terça-feira, dezembro 23, 2008

Descoberto maior conjunto de moedas de ouro do período Bizantino

"Arqueólogos britânicos descobriram 264 moedas de ouro com 1300 anos, nas antigas muralhas de Jerusalém, debaixo de um parque de estacionamento, revelaram hoje as Autoridades Israelitas", diz a Reuters, citada pelo Público.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

O Império Bizantino

Diz-se que o Império Bizantino foi constituído quando a cidade de Constantinopla, a Nova Roma, foi fundada em 324 d. C., e que terá terminado quando a mesma foi tomada pelos turcos otomanos em 1453.
O império Bizantino tem portanto uma duração de treze séculos e divide-se em pelo menos três grandes períodos: Inicial, Médio e Tardio.
O Período Inicial prolongou-se até ao século VII, ou seja, até à ascensão do Islão e à instalação definitiva dos árabes, ao longo da costa sul e este do Mediterrâneo, durante o reinado de Heraclio, o Grande. De acordo com Miguel Pselo (escritor bizantino), Heraclio encontra-se pela primeira com Mohammed, chefe tribal dos sarracenos, no regresso da sua bem sucedida expedição contra os persas. Mohammed viera de Yathrib e pede-lhe autorização para fundar uma colónia, ao que Heraclio acede, mais tarde o Mohammed organizará um primeiro exército, fará uma primeira incursão à Síria e depois começará a devastar território romano.
O Período Médio dura até à ocupação da Ásia Menor pelos turcos, nos anos de 1070 ou, menos provavelmente, até à tomada de Constantinopla pelos cruzados, em 1204.
O Período Tardio é o tempo que medeia a partir de um destes términos até 1453.
Na realidade e como é evidente, como afirma Cyril Mango, “o império Bizantino nunca existiu. Existiu sim um Estado Romano que tinha por centro Constantinopla. Os seus habitantes apelidavam-se Romaioi, ou simplesmente cristãos”. Um homem era referido como byzantios apenas se fosse oriundo de Constantinopla. Os europeus ocidentais, os bizantinos eram conhecidos como Graeci, uma vez que romanos assumia uma conotação completamente diferente.
O termo Byzantinus para referir o Império e os seus habitantes só começa a ser utilizado no Renascimento.
O Período Inicial é, de longe, o mais importante, uma vez que é aquele que pertence à Antiguidade e que geograficamente engloba bacia mediterrânica. O Império Romano ainda se estendia de Gibraltar ao Eufrates, enfrentando o seu inimigo de sempre, a Pérsia sassânida.
Também a nível cultural o período inicial se destaca dos restantes. É nesta época que o cristianismo é integrado na tradição greco-romana, que se define o dogma cristão, estabelecendo as estruturas da vida cristã e que se procedeu à criação de uma literatura e arte cristãs.
É difícil avaliar a ruptura ocorrida no séc. VII, a começar pela invasão persa no início do século e a culminar na expansão árabe, cerca de trinta anos mais tarde. Uma série de infortúnios veio privar o império das suas províncias mais prósperas – a Síria, o Egipto, a Palestina e, mais tarde, o Norte de África.
Este colapso marca o fim da civilização urbana da Antiguidade. A catástrofe que foi o séc. VII tornou-se o acontecimento central da história bizantina.
Da mesma forma que para a Europa Ocidental a imagem da Roma Imperial domina toda a sua Idade Média, também a sombra do império cristão de Constantino, Teodósio e Justiniano permanece para o Império Bizantino como paradigma a atingir mas que, pressentia-se, seria sempre inalcançável.
Embora o mundo do Islão tivesse recebido a herança de Roma e também da Pérsia e, reunindo um vasto mercado comum que se estendia desde Espanha até aos confins da Índia, tivesse produzido uma civilização urbana dotada de uma vitalidade extraordinária, ainda assim, o Império Bizantino, apesar de excluído das maiores rotas de comércio internacional, e constantemente hostilizado pelos seus inimigos, foi capaz de mostrar uma grande dinâmica e ir recuperando alguns territórios perdidos.
A influência bizantina, pautada por alguma actividade missionária, irradiou até à Morávia e ao Báltico. Esta é a resenha do período médio bizantino.
A partir de 1180 (Período Tardio), o Império Bizantino começou a desmoronar-se a todos os níveis.
O contexto geográfico do império sofreu sempre constantes mutações. Importa sublinhar com veemência que nunca existiu tal coisa como uma “nação bizantina”.
À primeira vista, o conjunto de material escrito que nos foi legado por Bizâncio parece considerável mas a primeira coisa com que nos deparamos é a ausência de registos documentais e arquivísticos.
Possuímos, igualmente, uma quantidade pequena de papiro referente a Ravena, que era uma parte do Império mais marginal. Quanto ao restante resume-se a alguns arquivos monásticos pertencentes, na sua maioria, ao monte Atos e ao sul de Itália, e outros dois ou três à Ásia Menor. Isto significa que não é possível construir uma história significativa da economia do Império.
O material que temos à nossa disposição poderá ser considerado, na sua maioria, literário, na medida em que foi preservado em livros manuscritos. Apenas o material da Grécia perfaz cerca de cinquenta mil manuscritos que ainda permanecem em várias bibliotecas, remontando cerca de metade desse número à época medieval. Estes textos apresentam, estranhamente, uma qualidade opaca e, quanto mais elegante o seu registo, mais opacos se tornam. E se considerarmos o enorme volume de literatura bizantina no seu todo, chegaremos à conclusão que a realidade está distorcida.

