça-feira, setembro 18, 2007

750 alunos ingleses aprendem Latim aos 9 anos

A notícia é da BBC: há 20 escolas em Londres que começaram este ano lectivo a ensinar Latim aos seus alunos com o objectivo de estes melhorarem o seu inglês. Estão abrangidas quase 750 crianças de 9 e 10 anos. A língua será ensinada por meio de actividades, jogos e pequenas histórias, baseadas em mitos das Metamorfoses de Ovídio.
Os 15 professores são alunos do King’s College e da University College de Londres, envolvidos neste projecto de alargamento das actividades iniciadas em duas escolas no ano passado, coordenado pela Doutora Lorna Robinson.
Agora, tal como então, os testemunhos das crianças são comoventes: “I know lots of the Latin words because I speak Italian. We make up funny sentences with Latin and English words.”, diz o Joshua de 9 anos. O Fabio declara “I thought it was kind of really fun because I learnt a lot of stuff about Rome and Italy and the language Latin and how they connected different languages.”
Este projecto é financiado pela Universidade de Oxford, pelo Cambridge School’s Classics Project, Friends of Classics e através de doações privadas.

domingo, setembro 16, 2007

Steven Saylor, "Roma" (II)

Steven Saylor, "Roma" (II)

Roma, Steven Saylor's latest novel, is one of the most interesting experiments in historical fiction in the last years. Through more than 500 pages, the History of Roman monarchy and republic is drawn before our eyes, with its legendary, mythical and historical facts ingeniousely mixed. Roma is not one singule novel, but a set of short stories, covering 1000 years of Roman history, from 1000 b.C. until I b.C., tightly connected, but independent enough to be read seperatly. The link between all the short stories is a gold talisman, the Fascinus, presented in the novel as the first god worshiped in Rome - actually even before Rome was born as a permanent walled settlement. This gold charm passes as a heirloom from generation to generation, through two families more ancient than Rome itself - the Potitii and the Pinarii -, and it's through the eyes of its wearers that we see the birth of Rome, and the main events, actual or mythical, which turned a small settlement in the confluence of trader routes into the most powerful nation in the Ancient World.

Thus the story begins much earlier than the birth of the mythological twins, in the VIIIth century. Saylor's narrative begins about 1000 b.C., in the banks of the Tiber, where Lars and her daughter Lara initiate the cult of Fascinus, the flying phallus. Of course, it may not be a coincidence that Lara is the name of a Tiber nymph and mother of the Lares. Here begins Saylor's ingenious mixing of myth, legend and history, best seen in Chapter II, presenting as the legend of Cacus and Hercules, and that's also when we see for the first time the Potitii, descendents from Lara and the Fascinus wearers, and the Pinarii - and the legendary origin of the herculean cult in Rome, as told by Vergil in Aen. VIII, 262-279. Always skillfully, through the rest of the book we witness the legendary birth of the Roman Republic, in 753 b.C. (chapter III), the Republic, Coriolanus's sedition and Lucretia suicide (chapter IV), Verginia's rape and the XII tables (chapter V), the capitoline geese and the Gauls (chapter VI), Appius Claudius Caecus and the building of the Appian Way (chapter VII), Scipio Africanus and Plautus (chapter VIII), the Gracchi (chapter IX), Sulla's horror and young Caesar (chapter X), and finally the rise of Octavianus (chapter XI).

We could be lead to think such a large chronological span would become a fragmentary narrative. It is not. Roma is rather a coherent and fascinating narrative fabric. And, as usual, Saylor's erudition is irreprochable - but, what's most, it nevers get boring, it never sounds as a History lecture, as it happens with so many historical fiction writers. Saylor's narrative is vivide and dynamical, we often think he actually was there, witnissing all and telling us what he really saw (please Steven, take me with you next time you travell to ancient Rome). And that's not something easy to do: the trick in historical fiction is to make us believe the author was there, and make us think "I know this is not real, I know I'm being dupped, but I like it and I don't care, as this could and may have happened just like he says".

