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sábado, novembro 15, 2008

Brevíssimo curso de literatura grega e latina


Já aqui se falou nisto, mas é sempre bom recordar: no âmbito das comemorações dos 20 anos da Cotovia, decorre amanhã o "Brevíssimo curso de literatura grega e latina", com Delfim Leão, Frederico Lourenço e Paulo Farmhouse Alberto. O evento tem lugar na sala Jorge de Sena do CCB, das 11h às 13h e das 15h às 17h.

quarta-feira, outubro 08, 2008

The Cambridge Companion to Greek Lyric


Vai sair (Abril de 2009).

quinta-feira, junho 26, 2008

Seminário: Projecto Plutarco e os fundamentos da identidade europeia

De Delfim Leão, da Universidade de Coimbra, recebo a seguinte notícia, anunciando o seminário de apresentação da pesquisa desenvolvida por quatro jovens investigadores integrados no Projecto "Plutarco e os fundamentos da identidade europeia", a realizar na Universidade de Coimbra.


Dia 27 de Junho

(Sala do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos)

Seminário de apresentação da pesquisa desenvolvida por quatro jovens investigadores integrados no Projecto Plutarco e os fundamentos da identidade europeia

10h: apresentação sumária da investigação em curso

Dr. Rodolfo Lopes: “As autoridades filosóficas no Livro I das Quaestiones Convivales de Plutarco”

Dra. Ália Rodrigues:
“Problemas de interpretação do livro VII das Quaestiones Convivales”

Dr. Carlos Jesus: “A bulimia segundo Plutarco (Quaest. Conv. 6.8): excesso, desvio ou patologia?”

Doutor Manuel Troester: “Plutarco e a Roma médio-republicana. Emílio Paulo como educador político e moral”

11h: discussão.

12h: apresentação dos três primeiros volumes do projecto


Homero e o eclipse

«Então entre eles tomou a palavra o divino Teoclímeno:
"Ah, desgraçados! Que mal sofreis? A noite encobre
as vossas cabeças, os vossos rostos, e até os vossos joelhos
por baixo! Ardem os gritos de dor, cheias de lágrimas estão
as vossas faces, e manchadas
de sangue as paredes e o tecto.
O adro está repleto de fantasmas; repleto está o pátio;
para a escuridão do Érebo se precipitam e o sol
desapareceu do céu e tudo cobre a bruma do mal."



Passagem sobre o eclipse na Odisseia, Canto XX, versos 350 a 357
Ed. Livros Cotovia
Tradução de Frederico Lourenço

Terá Homero feito uma alusão velada ao facto de que, no dia em que Ulisses regressa a casa, houve um eclipse total do Sol em Ítaca? Fala-se disso há séculos, mas já ninguém acreditava. Só que, agora, novos dados científicos parecem confirmá-lo.»


É assim que começa a reportagem do Público, no caderno P2 de hoje, sobre a velha possibilidade de a Odisseia aludir a um eclipse solar.

segunda-feira, junho 16, 2008

Fragmentos Poéticos

Esta é talvez a primeira tradução portuguesa de todos os fragmentos que nos chegaram da autoria de Arquíloco, poeta lírico da Grécia arcaica. Carlos Jesus traduziu-os e escreveu uma introdução bastante completa que contextualiza o autor. Uma publicação da Imprensa Nacional–Casa da Moeda.

quarta-feira, abril 02, 2008

Literatura Clássica e Portuguesa em Abril, em Torres Vedras

Decorre na livraria Livrododia - Centro Histórico, em Torres Vedras, uma série de sessões sobre literatura clássica e portuguesa. As sessões serão nos primeiros três sábados do mês, e apresentadas e moderadas por mim, e o companheiro "blogueiro" aqui do estaminé, o Ricardo, vai participar numa das sessões. Além disso, a noite de 24 de Abril será integralmente dedicada à poesia greco-latina.

O programa é o seguinte:

5 de Abril - 16 horas
Cristina Pimentel e Arnaldo Espírito Santo (ambos Professores Catedráticos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
Sobre Trindade, de Santo Agostinho.

