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domingo, fevereiro 11, 2007

Expressões - "Quimera"

(Quimera. Prato do século IV a.C., proveniente da Apúlia)

A Quimera (Χίμαιρα) é um monstro da mitologia grega, com corpo de cabra, cabeça de leão e cauda de serpente, segundo Homero. Hesíodo, por seu lado, atribui-lhe três cabeças, de leão, de serpente e de cabra. Diz o mito que vomitava chamas, e que foi morta por Belerofonte, montado no cavalo alado Pégaso. Usa-se modernamente no sentido de um facto imaginário, uma ilusão, uma utopia.

Vejamos o que dizem Homero e Hesíodo sobre a Quimera:

"Porém quando recebeu o sinal maligno de seu genro,
primeiro mandou-o matar a terrífica Quimera.
Ela é de raça divina - não pertence à dos homens:
à frente tem a forma de leão, atrás de dragão, no meio de cabra;
seu sopro é a fúria terrível do fogo ardente.
Mas Belerofonte matou-a, obedecendo aos portentos dos deuses."

Homero, Ilíada, VI, 178-183
(tradução de Frederico Lourenço, Livros Cotovia)

"Mas ela deu à luz também a Quimera, que sopra fogo invencível,
terrível, grande, rápida e violenta.
Tinha três cabeças: uma de leão de olhos ardentes,
outra de cabra e outra de serpente, de poderoso dragão
[pela frente leão, por trás dragão, no meio cabra,
com um sopro de fogo terrível e ardente].
A esta mataram-na Pégaso e o nobre Beleforonte."

Hesíodo, Teogonia, 319-325
(tradução de Ana Elias Pinheiro e José Ribeiro Ferreira, INCM)

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Expressões - "Mentor"


(Ulisses e as sereias)

Mentor foi o homem a quem Ulisses confiou a defesa dos seus interesses em Ítaca, quando partiu para Tróia. Era também o conselheiro de Telémaco, o que acabou por transformar este nome próprio num nome comum, com o sentido de guia, conselheiro.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Expressões - "Calcanhar de Aquiles"

Filho de Peleu, um mortal, e da ninfa Tétis, Aquiles é um dos heróis homéricos mais conhecidos - aquele cuja ira o poeta se propõe cantar, na Ilíada. Não se sabe se prevendo tal destino, a sua mãe banhou-o, ainda pequeno, nas águas do Estige, o rio dos Infernos, com o objectivo de o tornar invulnerável. Porém, não se lembrou a extremosa mãe de lhe molhar também o calcanhar por onde o agarrou, não fosse o pequeno cair às águas e afogar-se. Assim, Aquiles ficou invulnerável em todo o corpo, excepto precisamente no calcanhar por onde a mãe o segurou. E foi nesse calcanhar que se cravou a seta de Páris (ou de Apolo, segundo outras versões), filho de Príamo, rei de Tróia, e que acabou por levar à morte de Aquiles, durante uma das batalhas da guerra de Tróia. Esta é apenas uma das versões do mito, talvez a mais conhecida, e que deu origem à expressão "calcanhar de Aquiles", para designar um ponto fraco.

domingo, outubro 15, 2006

Expressões - "Megera"

Pílades, Orestes e Fúria: Pormenor de sarcófago romano do século II d.C.

Ega então, n'um soberbo alarde d'indifferença, cravou o monoculo no palco. O lacaio abalára espavorido, a um repique furioso de sineta; e uma megera azeda, de roupão verde e touca á banda, rompera de dentro, meneando desesperadamente o leque, ralhando com uma mocinha delambida que batia o tacão, se esganiçava: «Pois hei de amal-o sempre! hei de amal-o sempre!»
Eça de Queirós, Os Maias, V (edição de 1888)

As Erínias são divindades infernais, que punem os crimes susceptíveis de alterar a ordem social, com especial apetência pela perseguição de homicidas e mais ainda por parricidas, a quem perseguem e frequentemente enlouquecem. Foram identificadas pelos romanos com as Fúrias. O seu número e nomes variam, mas são geralmente três, e os seus nomes Alecto, Tisífone e Megera. A primeira, Alecto, é aquela que nunca é apaziguada; a segunda, Tisífone, o espírito de vingança; a terceira, Megera, é a personificação do ódio e do mau-olhado.

No mundo grego são também designadas por Euménides, e dão o nome à terceira tragédia da única trilogia sobrevivente de Ésquilo, a Oresteia. Nesta tragédia, as Erínias perseguem Orestes, depois de este ter assassinado a sua mãe, Clitemnestra, instigado por Apolo e Electra, para vingar a morte de seu pai, Agamémnon.

Voltando à nossa Megera, acabou por se perder a ideia original de nome de divindade, e o nome próprio passou a nome comum, designando uma mulher cruel, de mau génio.

sábado, outubro 14, 2006

Expressões - "À mulher de César não lhe basta ser honesta, tem também de parecê-lo"

Júlio César

Públio Clódio Pulcro (Publius Clodius Pulcher) nasceu Cláudio, por volta de 92 a.C., mas por motivos políticos acabou por adoptar a versão plebeia do nome, Clodius. Este jovem patrício (condição de que abdicou, fazendo-se adoptar por um plebeu) tornou-se conhecido não só pela sua carreira política populista, mas também pelo comportamento por vezes excessivo. Um dos maiores escândalos em que se envolveu aconteceu em 62 a.C., quando, vestido de mulher, penetrou na casa de Júlio César, onde a mulher deste, Pompeia, celebrava os ritos da Bona Dea, nos quais a presença de homens era proibida. Disse-se que andaria envolvido com Pompeia, e que a entrada na casa teria por isso sido facilitada. Foi descoberto por uma escrava de Aurélia, mãe de César, e levado a julgamento por sacrilégio. Pompeia, por seu lado, foi repudiada. Conta Plutarco, que, tendo sido César chamado pela acusação para testemunhar contra Clódio, afirmou nada ter contra o jovem. Ao ser confrontado com o paradoxo - afinal tinha repudiado a mulher - César terá respondido que, apesar de convicto da sua inocência, preferia que sobre a mulher não recaísse qualquer suspeita.