But to forget willfully this was writen not by a roman but by a XXIst century man, that's only one of Roma's many qualities. Roma is an excellent novel, skillfully writen, a finest historical fiction, proving once again (if necessary) Steven Saylor is one of the best storytellers in modern fiction.

About the didactical qualities of this novel, that's something to talk about in another post. Coming soon.

“O saber ocupa lugar”

Reproduzo o artigo de opinião de Maria Filomena Mónica, publicado no jornal Meia Hora, na última sexta-feira, 14 de Setembro.

“Deixemos de lado as reformas organizativas anunciadas pela ministra da Educação e a abertura tipo choque tecnológico do ano escolar e concentremo-nos no aspecto mais importante do ensino, isto é, na sua qualidade. Atente-se nestes três factos: o anúncio de que a disciplina de Filosofia deixará de ser necessária para aceder ao Ensino Superior, a estranha mistura entre Literatura e Ciências Sociais e a provável extinção, para acesso a certos cursos, do Latim e do Grego. Sou licenciada em Filosofia, para o que, no final do Secundário, tive de me submeter a exames nestas duas línguas mortas. Por razões que não vêm ao caso, não fui boa aluna, mas sinto a falta de conhecimento destas matérias. Há mais de cem anos, no romance Hard Times, Charles Dickens fazia troça de Mr. Gradgrind, para quem no mundo só havia “factos, factos, factos”.
Apesar de baseada numa concepção mutiladora do homem, era, e é, uma ideia popular. Mas a escola não pode ficar reduzida à formação de autómatos capazes de meter um chip num telemóvel. Se desejo que os estudantes aprendam Filosofia, que saibam apreciar um romance e que alguns até dominem o Latim e o Grego é por pensar que aquilo que, a partir de agora, só estará acessível a uma elite o deveria estar a todos. É verdade que, ao longo dos anos, a vida material dos portugueses melhorou, mas terá acontecido o mesmo, e na mesma extensão, à vida intelectual? A resposta é negativa.
A responsabilidade reside nos 26 ministros da Educação que, desde 1974, ocuparam a pasta. Todos, de esquerda e de direita, confundiram elitismo intelectual e exclusivismo social, o que os levou a recusar que a igualdade de oportunidades pudesse ser obtida sem que o nível de exigência do ensino baixasse. Se as disciplinas humanísticas forem extirpadas dos curricula, os nossos filhos e netos terão uma vida mais esquálida do que a nossa, porque lhe teremos dado a ilusão de que eles “sabem”, sem lhes termos oferecido os instrumentos necessários à compreensão do Mundo. É para isso que serve a Filosofia.”


Retenhamos dois aspectos fundamentais: 1.º, não é uma pessoa ligada aos estudos clássicos que diz que eles fazem falta; 2.º, não se trata de uma ex-aluna brilhante de Latim e Grego que diz que estas línguas devem ser estudadas. A necessidade de disponibilizar estas disciplinas no currículo do ensino secundário deve ser uma preocupação de uma sociedade culturalmente informada.

terça-feira, setembro 11, 2007

Jorge Luis Borges - "La Trama"



«La Trama

Para que su horror sea perfecto, César, acosado al pie de una estatua por los impacientes puñales de sus amigos, descubre entre las caras y los aceros la de Marco Junio Bruto, su protegido, acaso su hijo, y ya no se defiende y exclama. "Tú también, hijo mío!" Shakespeare y Quevedo recogen el patético grito.

Al destino le agradan las repeticiones, las variantes, las simetrías; diecinueve siglos después, en el sur de la provincia de Buenos Aires, un gaucho es agredido por otros gauchos y, al caer, reconoce a un ahijado suyo y le dice con mansa reconvención y lenta sorpresa (estas palabras hay que oírlas, no leerlas): "Pero, che!". Lo matan y no sabe que muere para que se repita una escena.»

