sábado, dezembro 22, 2007
Pompeios a cores
sexta-feira, dezembro 21, 2007
Biblioteca ideial
Homero, Hesíoso, Esopo, Ésquilo, Píndaro, Sófocles, Eurípides, Heródoto, Tucídides, Aristófanes, Platão, Xenofonte, Aristóteles, Demóstenes, Plauto, Cícero, César, Lucrécio, Salústio, Vergílio, Horácio, Tito Lívio, Tibulo, Ovídio, Lucano, Petrónio, Plutarco, Epicteto, Tácito, Suetónio, Luciano, e Marco Aurélio. Infelizmente, parecem ter ficado de fora autores como Terêncio, Séneca, ou Marcial, do mesmo modo que é estranho que não tenha abrangido, por exemplo, poetas helenísticos; mesmo alguns dos passos escolhidos são discutíveis (de Tácito, escolheram uma citação da Germania, quando o autor escreveu obras de qualidade superior e tem passos sinceramente mais marcantes).
Ainda assim, a Bibliothèque Classique Idéale — De Homère à Marc-Aurèle cumpre o objectivo de reunir num só volume excertos de algumas das obras-primas da literatura clássica, de modo a que as ideias e estética literária deste período de mais de 600 anos se torne familiar a muitas mais pessoas.
O volume custa 29€ e tem 488 páginas.
Bolsa de Investigação
O Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa abre concurso
para atribuição de uma Bolsa de Investigação (BI), a tempo inteiro, para
licenciados, no âmbito do Projecto de Dicionário do Português Medieval.
Requisitos
Os candidatos deverão:
• Possuir o grau de licenciado em Línguas e Literaturas Clássicas ou
em Estudos Clássicos (Latim e Grego), com média de licenciatura
superior a 14.
• Experiência de utilização de ferramentas informáticas.
Condições Preferenciais
• Elementos curriculares relevantes para o Projecto.
Período do Concurso
10 a 26 de Dezembro de 2007
Condições da Bolsa
A bolsa tem a duração de um ano, eventualmente renovável, com
início em 1 de Fevereiro de 2008, e o valor a atribuir será de
€ 745,00 por mês (v. Estatuto do Bolseiro de Investigação Científica
em http://www.fct.mct.pt).
Documentos a Apresentar na Candidatura
• Curriculum Vitae detalhado;
• Histórico das disciplinas ou cópia do certificado de habilitações com
disciplinas discriminadas.
Envio das Candidaturas
As candidaturas devem ser enviadas, por correio normal ou
electrónico, para:
Profa. Maria Francisca Xavier
Centro de Linguística da UNL – L.I. 1
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL
Av. de Berna, 26 C – Piso 4
1069-061 Lisboa
mf.xavier@fcsh.unl.pt
http://www.fcsh.unl.pt/invest/Projecto_Dicionario_Portugues_Medieval.pdf
terça-feira, dezembro 18, 2007
Literaturas Clássicas na BBC Radio 3
De segunda a quinta, das 11h às 11h15 da noite, “The series focuses on the works of the major figures of Greek and Latin literature, philosophy, history and politics, including Thucydides, Euripides, Plato, Horace, Augustine, Tacitus, Juvenal, Cicero and Virgil.” O programa vai para o ar “in six fortnightly blocs, one week with a Greek focus and one week with a Latin focus.”
Entre os responsáveis pelos conteúdos estão professores especialistas (da Open University), um cientista, e um poeta.
Em Portugal, podemos ouvir o programa através da BBC iPlayer, disponível até uma semana depois de ter ido para o ar.
Mais informações, ver aqui.
A BBC Radio 3 é a estação de Rádio de música clássica e jazz, artes e drama da corporação britânica de radiodifusão.
quinta-feira, dezembro 06, 2007
Curso Conimbricense e Verney
Bolsa de Técnico de Investigação
1. Duração e Regime de Actividade:
A Bolsa terá a duração de doze meses, com início em 1 de Fevereiro de 2008, eventualmente renováveis, em regime de exclusividade, conforme regulamento de bolsas da Universidade de Coimbra, sendo o seu valor de 745 Euros mensais acrescido de seguro de acidentes de trabalho e eventualmente seguro social voluntário.
2. Objecto:
Apoio às actividades de investigação do projecto, nomeadamente, leitura e transcrição de textos filosóficos impressos dos séculos XVI-XVIII e a realização de todas as actividades conexas à preparação da sua respectiva edição (impressa e electrónica).
3. Local de Trabalho:
Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra
4. Destinatários:
Licenciados nas áreas das Humanidades com conhecimentos relevantes de língua latina, de leitura de impressos dos séculos XVI-XVIII e de informática.
