terça-feira, agosto 14, 2007

Catulo 15


XV

A mim e ao meu amor te encomendo,
Aurélio. Uma graça modesta te peço:
se algo com teu ânimo desejaste,
que quisesses casto e não tocado,
castamente me guardarás o miúdo,
não digo da populaça - nada receio
desses, que pela rua ora aqui ora ali
passam ocupados nos seus assuntos;
a verdade é que tenho medo de ti e da tua pila
infestada por miúdos bons e maus.
Põe-na a andar tu para onde quiseres, como quiseres,
quanto quiseres, fora de casa, onde calhar:
apenas a ele ponho a salvo, razoavelmente, como me parece.
Porque se a tua paixoneta e uma loucura insensata
te fizerem cair, canalha, em tão grande crime
que nos faças perder, com as tuas insídias, a cabeça,
ah!, então pobre de ti, homem de má fortuna,
que de pés atados a porta aberta
te passarão rabanetes e tainhas!

commendo tibi me ac meos amores
Aureli. ueniam peto pudentem
ut si quicquam animo tuo cupisti
quod castum expeteres et integellum
conserues puerum mihi pudice
non dico a populo nihil ueremur
istos qui in platea modo huc modo illuc
in re praetereunt sua occupati
uerum a te metuo tuoque pene
infesto pueris bonis malisque
quem tu qua lubet ut lubet moueto
quantum uis ubi erit foris paratum
hunc unum excipio ut puto pudenter
quod si te mala mens furorque uecors
in tantam impulerit sceleste culpam
ut nostrum insidiis caput lacessas
a tum te miserum malique fati
quem attractis pedibus patente porta
percurrent raphanique mugilesque

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