Jorge Luis Borges, La Trama. Biblioteca Borges, Alianza Editorial, Madrid, 2005

Jorge Luis Borges - "El hacedor"

«El Hacedor

Nunca se había demorado en los goces de la memoria. Las impresiones resbalaban sobre él, momentáneas y vívidas; el bermellón de un alfarero, la bóveda cargada de estrellas que también eran dioses, la luna de la que había caído un león, la lisura del mármol bajo las lentas yemas sensibles, el sabor de la carne de jabalí, que le gustaba desgarrar con dentelladas blancas y bruscas, una palabra fenicia, la sombra negra que una lanza proyecta en la arena amarilla, la cercanía del mar o de las mujeres, el pesado vino cuya aspereza mitigaba la miel, podían abarcar por entero al ámbito de su alma. Conocía el terror pero también la cólera y el coraje, y una vez fue el primero en escalar un muro enemigo. Ávido, curioso, casual, sin otra ley que la fruición y la indiferencia inmediata, anduvo por la variada tierra y miró en una u otra margen del mar, las ciudades de los hombres y sus palacios. En los mercados populosos o al pie de una montaña de cumbre incierta, en la que bien podía haber sátiros, había escuchado complicadas historias, que recibió como recibía la realidad, sin indagar si eran verdaderas o falsas.

Gradualmente, el hermoso universo fue abandonándolo; una terca neblina le borró las líneas de la mano, la noche se despobló de estrellas, la tierra era insegura bajo sus pies. Todo se alejaba y se confundía. Cuando supo que estaba quedando ciego, gritó; el pudor estoico no había sido aún inventado y Héctor podía huir sin desmedro. Ya no veré (sintió) ni el cielo lleno de pavor mitológico, ni esta cara que los años transformarán. Días y noches pasaron sobre esa desesperación de su carne, pero una mañana se despertó, miró (ya sin asombro) las borrosas cosas que lo rodeaban e inexplicablemente sintió, como quién reconoce una música o una voz, que ya le había ocurrido todo eso y que lo había encarado con temor, pero también con júbilo, esperanza y curiosidad. Entonces descendió a su memoria, que le pareció interminable, y logró sacar de aquel vértigo el recuerdo perdido que relució como una moneda bajo la lluvia, acaso porque nunca lo había mirado, salvo, quizá, en un sueño.

El recuerdo era así. Lo había injuriado otro muchacho y él había acudido a su padre y le había contado la historia. Éste lo dejó hablar como si no escuchara o no comprendiera y descolgó de la pared un puñal de bronce, bello y cargado de poder, que el chico había codiciado furtivamente. Ahora lo tenía en las manos y la sorpresa de la posesión anuló la injuria padecida, pero la voz del padre estaba diciendo: Que alguien sepa que eres un hombre, y había una orden en la voz. La noche cegaba los caminos; abrazado al puñal, en el que presentía una fuerza mágica, descendió la brusca ladera que rodeaba la casa y corrió a la orilla del mar, soñándose Ayax y Perseo y poblando heridas y de batallas la oscuridad salobre. El sabor preciso de aquel momento era lo que ahora buscaba; no le importaba lo demás: las afrentas del desafío, el torpe combate, el regreso con la hoja sangrienta.

Otro recuerdo, en el que también había una noche y una inminencia de aventura, brotó de aquel. Una mujer, la primera que le depararon los dioses, lo había esperado en la sombra de un hipogeo, y él la buscó por galerías que eran como redes de piedras y por declives que se hundían en la sombra. ¿Por qué le llegaban esas memorias y por qué le llegaban sin amargura, como una mera prefiguración del presente?

Con grave asombro comprendió. En esta noche de sus ojos mortales, a la hora que descendía, lo aguardaban también el amor y el riesgo. Ares y Afrodita, porque ya adivinaba (porque ya lo cercaba) un rumor de gloria y de hexámetros, un rumor de hombres que defienden un templo que los dioses no salvarán y de bajeles negros que buscan por el mar una isla querida, el rumor de las Odiseas e Ilíadas que era su destino cantar y dejar resonando cóncavamente en la memoria humana. Sabemos estas cosas, pero no las que sintió al descender a la última sombra.»