Bibliografia: Mango, Cyril, Bizâncio, O Império da Nova Roma, Edições 70, Lisboa, 2008.
Kazhdan et alii (eds.), The Oxford Dictionary of Byzantium, Vol. I, Oxford University Press, New York, 1991.

domingo, dezembro 07, 2008

Reino Unido preocupado com o ensino do Latim

Nos últimos anos, o número de professores de Latim tem vindo a diminuir drasticamente no Reino Unido, a ponto de a Casa dos Lordes do Parlamento ter demonstrado preocupações a esse respeito, pois começa a ser cada vez mais claro que não vai haver professores suficientes para assegurar o ensino desta língua dentro de pouco tempo. Lord Faulkner demonstrou ainda preocupações acerca da alta percentagem de escolas que não ensinam Latim, apesar de este número ter vindo a aumentar. Já para o ano vai haver um estudo sobre a introdução do Latim nos currículos de línguas. É a notícia da BBC que a seguir se lê:

A decline in the number of Latin teachers poses a serious threat to the teaching of the language in schools, peers have been told.

Lord Faulkner of Worcester said he was concerned the number of Latin teachers leaving the profession each year was far outnumbering those being trained.

He urged the government to give Latin the same priority in the curriculum as modern languages to reverse this trend.

Ministers said modern languages were their priority at primary school level.

Important subject

For every 35-40 new Latin teachers entering the profession every year, more than 60 were either retiring or opting to do something else, Labour peer Lord Faulkner said in the House of Lords.

He also expressed dismay about the 85% of state schools he said did not currently teach Latin at all.

"Isn't it time that Latin was reclassified as an official curriculum language and given the same encouragement as other languages?" he told peers.

Where individual schools could not offer Latin, ministers should urge local education authorities to include the subject somewhere on their curriculum.

For the government, Baroness Morgan of Drefelin said Latin was an "important subject" and a valuable tool in helping people learn a broad range of other languages.

She said it was "worrying" if a growing number of teachers were exiting the profession, for whatever reason, every year.

The number of non-selective state schools offering Latin had doubled since 2000, she said, while there would be a consultation on Latin's inclusion in the languages diploma next year

But she stressed: "It is for schools to decide whether it should be included in the curriculum."