12 de Abril - 16 horas
Paulo Farmhouse Alberto (Professor Associado com Agregação da FLUL) e Ricardo Nobre (Investigador do Centro de Estudos Clássicos da UL)
Sobre Metamorfoses, de Ovídio e a recepção dos clássicos na Literatura Portuguesa de Oitocentos.

19 de Abril - 16 horas
José Pedro Serra (Professor Auxiliar da FLUL) e Ana Maria Tarrío (Professora Auxiliar da FLUL)
Sobre Tragédia Grega e a recepção dos clássicos no Humanismo Português.

24 de Abril - 22 horas
Sessão de Leitura de Poesia Clássica, festejando a Noite da Liberdade (programa a anunciar).

Blogue da Livrododia:
http://www.diariodeumlivreiro.blogspot.com/

domingo, março 02, 2008

Eurípides na BBC Radio 3

Os leitores deste blogue são convidados a ouvir a partir de amanhã (e até quinta-feira) o programa Essay: Greek and Latin Voices, na BBC Radio 3 (15 minutos, das 23h às 23h15). Começam amanhã os episódios dedicados a Eurípides, um dos grandes tragediógrafos gregos.
Em alternativa, pode escutar os episódios, até uma semana depois de o programa ter ido para o ar, no sistema BBC iPlayer.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Biblioteca ideial

Saiu há pouco tempo um livro da Sociedade de Edições Les Belles Lettres que condensa trechos de obras de autores das literaturas clássicas, a saber:
Homero, Hesíoso, Esopo, Ésquilo, Píndaro, Sófocles, Eurípides, Heródoto, Tucídides, Aristófanes, Platão, Xenofonte, Aristóteles, Demóstenes, Plauto, Cícero, César, Lucrécio, Salústio, Vergílio, Horácio, Tito Lívio, Tibulo, Ovídio, Lucano, Petrónio, Plutarco, Epicteto, Tácito, Suetónio, Luciano, e Marco Aurélio. Infelizmente, parecem ter ficado de fora autores como Terêncio, Séneca, ou Marcial, do mesmo modo que é estranho que não tenha abrangido, por exemplo, poetas helenísticos; mesmo alguns dos passos escolhidos são discutíveis (de Tácito, escolheram uma citação da Germania, quando o autor escreveu obras de qualidade superior e tem passos sinceramente mais marcantes).
Ainda assim, a Bibliothèque Classique Idéale — De Homère à Marc-Aurèle cumpre o objectivo de reunir num só volume excertos de algumas das obras-primas da literatura clássica, de modo a que as ideias e estética literária deste período de mais de 600 anos se torne familiar a muitas mais pessoas.

O volume custa 29€ e tem 488 páginas.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Literaturas Clássicas na BBC Radio 3

A BBC Radio 3 estreou no dia 10 de Dezembro o programa The Essay: Greek and Latin Voices, “an accessible modern guide to some of the foundation texts of Western culture”.
De segunda a quinta, das 11h às 11h15 da noite, “The series focuses on the works of the major figures of Greek and Latin literature, philosophy, history and politics, including Thucydides, Euripides, Plato, Horace, Augustine, Tacitus, Juvenal, Cicero and Virgil.” O programa vai para o ar “in six fortnightly blocs, one week with a Greek focus and one week with a Latin focus.”
Entre os responsáveis pelos conteúdos estão professores especialistas (da Open University), um cientista, e um poeta.
Em Portugal, podemos ouvir o programa através da BBC iPlayer, disponível até uma semana depois de ter ido para o ar.
Mais informações, ver aqui.

A BBC Radio 3 é a estação de Rádio de música clássica e jazz, artes e drama da corporação britânica de radiodifusão.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Bibliotrónica Portuguesa



Carlos Costa, aluno da FLUL, fez-me chegar este texto, que dá conta da edição electrónica de uma tradução portuguesa da Batracomiomaquia, tradicionalmente atribuída a Homero.