5. Critérios de Avaliação:
Avaliação Curricular:
- Formação académica para a área do projecto
- Conhecimentos de língua latina
Entrevista
6. Prazo de Apresentação de candidaturas:
Até quinze dias úteis após a publicação do edital
7. Júri responsável pela selecção:
Presidente: Prof. Doutor Mário Avelino Santiago de Carvalho
Vogais: Prof. Doutor Amândio Augusto Coxito
Prof. Doutor António Manuel Martins
As candidaturas deverão incluir Carta de Apresentação e Curriculum Vitae, devendo ainda o requerimento ser acompanhado da documentação prevista no art.º 35 do RBUC e ser remetidas para:
Prof. Doutor Mário Avelino Santiago de Carvalho
Instituto de Estudos Filosóficos
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Largo da Porta Férrea
3004-530 Coimbra
A influência da mitologia clássica na poesia camoniana: a maga Circe e a transformação dos homens em brutos
Centro de Estudos Clássicos
Faculdade de Letras
Cidade Universitária
1600-214 LISBOA
Sala 5.2 - Mestrados
segunda-feira, dezembro 03, 2007
De Trinitate - Apresentação
terça-feira, novembro 27, 2007
Os Doze Césares
A tradução que agora se publica é de João Gaspar Simões, e data de 1963, altura em que foi publicada pela Editorial Presença, encontrando-se esgotada há muitos anos.
Outras traduções:
SUETÓNIO, O Divino Augusto, trad. Agostinho da Silva (Lisboa: Livros Horizonte, 1975).
SUETÓNIO, As Vidas dos Doze Césares, i: Júlio César, Octávio César Augusto, trad. Angelina Pires (Lisboa: Edições Sílabo, 2005).
SUETÓNIO, As Vidas dos Doze Césares, ii: Tibério, Calígula, Cláudio, trad. Adriaan de Man (Lisboa: Edições Sílabo, 2006).
SUETÓNIO, As Vidas dos Doze Césares, iii: Nero, Galba, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito, Domiciano, trad. Adriaan de Man (Lisboa: Edições Sílabo, 2007).
sexta-feira, novembro 23, 2007
quinta-feira, novembro 22, 2007
terça-feira, novembro 20, 2007
Mythical Roman cave ‘unearthed’
The cave believed to be the Lupercal was found near the ruins of Emperor Augustus’ palace on the Palatine hill.
The 8m (26ft) high cave decorated with shells, mosaics and marble was found during restoration work on the palace.
According to mythology Romulus and Remus were nursed by a she-wolf after being left on the River Tiber’s banks.
The twin sons of the god Mars and priestess Rhea Silvia are said to have later founded Rome on the Palatine in 753 BC.
The brothers ended up fighting over who should be in charge of the city, a power struggle which ended only after Romulus killed his brother.
In Roman times a popular festival called the Lupercalia was held annually on 15 February.
Young nobles called Luperci, taking their name from the place of the wolf (lupa), ran from the Lupercal around the bounds of the Palatine in what is believed to have been a purification ritual.
Naked, except for the skins of goats that had been sacrificed that day, they would strike women they met on the hands with strips of sacrificial goatskin to promote fertility.
‘Astonishing history’
Presenting the discovery, Italian Culture Minister Francesco Rutelli said archaeologists were “reasonably certain” that the newly unearthed cave could be the Lupercal.
“This could reasonably be the place bearing witness to the myth of Rome, one of the most well-known cities in the world - the legendary cave where the she-wolf suckled Romulus and Remus, saving them from death,” he said.
“Italy and Rome never cease to astonish the world with continual archaeological and artistic discoveries, and it is incredible to think that we have finally found a mythical site which, by our doing so, has become a real place.”
The ancient cave was found 16m (52ft) underground in a previously unexplored area during restoration work on the palace of Augustus, the first Roman emperor.
Exploration of the cavity was hampered, however, by fears that it might collapse and damage the foundations of the surrounding ruins.
Archaeologists therefore used endoscopes and laser scanners to study it, ascertaining that the circular structure was 8m (26ft) high and 7.5m (24ft) in diameter.
A camera probe later sent into the cave revealed a ceiling covered in shells, mosaics and coloured marble, with a white eagle at the centre.
“You can imagine our amazement - we almost screamed,” said Professor Giorgio Croci, the head of the archaeological team working on the restoration of the Palatine, told reporters.
“It is clear that Augustus... wanted his residence to be built in a place which was sacred for the city of Rome,” he added.
The Palatine hill is covered in palaces and other ancient monuments, from the 8th Century BC remains of Rome's first buildings to a mediaeval fortress and Renaissance villas.
After being closed for decades due to risk of collapse, parts of the hill will re-open to the public in February after a 12m-euro ($17.7m) restoration programme.
Story from BBC NEWS. Published: 2007/11/20 18:24:29 GMT
© BBC MMVII
segunda-feira, novembro 19, 2007
Bibliotrónica Portuguesa
Texto extraído do site da Bibliotrónica Portuguesa:
sábado, novembro 17, 2007
Mundo clássico hoje - Ricardo Araújo Pereira
Ora na capa do dito livro vemos o Ricardo, com uma coroa à maneira clássica, e em baixo, à esquerda, uma brincadeira, um piscar de olhos ao António Lobo Antunes, que tem estado a lançar edições "ne varietur" (*) das suas obras. Tudo bem, até aqui não há problema. O pior é que a seguir diz "nisi ego reperio melior jocus". A frase é agramatical, logo para começar: "melior iocus" é, entende-se, o complemento directo de "reperio", teria de estar em acusativo, e parece-me que o plural seria o mais desejável. A utilização de um presente do indicativo ali, não sendo errada, não é a mais correcta, a não ser que o RAP queira dizer que encontrará mesmo piadas melhors. Por prudência pedia-se ali um conjuntivo. Portanto, e para a coisa bater certo, eu aconselhava a seguinte redacção: "nisi reperiam meliores iocos". No entanto, vale a intenção, e convenhamos, não é uma graçola fácil, e isso é de já de aplaudir.