Jorge Luis Borges, El hacedor. Biblioteca Borges, Alianza Editorial, Madrid, 2005

sexta-feira, setembro 07, 2007

Estudar os Clássicos (4): Pocket Oxford Latin Dictionary

A publicação do monumental Oxford Latin Dictionary, concluída em 1982, deixava ainda a necessidade de haver, baseado nele, uma versão reduzida, mais portátil e a preço mais acessível. Esta necessidade tinha ficado, desde 1969, bem delineada por R. H. Barrow, em recensão ao OLD (Greece and Rome XV).
É evidente que a versão de bolso não haveria de ter todas as informações que o OLD contempla, mas haveria de responder a necessidades básicas dos alunos para a interpretação e tradução de textos mais conhecidos. E James Morwood editou o Pocket Oxford Latin Dictionary, obra cuja versão encadernada toma o nome de Oxford Latin Desk Dictionary. Podemos ver aqui uma amostra para conferirmos a excelente mancha gráfica actual.
O dicionário original foi revisto em 2005. A edição “Desk Dictionary” tem 208 páginas de Latim–Inglês (os verbetes são traduções e não as explicações e notações filológicas que há no OLD; os exemplos são muito escassos) e, tal como a versão original, uma secção considerável de vocabulário de Inglês–Latim. É pequeno e leve, o que o torna extremamente portátil.
Outras secções serão bastante úteis para o utilizador: pronúncia do latim clássico, epítome gramatical, data e tempo romano, pesos e medidas, dinheiro, metros comuns, nomes históricos e mitológicos, nomes geográficos, escritores latinos, datas-chave na história de Roma, latim tardio e medieval e ainda mapas.
O leque cronológico de autores que podem ser traduzidos com este dicionário vai até ao século II d.C. Os significados são incisivos e precisos e algumas informações gramaticais revelam-se úteis.
Tal como o OLD, não tem entradas com remissões do tipo “legis ver lex”, mas essa ajuda pode ser recolhida no epítome gramatical.
Este é mais um instrumento de trabalho de grande qualidade, ao serviço dos classicistas anglófonos.


Estudar os Clássicos 1;
Estudar os Clássicos 2;
Estudar os Clássicos 3.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Estudar os Clássicos (3): Oxford Latin Dictionary



Quando em 1982 saiu o último fascículo do magnífico1 Oxford Latin Dictionary (OLD), estava completo o trabalho iniciado em 1933 — a criação de um dicionário independente dos demais, feito a partir das fontes escritas (o que significou muitas vezes a reinterpretação dos textos, analisados a partir das mais recentes e fiéis edições críticas) e de inscrições originais. Trata-se de uma obra limpa dos “vícios” da filologia clássica oitocentista (sobre este critério, leia-se este texto).
O primeiro fascículo do dicionário saiu apenas em 1968, e os restantes foram saindo a ritmo mais ou menos regular, até estar totalmente pronto. O OLD conheceu vários editores, desde A. Souter (o primeiro), tendo o último sido Peter G. W. Glare. Teve sucessivas reimpressões e em 1996 saiu uma versão com corrigenda. A última reimpressão (a que se encontra actualmente no mercado) é de 2006 e corresponde aos mais elevados padrões de qualidade e clareza gráficas (aliás, o seu aspecto é baseado no monumental Oxford English Dictionary).
O dicionário haveria de se tornar a referência mais fiel, completa e rigorosa para a língua latina, com 2160 páginas e 40.000 entradas organizadas segundo um critério de evolução semântica.
É uma obra inultrapassável que não é só um dicionário de Latim–Inglês. É um dicionário de latim com a explicação — o que como se sabe é diferente de simples tradução — dos verbetes em inglês. E é esta característica que lhe confere mais profundidade de análise e utilidade na tradução e compreensão dos textos latinos.
Uma inovação da lexicografia foi a introdução de entradas com prefixos e sufixos latinos e uma “correcção” importante em termos científicos foi a não inclusão de j e v na grafia latina. Outro aspecto fundamental é a informação etimológica, pormenorizada, prestada de modo bem claro e sério.
O âmbito cronológico dos textos de que se serviu o dicionário é muito alargado: das origens do latim, até 200 d.C.: não inclui autores cristãos2, por isso, é uma obra para classicistas e não para medievalistas.
Outra nota importante: das suas 40.000 entradas, não fazem parte as “amigas do estudante”, como a que encontramos, por exemplo, no dicionário de Gaffiot3 (“luxi, parf. de lugeo et de luceo”). Isto porque o OLD não é um dicionário para principiantes, pelo contrário: os exemplos, muitíssimo abundantes (outra vantagem!) não estão traduzidos, além de que o preço é muito elevado.