«Batracomiomaquia, tradução de António Maria do Couto
Foi reeditada uma tradução de 1835 da Batracomiomaquia, agora disponível na Bibliotrónica Portuguesa. Conhecem-se os Poemas Homéricos, Homero é conhecido como o autor da Ilíada e da Odisseia, mas se eu falar da Batracomiomaquia ou do já desaparecido Margites (ainda restam uns escassos fragmentos do texto) certamente me hão-de perguntar o que são.

O que é a Batracomiomaquia? É uma antiga paródia grega, a paródia da Ilíada, provavelmente o testemunho mais antigo que se conhece do género literário a que pertence, imitando o estilo e as fórmulas homéricas, publicada aproximadamente no século V ou IV a C. Narra uma guerra entre as rãs dum lago e os ratos da vizinhança, os ratos julgam que Physignato, o rei das rãs, afogou Psicarpax, o filho do rei dos ratos, propositadamente. No princípio os Deuses procuram ficar neutros ao conflito, mas depois Zeus acaba por intervir a favor das rãs e envia um exército de caranguejos para impedir os ratos.

Eu não acredito que a Batracomiomaquia tenha sido elaborada por Homero, se é que Homero realmente existiu. Considerando a data da primeira publicação da Ilíada e da Odisseia, nos séculos VIII e VI a C. respectivamente, Homero teria podido viver assim tanto tempo? Teria conseguido escrever dois poemas épicos extensos e ainda uma paródia? Como considerar a hipótese de, quatrocentos anos depois de a Ilíada se afirmar, a Batracomiomaquia ter sido escrita por Homero? A tese de Plutarco parece mais verosímil: Pigres de Halicarnasso é que é o autor.

À falta de provas mais concretas nunca se saberá quem é o autor; se Homero não foi de certeza, eu não posso afirmar com todas as letras que Pigres de Halicarnasso é que deve ser considerado o autor. A Batracomiomaquia é um texto apócrifo, assim como o Margites, ambos parodiam os valores homéricos.

http://www.fl.ul.pt/dep_romanicas/auditorio/Bibliotronica/index.htm

Texto extraído do site da Bibliotrónica Portuguesa:

O projecto da Bibliotrónica Portuguesa nasceu no âmbito dos trabalhos lectivos da disciplina de Introdução à Crítica Textual e visa a constituição de uma biblioteca de livrónicos em língua portuguesa, com os seguintes princípios:

■ todos os exemplares serão preparados e apresentados com critérios e normas que assegurem a qualidade da edição;
■ a selecção dos livros a publicar em formato electrónico deverá encontrar justificação no interesse dos leitores;
■ a publicação electrónica não ofenderá os direitos de autor, tal como estão legalmente estabelecidos;
■ todos os livros serão em língua portuguesa.

Os livrónicos que inauguram a Bibliotrónica foram elaborados pelos primeiros alunos da disciplina de Introdução à Crítica Textual, durante o semestre da Primavera de 2007. Os critérios e as normas de edição foram definidos caso a caso e explicam-se na nota editorial. É certo, no entanto, que, coincidindo os objectivos das edições publicadas com os da edição diplomática, os princípios e as normas deste tipo de edição constituíram naturalmente o ponto de partida. Duas preocupações orientaram também a elaboração de todos os livrónicos agora publicados: facilitar o mais possível a navegação dentro do livro, mediante hiperligações, e proporcionar uma experiência de leitura agradável ao leitor. Procurou-se, por esta última razão, organizar o espaço de leitura de forma a que não implicasse um excessivo afastamento dos hábitos de leitura em papel e a que não favorecesse o cansaço.

A possibilidade de corrigir e melhorar continuamente os textos publicados em formato electrónico, sendo um bem, reduz a confiança que é possível depositar nas citações dos mesmos. Para obviar a este problema, todos os livrónicos serão aqui publicados com a indicação do mês e do ano, seguida de um número de versão (por exemplo: Outubro 2007 / 1). Os leitores de eventuais citações poderão assim saber se a versão citada é ainda a mesma que está on-line.