-----
Definição obtida aqui.
quinta-feira, novembro 08, 2007
Novo Heródoto
Atribuição de Bolsas de Investigação
PTDC/HAH/68899/2006, designado por Plutarco e os fundamentos da identidade europeia, financiado pela
Fundação para a Ciência e a Tecnologia, nas seguintes condições:
1. Duração e Regime de Actividade: Duração de 12 meses, com início previsto para Janeiro de 2008, em
regime de exclusividade, conforme regulamento de formação avançada de recursos humanos da FCT
(http://www.fct.mctes.pt/pt/apoios/formacao/ambitoprojectos) e Regulamento de Bolsas da Universidade de Coimbra
(RBUC). A Bolsa poderá, eventualmente, ser prorrogada por um período adicional de 6 meses.
2. Objecto de Actividade e Orientação Científica: Levantamento bibliográfico, digitalização e tratamento de
dados, bem como apoio na elaboração de relatórios durante as várias fases do projecto.
3. Orientação Científica: A cargo do Prof. Doutor Delfim Ferreira Leão, Investigador Responsável pelo Projecto.
4. Formação Académica: O Concurso destina-se a Licenciados em Línguas e Literaturas Clássicas e
Portuguesa ou outra Licenciatura equivalente, na área dos Estudos Clássicos. Na avaliação curricular, será dada preferência a quem cumprir os seguintes critérios:
- Estar a frequentar um curso de Pós-graduação ou de Mestrado promovido pelo Grupo de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
- Possuir um nível avançado de conhecimentos de Latim e de Grego antigo, e revelar também um bom domínio de línguas modernas.
- Revelar bons conhecimentos informáticos na óptica do utilizador.
- Não ter usufruído ainda do estatuto de técnico de investigação.
5. Remuneração: De acordo com a tabela de valores das Bolsas de Investigação no país atribuídas pela FCT.
6. Documentos de Candidatura: As candidaturas deverão incluir Carta de Apresentação e Curriculum Vitae, devendo ainda o requerimento ser acompanhado da documentação prevista no art. 35º do RBUC e ser a correspondência remetida para:
Prof. Doutor Delfim Ferreira Leão
Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Largo da Porta Férrea
3004-530 Coimbra
7. Prazo do Concurso: Início a 12 de Novembro e termo a 23 de Novembro de 2007.»
O edital pode ser consultado aqui.
Influências greco-latinas na língua árabe IX
O dinar subsiste como unidade monetária em vários países árabes, como a Argélia, o Barém, o Iraque, a Jordânia, o Kuwait (Coveite fica tão feio...), a Líbia e a Tunísia. É também usado em países não árabes, como a Sérvia (динар - dinar) e a Macedónia (денар - denar).
-----
Nota sobre a transcrição dos sons árabes: [â] e [î] correspondem a vogais longas. Na generalidade do Norte de África o [â] soa quase como um [e] longo e aberto: [dîneer].
terça-feira, novembro 06, 2007
Mitos e Lendas da Grécia Antiga
segunda-feira, novembro 05, 2007
Mal Nascida
"Lúcia é uma mal nascida, uma mal amada, é a eterna viúva do seu pai. Um grito antes de ser um corpo, enlouquecida, maltratada e humilhada, sobrevive enlutada com a lembrança do crime e da traição da mãe, grita a sua dor inconsolável para não dar descanso nem paz aos assassinos do pai. Vive na esperança desesperada do regresso do irmão para cumprir a promessa de vingar o sangue do pai."
segunda-feira, outubro 29, 2007
VII Congresso da APEC
domingo, outubro 28, 2007
Grande Prémio de Tradução do P.E.N. Clube Português e da Associação Portuguesa de Tradutores
A atribuição deste prestigiado prémio a professores da FLUL não é inédita, e basta recordar que em 2003 ele foi para o professor Frederico Lourenço, pela sua tradução da Odisseia de Homero, e em 2000 para os professores Arnaldo do Espírito Santo, Cristina Pimentel e João Beato, pelas Confissões de Santo Agostinho. Venham mais, traduções e prémios!
Thíasos representa Agamémnon
quinta-feira, outubro 25, 2007
Apuleio de fresco
Aproveitando-se a presença do tradutor na sala, Cristina Pimentel, Professora Catedrática do Departamento de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, apresentou a obra, chamando a atenção para vários aspectos literários da mesma, alguns da maior relevância, como o facto de aquele ser um dos romances da Antiguidade, e por ser ali que se conta a belíssima história de Amor e Psique.
terça-feira, outubro 23, 2007
Prémio P.E.N. Clube - Ensaio
segunda-feira, outubro 15, 2007
As vitórias e conquistas do Império Romano
Apresentação inicial
Doutor Carlos Fabião
16 de Outubro de 2007 - 10H30 - Anfiteatro IV
sábado, outubro 13, 2007
Symposion e philanthropia em Plutarco
«Prezados colegas e amigos classicistas,
Obrigado pela atenção e votos de bom fim-de-semana,
Delfim Leão»
sexta-feira, outubro 12, 2007
De Trinitate
O De Trinitate de Santo Agostinho é um dos textos mais importantes do Cristianismo primitivo e, consequentemente, da construção daquilo que hoje se denomina a Civilização Ocidental. Por isso é de saudar a nova tradução desta obra ímpar, cujo lançamento decorreu dia 10 de Outubro de 2007, no Centro Pastoral Paulo VI (Fátima). A tradução é de Arnaldo do Espírito Santo (que também coordena), Cristina Pimentel, João Beato e Domingos Lucas Dias. O texto é introduzido e anotado por José Maria Silva Rosa, e está editado nas edições Paulinas.