Prepara-se, actualmente, mas sem data prevista de saída, a versão electrónica do OLD.

1“magnífico” segundo a origem etimológica (‘nobre, eminente, sumptuoso, magnificente’).
2Os estudiosos dessa época encontrarão no Dictionnaire latin-français des auteurs chrétiens, de Albert Blaise uma ferramenta para o seu trabalho. Teria sido, talvez, incomportável alargar tanto as datas — o dicionário ficaria imensamente grande.
3A última versão deste dicionário tem 70.000 entradas, mas muitas são, precisamente, remissões.

Estudar os Clássicos 1;
Estudar os Clássicos 2.

quarta-feira, agosto 29, 2007

A Sexualidade no Mundo Antigo


Decorre entre 24 e 26 de Outubro de 2007 o Colóquio A Sexualidade no Mundo Antigo. As sessões decorrerão no Anfiteatro III. O programa pode ser consultado aqui. A temática é apelativa, e a presença de, entre muitos outros, Frederico Lourenço e Cristina Pimentel garante qualidade e certamente intervenções descomplexadas.

Publicações em linha

O Instituto Português de Arqueologia disponibiliza gratuitamente, em formato PDF, muitas das suas publicações, entre as quais, naturalmente, muitas referentes ao Portugal Romano. Ligação aqui.

sexta-feira, agosto 24, 2007

Navio romano do século I a.C. descoberto em Cartagena


Notícia no Público em linha.

«Navio romano do século I a.C. descoberto em Cartagena
24.08.2007 - 17h46 Marta Ferreira dos Reis

No âmbito da iniciativa espanhola para a valorização do património cultural subaquático, o objectivo era encontrar alguns vestigios arqueológicos e aumentar o volume de documentação sobre a geofísica da baía de Cartagena. No fundo do mar, entre algumas âncoras romanas e dois barcos dos séculos XIX e XX, estava um navio romano do século I a.C. em bom estado de conservação.

"Um barco não é uma descoberta pouco frequente, mas é muito importante. Estes barcos preservam muitas vezes as cargas que são muito interessantes em termos arqueológicos", disse Carlos Batata, especialista em arqueologia romana. "Estes navios faziam a ligação comercial entre Roma e a Península Ibérica e permitem conhecer melhor o comércio da altura", disse.

A iniciativa partiu Museu Nacional de Arqueologia Marítima e do Centro de Investigacões Arqueológicas Submarinas e teve o apoio técnico e logístico da Aurora Trust, uma organização norte-americana sem fins lucrativos que ajuda países, instituições e empresas privadas a explorar o oceano e todos os recursos culturais, biológicos e físicos submersos.

O PUBLICO.PT perguntou a Carlos Batata o que se faz com um barco afundado há mais de dois mil anos: "É feita uma escavação como se se estivesse em terra. Faz-se a quadriculagem do espaço e recolhem-se os objectos, identificando as posições. Tiram-se fotografias e desenha-se o barco. Depois pode ser removido e há meios de conservação cá fora, mas a partir daí a deterioração é rápida".