Na secção "Sítios com livrónicos", encontra-se uma lista de lugares na Internet onde é possível encontrar livrónicos em língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola. No futuro, será criada uma secção com um índice de livrónicos em língua portuguesa disponíveis na Internet.»

domingo, outubro 28, 2007

Thíasos representa Agamémnon

Via De Rerum Natura vem a notícia de que o Thíasos, grupo de teatro do Instituto de Estudos Clássicos da Universidade de Coimbra, leva à cena o Agamémnon de Ésquilo, no dia 31 de Outubro, às 21h30, no Teatro da Cerca de São Bernardo (Pátio da Inquisição, Coimbra). A entrada é livre, por isso não há desculpas para faltar! O Thíasos continua a reviver o teatro clássico, fazendo-o com uma qualidade e profissionalismo raros em grupos amadores. A não perder.

sábado, outubro 13, 2007

Symposion e philanthropia em Plutarco

Divulgo e-mail recebido de Delfim Leão, da Universidade de Coimbra:

«Prezados colegas e amigos classicistas,

Conforme informei já em mensagem anterior, a International Plutarch Society irá realizar o seu congresso trienal em Coimbra (Setembro de 2008). O tema geral escolhido para o congresso é "Symposion e philanthropia em Plutarco". Embora o prazo para apresentação de propostas de comunicação termine somente em finais de Outubro, já recebemos até ao momento várias dezenas de sugestões. Como seria de esperar num congresso da IPS, as propostas provêm sobretudo do estrangeiro, tanto da América como da Europa. No entanto, seria igualmente importante que os classicistas portugueses aproveitassem esta oportunidade para dar a conhecer a um público mais vasto as suas reflexões sobre estas matérias, contribuindo assim para a internacionalização da investigação desenvolvida em Portugal. Vinha, portanto e em nome da Comissão Organizadora, reiterar o convite para participarem no congresso, antes que o elevado número de propostas vindas do exterior obrigue eventualmente a Organização a recusar sugestões interessantes. No site oficial do congresso, há mais informação disponível (http://www.plutarchus.org).

Obrigado pela atenção e votos de bom fim-de-semana,

Delfim Leão»

segunda-feira, outubro 01, 2007

Ancient Literary Criticism

There are two great works that one may use for a deep study of the ancient literary theory and criticism. From Cambridge University Press, we have a gigantic work on Literary Criticism that tracks its history, The Cambridge History of Literary Criticism, which first volume constitute a very useful and complete survey in the Classical Criticism. From Oxford University Press, a Oxford Readings in Classical Studies volume gives a general overlook in the Ancient Literary Criticism.
Both works serve the purposes of the intermediate student, and the bibliography makes sufficient knowledge to further study. Please compare these:

Oxford Readings in Classical Studies: Ancient Literary Criticism
Edited by Andrew Laird
491 pages
“The volume makes widely available some important scholarship on the canonical texts of ancient rhetoric and poetics. Whilst there are numerous studies of general trends in classical criticism, this collection offers direct discussions of primary sources, which provide a useful companion to the Russell and Winterbottom anthology, Ancient Literary Criticism. The volume contains a chronology, suggestions for further reading, a new translation of Bernays’ 1857 essay on katharsis, and an important introductory chapter addressing the tension in ancient literary criticism between its place in the classical tradition and its role in contemporary endeavours to reconstruct ancient culture.”
Contents
1. The Value of Ancient Literary Criticism, by Andrew Laird
2. Poetic Inspiration in Early Greece, by Penelope Murray
3. Homeric Professors in the Age of the Sophists, by N. J. Richardson
4. A Theory of Imitation in Plato’s Republic, by Elizabeth Belfiore
5. Plato and Aristotle on the Denial of Tragedy, by Stephen Halliwell
6. Ethos and Dianoia: ‘Character’ and ‘Thought’ in Aristotle’s Poetics, by A. M. Dale
7. Aristotle on the Effect of Tragedy, by Jacob Bernays
8. Literary Criticism in the Exegetical Scholia to the Iliad: a Sketch, by N. J. Richardson
9. Stoic Readings of Homer, by A. A. Long
10. Epicurean Poetics, by Elizabeth Asmis
11. Rhetoric and Criticism, by D. A. Russell
12. Theories of Evaluation in the Rhetorical Treatises of Dionysius of Halicarnassus, by D. M. Schenkeveld
13. Longinus: Structure and Unity, by Doreen C. Innes
14. The Structure of Plutarch’s How to Study Poetry, by D. M. Schenkveld
15. ‘Ars Poetica’, by D. A. Russell
16. Ovid on Reading: Reading Ovid. Reception in Ovid, Tristia 2, by Bruce Gibson
17. Reading and Response in Tacitus’ Dialogus, by T. J. Luce
18. The Virgil Commentary of Servius, by Don Fowler
19. Ancient Literary Genres: a Mirage?, by Thomas G. Rosenmeyer
20. Criticism Ancient and Modern, by Denis Feeney
The volume includes a section with “Suggestions for Further Reading”.