quinta-feira, outubro 11, 2007
Descoberto Tesouro Romano
Descoberto tesouro romano com milhares de moedas
Estação arqueológica no concelho da Meda escondia na parede da casa de um antigo ferreiro um tesouro em moedas de cobre e bronze
Um tesouro monetário romano do século IV, com 4526 moedas, foi encontrado no sítio arqueológico do Vale do Mouro, Coriscada, concelho de Mêda. Segundo o arqueólogo António Sá Coixão, as moedas de cobre e bronze estavam escondidas numa parede, "juntamente com objectos de ferro, provavelmente na casa que teria pertencido a um ferreiro".
O achado foi feito na quinta-feira passada, no último dia da campanha arqueológica que estava a decorrer desde Julho, adiantou o responsável pelas escavações. "Estava no local com dois homens, já a elaborar os desenhos finais, mas mandei fazer uma sondagem", contou António Sã Coixão.
"Os homens começaram a abrir uma vala e um deles chamou-me a atenção dizendo que estavam lá umas paredes e foi nessa ocasião que encontrámos as moedas escondidas", recordou o arqueólogo, acrescentando que o espólio estava "dentro de um saco de serapilheira, o que é uma coisa para o inédito". Segundo explicou, quem escondeu o "tesouro" executou "um alinhamento de pedras, colocou as moedas no interior de um saco de serapilheira, deitou uma camada de terra e, por cima, disfarçou com ferragens diversas (uma foice, uma picareta, argolas para lareira, duas chaves) e mais terra, para as pessoas pensarem que era uma tulha de ferreiro".
"O dono das moedas enterrou-as no local, mas depois terá morrido e já não as desenterrou, tendo elas permanecido escondidas até agora", supõe o arqueólogo.
António Sá Coixão mostra-se surpreendido com o achado, constituído por um número "invulgar" de moedas. Já tinha encontrado outro "tesouro" de menor grandeza, composto por 414 moedas, durante prospecções em Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa). Todavia, observou, que "os tesouros romanos são encontrados nos sítios mais esquisitos".
O espólio tem "um valor muito grande", tendo em conta a futura musealização do sítio arqueológico e a criação de um museu onde todo o material ali encontrado será mostrado. As 4526 moedas, aponta o arqueólogo, "têm que ser rapidamente inventariadas", para o que serão contactados especialistas que as irão estudar, limpar e inventariar, como aconteceu com o achado de Freixo de Numão.
"Não podem ficar fechadas num cofre, têm que ser preservadas", defendeu, esclarecendo que "as moedas de bronze conservam-se melhor, mas as de cobre estão muito deterioradas".
Na campanha arqueológica deste ano participaram meia centena de arqueólogos, técnicos e alunos de arqueologia de universidades do Porto, Polónia, Sérvia, Jugoslávia, Itália e Espanha.
Nas duas ultimas campanhas arqueológicas foram encontradas diversas áreas revestidas com mosaico policromado idêntico ao de Conímbriga, o que revela a importância do sítio romano do Vale do Mouro. No ano passado foi descoberta uma sala com seis metros quadrados e, este ano, um corredor em L e mais duas salas (uma delas aquecida) também revestidas com mosaicos policromados.
O mosaico está decorado com figurações humanas, geométricas e florais "com seis a sete cores", disse Sá Coixão. O achado datará da segunda metade do séc. III e primeira do séc. IV. Faz parte da área envolvente do complexo do balneário romano que começou a ser estudado em 2002. "Estamos perante uma vila de dimensões muito grandes.
Já escavámos muito, mas ainda estamos muito além daquilo que é o vicus [aldeia] ou vila romana."
terça-feira, outubro 09, 2007
A Sexualidade no Mundo Antigo
Chegou-me finalmente o programa do colóquio Sexualidade no Mundo Antigo, que pode ser consultado aqui.
segunda-feira, outubro 01, 2007
Ancient Literary Criticism
Both works serve the purposes of the intermediate student, and the bibliography makes sufficient knowledge to further study. Please compare these:
Oxford Readings in Classical Studies: Ancient Literary Criticism
Edited by Andrew Laird
491 pages
“The volume makes widely available some important scholarship on the canonical texts of ancient rhetoric and poetics. Whilst there are numerous studies of general trends in classical criticism, this collection offers direct discussions of primary sources, which provide a useful companion to the Russell and Winterbottom anthology, Ancient Literary Criticism. The volume contains a chronology, suggestions for further reading, a new translation of Bernays’ 1857 essay on katharsis, and an important introductory chapter addressing the tension in ancient literary criticism between its place in the classical tradition and its role in contemporary endeavours to reconstruct ancient culture.”