Figures published earlier this year showed the number of non-selective state secondary schools in England teaching Latin rose from 200 in 2000 to 471 last year.

But education specialists have expressed concerns that the rise in pupils learning the language is limited to Key Stage 3 pupils aged 12-14 and is not mirrored at GCSE and A-level.

There are also concerns about a continuing shortage in the number of postgraduate teaching colleges offering Latin courses.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Capadócia

Cento e quarenta mil guerreiros de Mitrídates do Ponto
- cavalaria, archeiros, lanças, espadas, elmos, escudos -
entram num território estrangeiro que se chama Capadócia.
O exército estende-se por muitos quilómetros. Os cavaleiros lançam
olhares lúgubres, agoirentos, em redor. Envergonhado da sua nudez,
o espaço sente que, a cada passo dos homens, o longe
se transforma no perto. Especialmente as montanhas, cujos
cumes - igualmente cansados de auroras
vermelhas, crepúsculos roxos, nuvens grossas -
ganham mais agudeza, senão nitidez, com
os olhares penetrantes dos estrangeiros. Visto de longe,
o exército parece um rio que serpenteia entre os penedos,
cujas nascente faz o que pode para não ficar muito atrás da foz,
que, por seu turno, olha de vez em quando para trás, para a nascente.
E o terreno, à medida que o exército avança para oriente,
reflectido no espelho das águas daquele rio de homens, de coisa estranha

transforma-se, por um momento, num impassível, sublime pano de fundo
da história. Trepida o solo com o estrépito de sapatas ferradas, ressoam pragas
armaduras chocalham, os estribos batem contra as espadas,
há gritaria, as lanças são floresta. De repente, o batedor puxa as rédeas
ao cavalo e estaca, pregado ao solo: realidade ou alucinação?
Ao longe, ocupando todo o campo, dum lado ao outro do planalto,
estão as legiões de Sula. Sula, esquecendo Mário,
trouxe aqui as legiões para tirar a limpo a quem,
apesar do selo da lua invernal,
pertence a Capadócia. Tendo feito alto, o exército,
toma posição para a batalha. O pedregoso planalto
parece pela última vez um lugar onde nunca ninguém morreu.
Fogueiras, gargalhadas. Cantam "A raposa caíu na armadilha".
O rei Mitrídates, reclinado numa laje lisa, tem em sonhos
uma visão irresistível: um corpo nu, seios, os húmidos caracóis da nuca.

(....)

Iosif Brodskii

Ilíada para jovens

O tradutor da Ilíada, da Odisseia, entre outros, autor dos recém-editados Novos Ensaios Helénicos e Alemães, Frederico Lourenço tinha já adaptado a Odisseia para jovens. Os Livros Cotovia anunciam agora para breve a adaptação da Ilíada para jovens feita pelo mesmo autor.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Colóquio Sociedade e Poder no tempo de Ovídio

Recorda-se, através da citação de informação recebida do Centro de História da Universidade de Lisboa, o colóquio a realizar nos próximos dias 11 e 12 deste mês:
O Centro de História da Universidade de Lisboa, através da sua linha investigação Mundo Antigo e Memória Global, em colaboração com o Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, vem por este meio divulgar o Colóquio Sociedade e Poder no tempo de Ovídio. A assinalar o bimilenário do «exílio» de Ovídio, coordenado pelos Professores Nuno Simões Rodrigues e Maria Cristina de Sousa Pimentel, e que se realizará nos próximos dias 11 e 12 de Dezembro, no Anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A entrada no Colóquio é livre, destinando-se a inscrição, no valor de EUR 5, à obtenção do certificado de presença. Em anexo seguem cartaz de divulgação e desdobrável com o programa e boletim de inscrição. Para qualquer informação, queiram por favor contactar o secretariado do Colóquio, através do email centro.historia@fl.ul.pt.

O programa definitivo encontra-se aqui.