The Cambridge History of Literary Criticism: Volume 1, Classical Criticism
Edited by George A. Kennedy
396 pages.
“Surveying the beginnings of critical consciousness in Greece and proceeding to the writings of Aristophanes, Plato, Aristotle, and Hellenistic and Roman authors, this volume is not only for classicists but for those with no Greek or Latin who are interested in the origins of literary history, theory, and criticism.”
Contents
1. Early Greek views of poets and poetry, by Gregory Nagy;
2. Language and meaning in Archaic and Classical Greece, by George A. Kennedy;
3. Plato and poetry, by G. R. F. Ferrari;
4. Aristotle’s poetics, by Stephen Halliwell;
5. The evolution of a theory of artistic prose, by George A. Kennedy;
6. Hellenistic literary and philosophical scholarship, by George A. Kennedy and Doreen C. Innes; 7. The growth of literature and criticism at Rome, by Elaine Fantham;
8. Augustan critics, by Doreen C. Innes;
9. Latin criticism of the Early Empire, by Elaine Fantham;
10. Greek criticism of the Empire, by Donald A. Russell;
11. Christianity and criticism, by George A. Kennedy.

terça-feira, setembro 11, 2007

Jorge Luis Borges - "El hacedor"

«El Hacedor

Nunca se había demorado en los goces de la memoria. Las impresiones resbalaban sobre él, momentáneas y vívidas; el bermellón de un alfarero, la bóveda cargada de estrellas que también eran dioses, la luna de la que había caído un león, la lisura del mármol bajo las lentas yemas sensibles, el sabor de la carne de jabalí, que le gustaba desgarrar con dentelladas blancas y bruscas, una palabra fenicia, la sombra negra que una lanza proyecta en la arena amarilla, la cercanía del mar o de las mujeres, el pesado vino cuya aspereza mitigaba la miel, podían abarcar por entero al ámbito de su alma. Conocía el terror pero también la cólera y el coraje, y una vez fue el primero en escalar un muro enemigo. Ávido, curioso, casual, sin otra ley que la fruición y la indiferencia inmediata, anduvo por la variada tierra y miró en una u otra margen del mar, las ciudades de los hombres y sus palacios. En los mercados populosos o al pie de una montaña de cumbre incierta, en la que bien podía haber sátiros, había escuchado complicadas historias, que recibió como recibía la realidad, sin indagar si eran verdaderas o falsas.

