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sexta-feira, dezembro 05, 2008

Ilíada para jovens

O tradutor da Ilíada, da Odisseia, entre outros, autor dos recém-editados Novos Ensaios Helénicos e Alemães, Frederico Lourenço tinha já adaptado a Odisseia para jovens. Os Livros Cotovia anunciam agora para breve a adaptação da Ilíada para jovens feita pelo mesmo autor.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Bibliotrónica Portuguesa



Carlos Costa, aluno da FLUL, fez-me chegar este texto, que dá conta da edição electrónica de uma tradução portuguesa da Batracomiomaquia, tradicionalmente atribuída a Homero.

«Batracomiomaquia, tradução de António Maria do Couto
Foi reeditada uma tradução de 1835 da Batracomiomaquia, agora disponível na Bibliotrónica Portuguesa. Conhecem-se os Poemas Homéricos, Homero é conhecido como o autor da Ilíada e da Odisseia, mas se eu falar da Batracomiomaquia ou do já desaparecido Margites (ainda restam uns escassos fragmentos do texto) certamente me hão-de perguntar o que são.

O que é a Batracomiomaquia? É uma antiga paródia grega, a paródia da Ilíada, provavelmente o testemunho mais antigo que se conhece do género literário a que pertence, imitando o estilo e as fórmulas homéricas, publicada aproximadamente no século V ou IV a C. Narra uma guerra entre as rãs dum lago e os ratos da vizinhança, os ratos julgam que Physignato, o rei das rãs, afogou Psicarpax, o filho do rei dos ratos, propositadamente. No princípio os Deuses procuram ficar neutros ao conflito, mas depois Zeus acaba por intervir a favor das rãs e envia um exército de caranguejos para impedir os ratos.

Eu não acredito que a Batracomiomaquia tenha sido elaborada por Homero, se é que Homero realmente existiu. Considerando a data da primeira publicação da Ilíada e da Odisseia, nos séculos VIII e VI a C. respectivamente, Homero teria podido viver assim tanto tempo? Teria conseguido escrever dois poemas épicos extensos e ainda uma paródia? Como considerar a hipótese de, quatrocentos anos depois de a Ilíada se afirmar, a Batracomiomaquia ter sido escrita por Homero? A tese de Plutarco parece mais verosímil: Pigres de Halicarnasso é que é o autor.

À falta de provas mais concretas nunca se saberá quem é o autor; se Homero não foi de certeza, eu não posso afirmar com todas as letras que Pigres de Halicarnasso é que deve ser considerado o autor. A Batracomiomaquia é um texto apócrifo, assim como o Margites, ambos parodiam os valores homéricos.

http://www.fl.ul.pt/dep_romanicas/auditorio/Bibliotronica/index.htm

Texto extraído do site da Bibliotrónica Portuguesa:

O projecto da Bibliotrónica Portuguesa nasceu no âmbito dos trabalhos lectivos da disciplina de Introdução à Crítica Textual e visa a constituição de uma biblioteca de livrónicos em língua portuguesa, com os seguintes princípios:

■ todos os exemplares serão preparados e apresentados com critérios e normas que assegurem a qualidade da edição;
■ a selecção dos livros a publicar em formato electrónico deverá encontrar justificação no interesse dos leitores;
■ a publicação electrónica não ofenderá os direitos de autor, tal como estão legalmente estabelecidos;
■ todos os livros serão em língua portuguesa.

Os livrónicos que inauguram a Bibliotrónica foram elaborados pelos primeiros alunos da disciplina de Introdução à Crítica Textual, durante o semestre da Primavera de 2007. Os critérios e as normas de edição foram definidos caso a caso e explicam-se na nota editorial. É certo, no entanto, que, coincidindo os objectivos das edições publicadas com os da edição diplomática, os princípios e as normas deste tipo de edição constituíram naturalmente o ponto de partida. Duas preocupações orientaram também a elaboração de todos os livrónicos agora publicados: facilitar o mais possível a navegação dentro do livro, mediante hiperligações, e proporcionar uma experiência de leitura agradável ao leitor. Procurou-se, por esta última razão, organizar o espaço de leitura de forma a que não implicasse um excessivo afastamento dos hábitos de leitura em papel e a que não favorecesse o cansaço.

A possibilidade de corrigir e melhorar continuamente os textos publicados em formato electrónico, sendo um bem, reduz a confiança que é possível depositar nas citações dos mesmos. Para obviar a este problema, todos os livrónicos serão aqui publicados com a indicação do mês e do ano, seguida de um número de versão (por exemplo: Outubro 2007 / 1). Os leitores de eventuais citações poderão assim saber se a versão citada é ainda a mesma que está on-line.