Contents
1. The Value of Ancient Literary Criticism, by Andrew Laird
2. Poetic Inspiration in Early Greece, by Penelope Murray
3. Homeric Professors in the Age of the Sophists, by N. J. Richardson
4. A Theory of Imitation in Plato’s Republic, by Elizabeth Belfiore
5. Plato and Aristotle on the Denial of Tragedy, by Stephen Halliwell
6. Ethos and Dianoia: ‘Character’ and ‘Thought’ in Aristotle’s Poetics, by A. M. Dale
7. Aristotle on the Effect of Tragedy, by Jacob Bernays
8. Literary Criticism in the Exegetical Scholia to the Iliad: a Sketch, by N. J. Richardson
9. Stoic Readings of Homer, by A. A. Long
10. Epicurean Poetics, by Elizabeth Asmis
11. Rhetoric and Criticism, by D. A. Russell
12. Theories of Evaluation in the Rhetorical Treatises of Dionysius of Halicarnassus, by D. M. Schenkeveld
13. Longinus: Structure and Unity, by Doreen C. Innes
14. The Structure of Plutarch’s How to Study Poetry, by D. M. Schenkveld
15. ‘Ars Poetica’, by D. A. Russell
16. Ovid on Reading: Reading Ovid. Reception in Ovid, Tristia 2, by Bruce Gibson
17. Reading and Response in Tacitus’ Dialogus, by T. J. Luce
18. The Virgil Commentary of Servius, by Don Fowler
19. Ancient Literary Genres: a Mirage?, by Thomas G. Rosenmeyer
20. Criticism Ancient and Modern, by Denis Feeney
The volume includes a section with “Suggestions for Further Reading”.
The Cambridge History of Literary Criticism: Volume 1, Classical Criticism
Edited by George A. Kennedy
396 pages.
“Surveying the beginnings of critical consciousness in Greece and proceeding to the writings of Aristophanes, Plato, Aristotle, and Hellenistic and Roman authors, this volume is not only for classicists but for those with no Greek or Latin who are interested in the origins of literary history, theory, and criticism.”
Contents
1. Early Greek views of poets and poetry, by Gregory Nagy;
2. Language and meaning in Archaic and Classical Greece, by George A. Kennedy;
3. Plato and poetry, by G. R. F. Ferrari;
4. Aristotle’s poetics, by Stephen Halliwell;
5. The evolution of a theory of artistic prose, by George A. Kennedy;
6. Hellenistic literary and philosophical scholarship, by George A. Kennedy and Doreen C. Innes; 7. The growth of literature and criticism at Rome, by Elaine Fantham;
8. Augustan critics, by Doreen C. Innes;
9. Latin criticism of the Early Empire, by Elaine Fantham;
10. Greek criticism of the Empire, by Donald A. Russell;
11. Christianity and criticism, by George A. Kennedy.
domingo, setembro 30, 2007
Galerias romanas da Rua da Prata
«As galerias romanas da Rua da Prata em Lisboa, que podem ser visitadas apenas uma vez por ano, abrem ao público de 28 a 30 de Setembro, no âmbito das comemorações das Jornadas Europeias do Património. Nesses dias, o monumento pode ser visitado gratuitamente entre as 10h00 e as 18h00. O acesso às galerias, contemporâneas da cidade de Olisipo (nome romano de Lisboa), será feito em grupos orientados por técnicos do Museu da Cidade, permitindo conhecer uma rede de galerias perpendiculares de diferentes alturas, provavelmente utilizadas na época imperial romana para armazenamento e trabalhos técnicos.
Descobertas 16 anos depois do grande terramoto de 1755 no subsolo da Baixa de Lisboa, durante os trabalhos de reconstrução da cidade, as galerias romanas terão sido edificadas entre o século I a.C. e o século I d.C., tendo em conta as suas características arquitectónicas e construtivas.»
quinta-feira, setembro 27, 2007
As Luzes da Grécia
Grécia na Gulbenkian - Tesouros do Museu Benaki
"A grande matriz da Cultura da Europa é grega, presença que terá hoje maior evidência material através da Filosofia, da Mitologia, do Teatro e da Arte, objectos da atenção e de estudos contemporâneos e de constante curiosidade dos povos a Ocidente e a Oriente ao longo de mais de dois milénios.
«Os Gregos», que nos é permitido conhecer melhor através desta exposição, são convocados por objectos que reflectem o seu pensamento e acção, num tempo que vem do Neolítico, representado por cerâmicas do 6.o milénio, e que se desenvolve até à reunião deste povo como País num Estado Helénico em 1830.
Trata-se de um conjunto altamente representativo da sua riquíssima história, cedido pelo Museu Benaki, de Atenas, através de uma criteriosa e muito generosa selecção de peças das suas colecções."
segunda-feira, setembro 24, 2007
What have the Romans ever done for us?
Francis: We get in through the underground heating system here... up through to the main audience chamber here... and Pilate's wife's bedroom is here. Having grabbed his wife, we inform Pilate that she is in our custody and forthwith issue our demands. Any questions?
Xerxes: What exactly are the demands?
Reg: We're giving Pilate two days to dismantle the entire apparatus of the Roman Imperialist State and if he doesn't agree immediately we execute her.
Matthias: Cut her head off?
Francis: Cut all her bits off, send 'em back every hour on the hour... show him we're not to be trifled with.