Gradualmente, el hermoso universo fue abandonándolo; una terca neblina le borró las líneas de la mano, la noche se despobló de estrellas, la tierra era insegura bajo sus pies. Todo se alejaba y se confundía. Cuando supo que estaba quedando ciego, gritó; el pudor estoico no había sido aún inventado y Héctor podía huir sin desmedro. Ya no veré (sintió) ni el cielo lleno de pavor mitológico, ni esta cara que los años transformarán. Días y noches pasaron sobre esa desesperación de su carne, pero una mañana se despertó, miró (ya sin asombro) las borrosas cosas que lo rodeaban e inexplicablemente sintió, como quién reconoce una música o una voz, que ya le había ocurrido todo eso y que lo había encarado con temor, pero también con júbilo, esperanza y curiosidad. Entonces descendió a su memoria, que le pareció interminable, y logró sacar de aquel vértigo el recuerdo perdido que relució como una moneda bajo la lluvia, acaso porque nunca lo había mirado, salvo, quizá, en un sueño.

El recuerdo era así. Lo había injuriado otro muchacho y él había acudido a su padre y le había contado la historia. Éste lo dejó hablar como si no escuchara o no comprendiera y descolgó de la pared un puñal de bronce, bello y cargado de poder, que el chico había codiciado furtivamente. Ahora lo tenía en las manos y la sorpresa de la posesión anuló la injuria padecida, pero la voz del padre estaba diciendo: Que alguien sepa que eres un hombre, y había una orden en la voz. La noche cegaba los caminos; abrazado al puñal, en el que presentía una fuerza mágica, descendió la brusca ladera que rodeaba la casa y corrió a la orilla del mar, soñándose Ayax y Perseo y poblando heridas y de batallas la oscuridad salobre. El sabor preciso de aquel momento era lo que ahora buscaba; no le importaba lo demás: las afrentas del desafío, el torpe combate, el regreso con la hoja sangrienta.

Otro recuerdo, en el que también había una noche y una inminencia de aventura, brotó de aquel. Una mujer, la primera que le depararon los dioses, lo había esperado en la sombra de un hipogeo, y él la buscó por galerías que eran como redes de piedras y por declives que se hundían en la sombra. ¿Por qué le llegaban esas memorias y por qué le llegaban sin amargura, como una mera prefiguración del presente?

Con grave asombro comprendió. En esta noche de sus ojos mortales, a la hora que descendía, lo aguardaban también el amor y el riesgo. Ares y Afrodita, porque ya adivinaba (porque ya lo cercaba) un rumor de gloria y de hexámetros, un rumor de hombres que defienden un templo que los dioses no salvarán y de bajeles negros que buscan por el mar una isla querida, el rumor de las Odiseas e Ilíadas que era su destino cantar y dejar resonando cóncavamente en la memoria humana. Sabemos estas cosas, pero no las que sintió al descender a la última sombra.»

Jorge Luis Borges, El hacedor. Biblioteca Borges, Alianza Editorial, Madrid, 2005

quinta-feira, julho 12, 2007

Ensaios sobre Aristófanes

Já estava prometido há muito, este novo volume de ensaios em português dos Livros Cotovia, mas acaba de sair. Ensaios sobre Aristófanes é "uma colectânea que reúne textos sobre a produção do comediógrafo grego mais amado, lido e discutido de sempre". A autora é Maria de Fátima de Sousa e Silva, Professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que tinha já publicado na mesma editora o volume Ensaios sobre Eurípides.
Aproveito para lembrar que a Imprensa Nacional-Casa da Moeda já publicou o primeiro volume das Comédias de Aristófanes, que reúne as traduções das peças dos autor (já existentes em obras dispersas).

segunda-feira, junho 18, 2007

Píndaro de alfarrábio


Noutra das minhas incursões alfarrabísticas encontrei uma tradução da Segunda Olímpica, de Píndaro. A edição é de 1816, e o tradutor António Maria do Couto. Tem o pormenor interessante de contar com duas versões: uma tradução em prosa, e uma versão metrificada. Antes de o meu "scanner" falecer de morte súbita lembrei-me de digitalizar esta curiosa edição. Aqui ficam as imagens.

