XXI
Aurélio, pai de fomes,
não só destas de hoje, mas também de quantas foram
ou são ou serão em outras idades,
queres encavar o meu miúdo.
E nem disfarças: estás com ele, brincas com ele,
colado ao seu lado tudo tentas.
Em vão: é que a ti, que me tentas tramar,
primeiro te comerei eu com bela foda de boca.
E se ao menos o saciasses, calava-me.
Mas o que me dói, ai eu ai eu!,
é que o rapaz só aprenderá a passar fome e sede.
Por isso desiste, enquanto podes fazê-lo com honra,
não vás tu acabar de boca fodida.
Aureli pater esuritionum
non harum modo sed quot aut fuerunt
aut sunt aut aliis erunt in annis
pedicare cupis meos amores
nec clam nam simul es iocaris una
haerens ad latus omnia experiris
frustra nam insidias mihi instruentem
tangam te prior irrumatione
atque id si faceres satur tacerem
nunc ipsum id doleo quod esurire
me me puer et sitire discet
quare desine dum licet pudico
ne finem facias sed irrumatus
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2 comentários:
Conheceria Eça estes carmina de Catulo?
"Então começou a minha vida de milionário. Deixei bem depressa a casa de Madame Marques – que, desde que me sabia rico, me tratava todos os dias a arroz-doce, e ela mesma me servia, com o seu vestido de seda dos domingos. Comprei, habitei o palacete amarelo, ao Loreto: as magnificências da minha instalação são bem conhecidas pelas gravuras indiscretas da «Ilustração Francesa». Tornou-se famoso na Europa o meu leito, de um gosto exuberante e bárbaro, com a barra recoberta de lâminas de ouro lavrado, e cortinados de um raro brocado negro onde ondeiam, bordados a pérolas, versos eróticos de Catulo; uma lâmpada, suspensa no interior, derrama ali a claridade láctea e amorosa de um luar de Verão."
O Mandarim, Eça de Queirós, capítulo III
Excelente trabalho, o deste blogue. Cheguei cá por acaso, quando me dispunha a falar de Catulo. Obrigado por isto...
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