"Em Portugal, os únicos vestígios subaquáticos encontrados foram algumas âncoras nas Berlengas", disse o especialista. "Suspeita-se que haja barcos destes afundados no Tejo porque os pescadores costumam encontrar alguns objectos na zona de Vila Franca de Xira. Ainda não se investigou a fundo, há falta de meios. Estamos a perder coisas únicas que vão sendo destruídas pelas actividades marítimas".»

Notícia no Público em linha.

terça-feira, agosto 14, 2007

Catulo 15


XV

A mim e ao meu amor te encomendo,
Aurélio. Uma graça modesta te peço:
se algo com teu ânimo desejaste,
que quisesses casto e não tocado,
castamente me guardarás o miúdo,
não digo da populaça - nada receio
desses, que pela rua ora aqui ora ali
passam ocupados nos seus assuntos;
a verdade é que tenho medo de ti e da tua pila
infestada por miúdos bons e maus.
Põe-na a andar tu para onde quiseres, como quiseres,
quanto quiseres, fora de casa, onde calhar:
apenas a ele ponho a salvo, razoavelmente, como me parece.
Porque se a tua paixoneta e uma loucura insensata
te fizerem cair, canalha, em tão grande crime
que nos faças perder, com as tuas insídias, a cabeça,
ah!, então pobre de ti, homem de má fortuna,
que de pés atados a porta aberta
te passarão rabanetes e tainhas!

commendo tibi me ac meos amores
Aureli. ueniam peto pudentem
ut si quicquam animo tuo cupisti
quod castum expeteres et integellum
conserues puerum mihi pudice
non dico a populo nihil ueremur
istos qui in platea modo huc modo illuc
in re praetereunt sua occupati
uerum a te metuo tuoque pene
infesto pueris bonis malisque
quem tu qua lubet ut lubet moueto
quantum uis ubi erit foris paratum
hunc unum excipio ut puto pudenter
quod si te mala mens furorque uecors
in tantam impulerit sceleste culpam
ut nostrum insidiis caput lacessas
a tum te miserum malique fati
quem attractis pedibus patente porta
percurrent raphanique mugilesque

domingo, agosto 05, 2007

quarta-feira, agosto 01, 2007

Mundo clássico hoje - Farmácia Sanitas

Fica ali no Largo do Camões, em Lisboa, e chama-se "Sanitas". O nome é equívoco, e o cliente mais distraído poderá pensar que não terá sido o mais bem escolhido. "Ora essa", pensará, "então agora chamar 'Sanitas' a uma farmácia? Qualquer dia aparece-nos um supermercado 'Bidés'!". Mas o cliente que sabe Latim também sabe que o nome da farmácia nada tem de menos próprio: trata-se do substantivo sanitas ['sa-ni-tas], com o acento tónico na primeira sílaba, de onde vem o português sanidade, e da mesma família de, entre muitas outras, sanatório, sanar, sanear, sanitário, são e sim, sanita. O substantivo latino significa "saúde". Portanto, diga-se "farmácia Sánitas", e não "farmácia Sanitas", pois foi a pensar na primeira hipótese, não na segunda, que o nome foi escolhido. Espero eu.

Festival de Teatro Clássico de Mérida

Já está a decorrer a LIII edição do Festival de Teatro Clássico de Mérida. O programa é aliciante, e inclui desde as interpretações mais ortodoxas a propostas mais inovadoras, como o divertido O Grande Criador, da Companhia do Chapitô.