Reg: Also, we're demanding a ten foot mahogany statue of the Emperor Julius Caesar with his cock hanging out.
Stan: What? They'll never agree to that, Reg.
Reg: That's just a bargaining counter. And of course, we point out that they bear full responsibility when we chop her up, and... that we shall not submit to blackmail.
Omnes: (Applause) No blackmail!
Reg: They've bled us white, the bastards. They've taken everything we had, not just from us, from our fathers and from our fathers' fathers.
Stan: And from our fathers' fathers' fathers.
Reg: Yes.
Stan: And from our fathers' fathers' fathers' fathers.
Reg: All right, Stan. Don't labour the point. And what have they ever given us in return?
Xerxes: The aqueduct.
Reg: Oh yeah, yeah they gave us that. Yeah. That's true.
Masked Activist: And the sanitation!
Stan: Oh yes... sanitation, Reg, you remember what the city used to be like.
Reg: All right, I'll grant you that the aqueduct and the sanitation are two things that the Romans have done...
Matthias: And the roads...
Reg: (sharply) Well yes obviously the roads... the roads go without saying. But apart from the aqueduct, the sanitation and the roads...
Another Masked Activist: Irrigation...
Other Masked Voices: Medicine... Education... Health...
Reg: Yes... all right, fair enough...
Activist Near Front: And the wine...
Omnes: Oh yes! True!
Francis: Yeah. That's something we'd really miss if the Romans left, Reg.
Masked Activist at Back: Public baths!
Stan: And it's safe to walk in the streets at night now.
Francis: Yes, they certainly know how to keep order... (general nodding)... let's face it, they're the only ones who could in a place like this.
(more general murmurs of agreement)
Reg: All right... all right... but apart from better sanitation and medicine and education and irrigation and public health and roads and a freshwater system and baths and public order... what have the Romans ever done for us?
Xerxes: Brought peace!
Reg: (very angry, he's not having a good meeting at all) What!? Oh... (scornfully) Peace, yes... shut up!
Romani ite domi!
Centurion: What's this, then? "Romanes eunt domus"? People called Romanes, they go, the house?
Brian: It says, "Romans go home. "
Centurion: No it doesn't ! What's the latin for "Roman"? Come on, come on !
Brian: Er, "Romanus" !
Centurion: Vocative plural of "Romanus" is?
Brian: Er, er, "Romani" !
Centurion: [Writes "Romani" over Brian's graffiti] "Eunt"? What is "eunt"? Conjugate the verb, "to go" !
Brian: Er, "Ire". Er, "eo", "is", "it", "imus", "itis", "eunt".
Centurion: So, "eunt" is...?
Brian: Third person plural present indicative, "they go".
Centurion: But, "Romans, go home" is an order. So you must use...?
[He twists Brian's ear]
Brian: Aaagh ! The imperative !
Centurion: Which is...?
Brian: Aaaagh ! Er, er, "i" !
Centurion: How many Romans?
Brian: Aaaaagh ! Plural, plural, er, "ite" !
Centurion: [ Writes "ite"] "Domus"? Nominative? "Go home" is motion towards, isn't it?
Brian: Dative !
[the Centurion holds a sword to his throat]
Brian: Aaagh ! Not the dative, not the dative ! Er, er, accusative, "Domum" !
Centurion: But "Domus" takes the locative, which is...?
Brian: Er, "Domum" !
Centurion: [Writes "Domum"] Understand? Now, write it out a hundred times.
Brian: Yes sir. Thank you, sir. Hail Caesar, sir.
Centurion: Hail Caesar ! And if it's not done by sunrise, I'll cut your balls off.
terça-feira, setembro 18, 2007
750 alunos ingleses aprendem Latim aos 9 anos
Os 15 professores são alunos do King’s College e da University College de Londres, envolvidos neste projecto de alargamento das actividades iniciadas em duas escolas no ano passado, coordenado pela Doutora Lorna Robinson.
Agora, tal como então, os testemunhos das crianças são comoventes: “I know lots of the Latin words because I speak Italian. We make up funny sentences with Latin and English words.”, diz o Joshua de 9 anos. O Fabio declara “I thought it was kind of really fun because I learnt a lot of stuff about Rome and Italy and the language Latin and how they connected different languages.”
Este projecto é financiado pela Universidade de Oxford, pelo Cambridge School’s Classics Project, Friends of Classics e através de doações privadas.
segunda-feira, setembro 17, 2007
domingo, setembro 16, 2007
Steven Saylor, "Roma" (II)
Thus the story begins much earlier than the birth of the mythological twins, in the VIIIth century. Saylor's narrative begins about 1000 b.C., in the banks of the Tiber, where Lars and her daughter Lara initiate the cult of Fascinus, the flying phallus. Of course, it may not be a coincidence that Lara is the name of a Tiber nymph and mother of the Lares. Here begins Saylor's ingenious mixing of myth, legend and history, best seen in Chapter II, presenting as the legend of Cacus and Hercules, and that's also when we see for the first time the Potitii, descendents from Lara and the Fascinus wearers, and the Pinarii - and the legendary origin of the herculean cult in Rome, as told by Vergil in Aen. VIII, 262-279. Always skillfully, through the rest of the book we witness the legendary birth of the Roman Republic, in 753 b.C. (chapter III), the Republic, Coriolanus's sedition and Lucretia suicide (chapter IV), Verginia's rape and the XII tables (chapter V), the capitoline geese and the Gauls (chapter VI), Appius Claudius Caecus and the building of the Appian Way (chapter VII), Scipio Africanus and Plautus (chapter VIII), the Gracchi (chapter IX), Sulla's horror and young Caesar (chapter X), and finally the rise of Octavianus (chapter XI).