http://zmiloc.home.sapo.pt/pindaro/p01-pequeno.jpg
http://zmiloc.home.sapo.pt/pindaro/p02-pequeno.jpg
http://zmiloc.home.sapo.pt/pindaro/p03-pequeno.jpg
http://zmiloc.home.sapo.pt/pindaro/p04-pequeno.jpg
http://zmiloc.home.sapo.pt/pindaro/p05-pequeno.jpg
http://zmiloc.home.sapo.pt/pindaro/p06-pequeno.jpg
http://zmiloc.home.sapo.pt/pindaro/p07-pequeno.jpg
http://zmiloc.home.sapo.pt/pindaro/p08-pequeno.jpg

sábado, junho 09, 2007

Estudar os Clássicos (1): Grego

Os Estudos Clássicos têm longa tradição em Portugal, sendo uma área de estudos considerada, desde remotos tempos, basilar. O curso de Filologia Clássica fazia já parte do currículo do Curso Superior de Letras, fundado em Lisboa por D. Pedro V em 1859, e antecessor da actual da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, aquando da sua inauguração.
Apesar disso, os Estudos Clássicos são pouco considerados pela sociedade portuguesa, classes educativa, científica e política incluídas. Primeiro, porque como o Latim está intimamente relacionado com a Igreja, é considerado língua de padres e de gente católica; segundo, porque da actividade científica produzida pelos nossos investigadores pouco se vê.
Falta visibilidade a muitas iniciativas de partilha de saberes (encontros, colóquios, congressos), mas falta muita obra. Assim, lembro que só recentemente vieram à luz traduções integrais de obras fundamentais da literatura antiga: Odisseia, Ilíada e Eneida. Só agora começou a sair uma tradução moderna das Metamorfoses de Ovídio! O mesmo se diga para a Arte de Amar e os Amores, do mesmo poeta.
O volume de bibliografia que se insere na temática línguas e literaturas clássicas, em países como o Reino Unido, França, Estados Unidos, Alemanha ou Itália, é esmagador. No entanto, e ainda que — repito — os Estudos Clássicos sejam bastante antigos em Portugal, entre nós, pouco ou nada se produz: e o que se produz é, em geral, básico e de fraca qualidade.
Várias são as explicações para que isto assim seja, mas não é minha intenção dissecá-los.
No meu primeiro texto neste espaço para que tive a honra de ser convidado, quero dar ênfase aos muitos problemas com que um indivíduo que pretenda seguir esta área de estudos depara, fazendo uma análise breve de alguma bibliografia auxiliar disponível. É que o maior desses problemas é, mais do que a falta de traduções e ensaios, a falta de materiais como dicionários e gramáticas de referência. Causa estranheza os Estudos Clássicos serem tão antigos e não haver um bom dicionário de Latim ou de Grego feito na nossa língua!
Na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (em Coimbra não será diferente), os alunos de Estudos Clássicos têm de saber consideravelmente bem uma língua estrangeira para usar gramáticas e dicionários franceses ou ingleses de Latim e Grego.

É claro que existem alguns materiais auxiliares em português. Na área do Grego, eles são muito escassos. Lembro que não há nenhum manual de Grego para o Ensino Secundário. Quando comecei a estudar a língua, existiam apenas duas gramáticas portuguesas. Uma, de António Freire (Livraria Apostolado da Imprensa), e outra, de Abílio Alves Perfeito (Porto Editora). Ainda hoje não sei como classificar a primeira; a segunda foi vítima de uma mutilação da Editora, que lhe introduziu tantos erros/gralhas, que ficou quase inutilizável! Só há poucos anos saiu uma gramática mais completa e que se pode dizer de referência, do Professor Manuel Alexandre Júnior. No entanto, e ao contrário da vontade do autor, também tem algumas gralhas, que estão certamente identificadas e que serão corrigidas numa futura edição.
Existe apenas um dicionário de Grego-Português e Português-Grego, mas está, infelizmente, longe de se poder dizer que é de “referência”. Só agora existe um projecto sólido para a elaboração de um dicionário de Grego-Português.
Os trabalhos do Professor Custódio Magueijo (a História da Língua Grega, por exemplo) são, estranhamente, quase todos impossíveis de obter...
Na área de literatura grega — e fora alguns trabalhos de tradução —, não há nada a dizer porque não há nada de que falar. Existem alguns (bons) artigos em publicações especializadas, mas não temos livros que dêem uma perspectiva geral da riqueza desta literatura. Ainda assim, merecem referência honrosa:
1) A obra Grécia Revisitada, do Prof. Frederico Lourenço;
2) A obra Ensaios sobre Píndaro, de vários autores;
3) A obra Ensaios sobre Eurípides, da Prof.ª Maria de Fátima Silva;
4) A obra Ensaios sobre Aristófanes, da Prof.ª Maria de Fátima Silva (no prelo);
5) Algumas traduções: A Tragédia Grega, de H.D.F. Kitto, A Tragédia Grega, de Jacqueline de Romilly e História da Literatura Grega, de Albin Lesky.