Na secção "Sítios com livrónicos", encontra-se uma lista de lugares na Internet onde é possível encontrar livrónicos em língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola. No futuro, será criada uma secção com um índice de livrónicos em língua portuguesa disponíveis na Internet.»

quinta-feira, junho 14, 2007

Os Clássicos na Literatura Portuguesa (2)

Eça de Queirós, A Cidade e as Serras.
pp. 184-187:

A essa hora, enquanto pelo arvoredo mudo os mais agitados pardais dormiam, e o Sol mesmo parecia repousar, imóvel na rutilância da sua luz, Jacinto, com o espírito acordado, — ávido de sempre gozar, agora que reconquistara essa faculdade — tomava com delícia o seu livro. Porque o dono de trinta mil volumes era agora, na sua casa de Tormes, depois de ressuscitado, o homem que só tem um livro. Essa mesma Natureza, que o desligara das ligaduras amortalhadoras do tédio, e lhe gritara o seu belo ambula, caminha! — também certamente lhe gritara et lege, e lê, E libertado enfim do invólucro sufocante da sua Biblioteca imensa, o meu ditoso amigo compreendia enfim a incomparável delícia de ler um livro. Quando eu correra a Tormes (depois das revelações do Severo na venda do Torto), ele findava o D. Quixote, e ainda eu lhe escutara as derradeiras risadas com as coisas deliciosas, e decerto profundas, que o gordo Sancho lhe murmurava, escarranchado no seu burro. Mas agora o meu Príncipe mergulhara na Odisseia, — e todo ele vivia no espanto e no deslumbramento de assim ter encontrado, no meio do caminho da sua vida, o velho errante, o velho Homero!
— Oh Zé Fernandes, como sucedeu que eu chegasse a esta idade sem ter lido Homero?...
— Outras leituras mais urgentes... o Figaro, Georges Ohnet... — Tu leste a Ilíada? — Menino, sinceramente me gabo de nunca ter lido a Ilíada Os olhos do meu Príncipe fuzilavam. — Tu sabes o que fez Alcibíades, uma tarde, no Pórtico, a um sofista, um desavergonhado de um sofista, que se gabava de não ter lido a Ilíada?
— Não.
— Ergueu a mão e atirou-lhe uma bofetada tremenda.
— Para lá, Alcibíades! Olha que eu li a Odisseia!
Oh! mas decerto eu a lera, corridamente, com a alma desatenta! E insistia em me iniciar, ele, e me conduzir, através do Livro sem igual. Eu ria. E rindo, pesado do almoço, terminava por consentir, e me estirava no canapé de verga. Ele, diante da mesa, direito na cadeira, abria o livro gravemente, pontificalmente, como um missal, e começava numa lenta ode sentida. Aquele grande mar da Odisseia — resplandecente e sonoro, sempre azul, todo azul, sob o voo branco das gaivotas, rolando, e, mansamente quebrando sobre a areia fina ou contra as rochas de mármore das Ilhas Divinas, — exalava, logo uma frescura salina, bem-vinda e consoladora naquela calma de Junho, em que a serra se entorpecia. Depois as estupendas manhas do subtil Ulisses e os seus perigos sobre-humanos, tantas lamúrias sublimes e um anseio tão espalhado da pátria perdida, e toda aquela intriga, em que embrulhava os heróis, lograva as deusas, iludia o Fado, tinham um delicioso sabor ali, nos campos de Tormes, onde nunca se necessitava de subtileza ou de engenho, e a Vida se desenrolava com a segurança imutável com que cada manhã sempre o Sol igual nascia, e sempre centeios e milhos, regados por águas iguais, seguramente medravam, espigavam, amadureciam... Embalado pela recitação grave e monótona do meu Príncipe, eu cerrava as pálpebras docemente. Em breve um vasto tumulto, por terra e céu, me alvoroçava... E eram os rugidos de Polifemo, ou a grita dos companheiros de Ulisses roubando as vacas de Apolo. Com os olhos logo esbugalhados para Jacinto, eu murmurava: «Sublime!» E sempre, nesse momento o engenhoso Ulisses, de carapuço vermelho e o longo remo ao ombro, surpreendia com a sua facúndia a clemência dos príncipes, ou reclamava presentes devidos ao hóspede, ou surripiava astutamente algum favor aos deuses. E Tormes dormia, no esplendor de Junho. Novamente, eu cerrava as pálpebras consoladas, sob a carícia inefável do largo dizer homérico... E meio adormecido, encantado, incessantemente avistava, longe, na divina Hélade, entre o mar muito azul e o céu muito azul, a branca vela, hesitante, procurando Ítaca...

sexta-feira, outubro 20, 2006

Expressões - "Calcanhar de Aquiles"

Filho de Peleu, um mortal, e da ninfa Tétis, Aquiles é um dos heróis homéricos mais conhecidos - aquele cuja ira o poeta se propõe cantar, na Ilíada. Não se sabe se prevendo tal destino, a sua mãe banhou-o, ainda pequeno, nas águas do Estige, o rio dos Infernos, com o objectivo de o tornar invulnerável. Porém, não se lembrou a extremosa mãe de lhe molhar também o calcanhar por onde o agarrou, não fosse o pequeno cair às águas e afogar-se. Assim, Aquiles ficou invulnerável em todo o corpo, excepto precisamente no calcanhar por onde a mãe o segurou. E foi nesse calcanhar que se cravou a seta de Páris (ou de Apolo, segundo outras versões), filho de Príamo, rei de Tróia, e que acabou por levar à morte de Aquiles, durante uma das batalhas da guerra de Tróia. Esta é apenas uma das versões do mito, talvez a mais conhecida, e que deu origem à expressão "calcanhar de Aquiles", para designar um ponto fraco.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Novas traduções - "Ilíada" e "Odisseia"

Não deixa nunca de ser oportuno recordar as magníficas traduções dos poemas homéricos, feitas por Frederico Lourenço. O tradutor alia no seu trabalho duas qualidades que não se encontram juntas tantas vezes como seria desejável: a excelência filológica e a exímia habilidade no manejo da língua portuguesa, que só surpreenderá quem não conhece a sua produção literária. Para ler, reler e voltar a ler.