We could be lead to think such a large chronological span would become a fragmentary narrative. It is not. Roma is rather a coherent and fascinating narrative fabric. And, as usual, Saylor's erudition is irreprochable - but, what's most, it nevers get boring, it never sounds as a History lecture, as it happens with so many historical fiction writers. Saylor's narrative is vivide and dynamical, we often think he actually was there, witnissing all and telling us what he really saw (please Steven, take me with you next time you travell to ancient Rome). And that's not something easy to do: the trick in historical fiction is to make us believe the author was there, and make us think "I know this is not real, I know I'm being dupped, but I like it and I don't care, as this could and may have happened just like he says".
But to forget willfully this was writen not by a roman but by a XXIst century man, that's only one of Roma's many qualities. Roma is an excellent novel, skillfully writen, a finest historical fiction, proving once again (if necessary) Steven Saylor is one of the best storytellers in modern fiction.
About the didactical qualities of this novel, that's something to talk about in another post. Coming soon.
“O saber ocupa lugar”
“Deixemos de lado as reformas organizativas anunciadas pela ministra da Educação e a abertura tipo choque tecnológico do ano escolar e concentremo-nos no aspecto mais importante do ensino, isto é, na sua qualidade. Atente-se nestes três factos: o anúncio de que a disciplina de Filosofia deixará de ser necessária para aceder ao Ensino Superior, a estranha mistura entre Literatura e Ciências Sociais e a provável extinção, para acesso a certos cursos, do Latim e do Grego. Sou licenciada em Filosofia, para o que, no final do Secundário, tive de me submeter a exames nestas duas línguas mortas. Por razões que não vêm ao caso, não fui boa aluna, mas sinto a falta de conhecimento destas matérias. Há mais de cem anos, no romance Hard Times, Charles Dickens fazia troça de Mr. Gradgrind, para quem no mundo só havia “factos, factos, factos”.
Apesar de baseada numa concepção mutiladora do homem, era, e é, uma ideia popular. Mas a escola não pode ficar reduzida à formação de autómatos capazes de meter um chip num telemóvel. Se desejo que os estudantes aprendam Filosofia, que saibam apreciar um romance e que alguns até dominem o Latim e o Grego é por pensar que aquilo que, a partir de agora, só estará acessível a uma elite o deveria estar a todos. É verdade que, ao longo dos anos, a vida material dos portugueses melhorou, mas terá acontecido o mesmo, e na mesma extensão, à vida intelectual? A resposta é negativa.
A responsabilidade reside nos 26 ministros da Educação que, desde 1974, ocuparam a pasta. Todos, de esquerda e de direita, confundiram elitismo intelectual e exclusivismo social, o que os levou a recusar que a igualdade de oportunidades pudesse ser obtida sem que o nível de exigência do ensino baixasse. Se as disciplinas humanísticas forem extirpadas dos curricula, os nossos filhos e netos terão uma vida mais esquálida do que a nossa, porque lhe teremos dado a ilusão de que eles “sabem”, sem lhes termos oferecido os instrumentos necessários à compreensão do Mundo. É para isso que serve a Filosofia.”
Retenhamos dois aspectos fundamentais: 1.º, não é uma pessoa ligada aos estudos clássicos que diz que eles fazem falta; 2.º, não se trata de uma ex-aluna brilhante de Latim e Grego que diz que estas línguas devem ser estudadas. A necessidade de disponibilizar estas disciplinas no currículo do ensino secundário deve ser uma preocupação de uma sociedade culturalmente informada.
terça-feira, setembro 11, 2007
Jorge Luis Borges - "La Trama"
«La Trama
Para que su horror sea perfecto, César, acosado al pie de una estatua por los impacientes puñales de sus amigos, descubre entre las caras y los aceros la de Marco Junio Bruto, su protegido, acaso su hijo, y ya no se defiende y exclama. "Tú también, hijo mío!" Shakespeare y Quevedo recogen el patético grito.
Al destino le agradan las repeticiones, las variantes, las simetrías; diecinueve siglos después, en el sur de la provincia de Buenos Aires, un gaucho es agredido por otros gauchos y, al caer, reconoce a un ahijado suyo y le dice con mansa reconvención y lenta sorpresa (estas palabras hay que oírlas, no leerlas): "Pero, che!". Lo matan y no sabe que muere para que se repita una escena.»