Mais informações aqui.

http://www.festivaldemerida.es/

terça-feira, julho 31, 2007

Steven Saylor, "Roma"


Steven Saylor é um dos mais interessantes cultores do romance histórico na actualidade, concretamente na ficção de temática romana. Tornou-se conhecido graças à série Roma sub Rosa, onde se acompanha o estertor da República através das aventuras de Gordiano, uma espécie de detective privado avant la lettre. Com efeito, é difícil de distinguir a linha que separa o romance histórico da narrativa de mistério, nesta Roma sub Rosa. Gordiano é a personagem principal numa narrativa feita na primeira pessoa. Movimenta-se entre os notáveis do seu tempo: trabalha para Cícero contra Sula, bebe copos com Catulo, deixa-se seduzir por Clódia, priva com César e Cleópatra, é anfitrião de Catilina, incompatibiliza-se com Crasso... E em momento nenhum parece a forçada a narrativa de Saylor. As personagens têm alma, não se limitam a ser manequins numa reconstituição histórica. Aliás este é um dos pontos fortes de Saylor: os seus mistérios são verdadeiras aulas de História Antiga, sem que em momento algum sintamos que nos está a ser dada uma aula. Os dados históricos e culturais fluem naturalmente, num registo "toda a gente sabe isto, mas vamos lá recordar para os mais distraídos" que não viola nunca a hábil verosimilhança narrativa de Saylor.

Vem isto a propósito do novo romance de Steven Saylor, Roma, editado há poucos meses, e ainda não traduzido em Português (mas vai ser, garantiram-me o autor e a tradutora, a doutora Maria José Figueiredo, do Departamento de Filosofia da FLUL). Ainda não o terminei, vou em cerca de metade. Não me está a desiludir. Pelo contrário. Roma é Saylor no seu melhor. O romance percorre a história de Roma, desde o período anterior à fundação até à morte de César. Saylor recorre a um hábil estratagema que lhe permite contar uma história que dura mil anos, mantendo sempre um fio condutor coerente. A obra está dividida em vários capítulos, histórias aparentemente independentes. O ponto de união é a história de duas famílias patrícias, os Potitii e os Pinarii, e de um talismã que vai passando de geração em geração. Mas isto é apenas o pretexto para um objectivo bastante mais ambicioso: contar alguns dos principais momentos da história de Roma. Sem que, de novo, em momento algum pareça que está a fazer aquilo que de facto está a fazer: dar-nos uma aula magistral sobre a história de Roma, tanto a histórica como a lendária. É assim que no primeiro capítulo, "A stop on the salt route (1000 BC)", se dá conta, por entre uma história de amor, ciúme e morte, da importância estratégica, do ponto de vista comercial, do território que viria mais tarde a ser Roma. No segundo capítulo, "A Demigod passes through (850 BC)", é-nos apresentada uma versão da lenda de Hércules e Caco, e do início do culto de Hércules no território da futura Roma. O terceiro capítulo, "The twins (757-716 BC)", apresenta-nos Rómulo e Remo. Assistimos à ascensão e queda de Rómulo, não de uma perspectiva lendária, mas humana e verosímil quanto baste. O quarto capítulo, "Coriolanus (510-491 BC)", narra, como o título indica, a lenda de Coriolano, bem como a queda da Monarquia e a vitória da República, sem esquecer, como é evidente, o suicídio de Lucrécia. O quinto capítulo, "The twelve tables (450-449 BC)", situa-se durante o governo dos Decênviros, e não esquece a morte de Virgínia às mãos do próprio pai, elemento à volta do qual, de resto, se constrói a narrativa. E mais não digo, pois ainda agora estou a iniciar o sexto capítulo, "The vestal (393-373 BC)".

Além da sua função de entretenimento e fruição estética, Roma tem evidentes potencialidades didácticas. Estes capítulos podem ser utilizados de forma autónoma, no ensino secundário, como motivação para o estudo das temáticas históricas e culturais neles presentes. Porque, insisto, Saylor é dono de uma erudição assinalável, apresentando a História de Roma com um rigor irrepreensível. Mas sem nunca deixar de o temperar com o seu extraordinário talento de contador de histórias. Um dos mais interessantes no campo do romance histórico.

http://www.stevensaylor.com/