A ideia que os Estudos Clássicos portugueses fazem sair é a de uma área obscura e inútil, mesmo que clamem o contrário. Os Professores que berram contra dicionários e gramáticas não fazem nada para que eles deixem de existir e/ou para os substituir por obras de verdadeiro valor.
Sem a base, não se pode fazer mais nada.

Symposion e philanthropia em Plutarco



Recebido de Delfim Leão, da Universidade de Coimbra:

«Tenho o gosto de dar a conhecer o website relativo ao 8º Congresso da International Plutarch Society, que decorrerá em Coimbra, em Setembro de 2008:

http://www.plutarchus.org

Aí poderão encontrar informações gerais relativas ao programa e à forma de participar. Para qualquer dúvida, não hesitem em entrar em contacto com qualquer um dos elementos da Comissão Organizadora:

José Ribeiro Ferreira (rifer@fl.uc.pt)
Delfim Ferreira Leão (leo@fl.uc.pt)
Paula Barata Dias (pabadias@hotmail.com)
Frances Titchener (f.b.titchener@usu.edu)
Rodolfo Lopes (rodolfo.nunes.lopes@gmail.com) »

sábado, maio 19, 2007

Manuscritos Gregos quinhentistas no espaço peninsular hispânico


Testemunhos de um Humanismo Bifronte:
Manuscritos Gregos quinhentistas no espaço peninsular hispânico


Seminário
Data: 2007. 05. 25
Hora: 10.00 horas
Sala: Centro de Estudos Clássicos

1. Ángel Escobar Chico, Professor da Universidade de Saragoça:
Manuscritos gregos na Península Ibérica: dados e problemas de descrição
2. Aires A. Nascimento, Director do CEC / Fac. Letras, Lisboa
Manuscritos gregos na biblioteca do arcebispo de Évora, D. Teotónio de Bragança

sábado, março 03, 2007

José Pedro Serra, "Pensar o Trágico"

Saiu recentemente mais uma publicação na área dos Estudos Clássicos, desta vez sobre tragédia. O autor é José Pedro Serra, que tem feito a sua investigação precisamente nesta área. Não podendo fazer ainda uma recensão, pois não tive tempo ainda de o ler, deixo aqui as primeiras linhas da introdução.

"Perguntar o que é a tragédia significa aceitar a tradição, querer ver o que os outros viram e integrar isso numa mais ampla e não ingénua visão; perguntar o que é a tragédia significa, pois, aceitar a história, interpelando-a. De acordo com o que em cada visão se vê, o homem, em cada época, se faz gesto e pensamento; esse contínuo e renovado erguer-se, a si e ao mundo, é obra de cultura e a cultura é obra humana, rasto humano na poeira pelo tempo levantada. Perguntar o que é a tragédia é, então, cultura sobre cultura debruçando-se, revisitação, demanda prolongada do rosto do homem e da realidade que habita. A demanda move-se pelo desejo, e o desejo de ver, de conhecer, é a afortunada maldição da nossa condição de seres mortais".

José Pedro Serra, Pensar o Trágico. Categorias da Tragédia Grega. Fundação Calouste Gulbenkian, 2006. ISBN: 972-31-1166-7