Jorge Luis Borges, La Trama. Biblioteca Borges, Alianza Editorial, Madrid, 2005
Jorge Luis Borges - "El hacedor"
Nunca se había demorado en los goces de la memoria. Las impresiones resbalaban sobre él, momentáneas y vívidas; el bermellón de un alfarero, la bóveda cargada de estrellas que también eran dioses, la luna de la que había caído un león, la lisura del mármol bajo las lentas yemas sensibles, el sabor de la carne de jabalí, que le gustaba desgarrar con dentelladas blancas y bruscas, una palabra fenicia, la sombra negra que una lanza proyecta en la arena amarilla, la cercanía del mar o de las mujeres, el pesado vino cuya aspereza mitigaba la miel, podían abarcar por entero al ámbito de su alma. Conocía el terror pero también la cólera y el coraje, y una vez fue el primero en escalar un muro enemigo. Ávido, curioso, casual, sin otra ley que la fruición y la indiferencia inmediata, anduvo por la variada tierra y miró en una u otra margen del mar, las ciudades de los hombres y sus palacios. En los mercados populosos o al pie de una montaña de cumbre incierta, en la que bien podía haber sátiros, había escuchado complicadas historias, que recibió como recibía la realidad, sin indagar si eran verdaderas o falsas.
Gradualmente, el hermoso universo fue abandonándolo; una terca neblina le borró las líneas de la mano, la noche se despobló de estrellas, la tierra era insegura bajo sus pies. Todo se alejaba y se confundía. Cuando supo que estaba quedando ciego, gritó; el pudor estoico no había sido aún inventado y Héctor podía huir sin desmedro. Ya no veré (sintió) ni el cielo lleno de pavor mitológico, ni esta cara que los años transformarán. Días y noches pasaron sobre esa desesperación de su carne, pero una mañana se despertó, miró (ya sin asombro) las borrosas cosas que lo rodeaban e inexplicablemente sintió, como quién reconoce una música o una voz, que ya le había ocurrido todo eso y que lo había encarado con temor, pero también con júbilo, esperanza y curiosidad. Entonces descendió a su memoria, que le pareció interminable, y logró sacar de aquel vértigo el recuerdo perdido que relució como una moneda bajo la lluvia, acaso porque nunca lo había mirado, salvo, quizá, en un sueño.
El recuerdo era así. Lo había injuriado otro muchacho y él había acudido a su padre y le había contado la historia. Éste lo dejó hablar como si no escuchara o no comprendiera y descolgó de la pared un puñal de bronce, bello y cargado de poder, que el chico había codiciado furtivamente. Ahora lo tenía en las manos y la sorpresa de la posesión anuló la injuria padecida, pero la voz del padre estaba diciendo: Que alguien sepa que eres un hombre, y había una orden en la voz. La noche cegaba los caminos; abrazado al puñal, en el que presentía una fuerza mágica, descendió la brusca ladera que rodeaba la casa y corrió a la orilla del mar, soñándose Ayax y Perseo y poblando heridas y de batallas la oscuridad salobre. El sabor preciso de aquel momento era lo que ahora buscaba; no le importaba lo demás: las afrentas del desafío, el torpe combate, el regreso con la hoja sangrienta.
Otro recuerdo, en el que también había una noche y una inminencia de aventura, brotó de aquel. Una mujer, la primera que le depararon los dioses, lo había esperado en la sombra de un hipogeo, y él la buscó por galerías que eran como redes de piedras y por declives que se hundían en la sombra. ¿Por qué le llegaban esas memorias y por qué le llegaban sin amargura, como una mera prefiguración del presente?
Con grave asombro comprendió. En esta noche de sus ojos mortales, a la hora que descendía, lo aguardaban también el amor y el riesgo. Ares y Afrodita, porque ya adivinaba (porque ya lo cercaba) un rumor de gloria y de hexámetros, un rumor de hombres que defienden un templo que los dioses no salvarán y de bajeles negros que buscan por el mar una isla querida, el rumor de las Odiseas e Ilíadas que era su destino cantar y dejar resonando cóncavamente en la memoria humana. Sabemos estas cosas, pero no las que sintió al descender a la última sombra.»
Jorge Luis Borges, El hacedor. Biblioteca Borges, Alianza Editorial, Madrid, 2005
sexta-feira, setembro 07, 2007
Estudar os Clássicos (4): Pocket Oxford Latin Dictionary
É evidente que a versão de bolso não haveria de ter todas as informações que o OLD contempla, mas haveria de responder a necessidades básicas dos alunos para a interpretação e tradução de textos mais conhecidos. E James Morwood editou o Pocket Oxford Latin Dictionary, obra cuja versão encadernada toma o nome de Oxford Latin Desk Dictionary. Podemos ver aqui uma amostra para conferirmos a excelente mancha gráfica actual.
O dicionário original foi revisto em 2005. A edição “Desk Dictionary” tem 208 páginas de Latim–Inglês (os verbetes são traduções e não as explicações e notações filológicas que há no OLD; os exemplos são muito escassos) e, tal como a versão original, uma secção considerável de vocabulário de Inglês–Latim. É pequeno e leve, o que o torna extremamente portátil.
Outras secções serão bastante úteis para o utilizador: pronúncia do latim clássico, epítome gramatical, data e tempo romano, pesos e medidas, dinheiro, metros comuns, nomes históricos e mitológicos, nomes geográficos, escritores latinos, datas-chave na história de Roma, latim tardio e medieval e ainda mapas.
O leque cronológico de autores que podem ser traduzidos com este dicionário vai até ao século II d.C. Os significados são incisivos e precisos e algumas informações gramaticais revelam-se úteis.
Tal como o OLD, não tem entradas com remissões do tipo “legis ver lex”, mas essa ajuda pode ser recolhida no epítome gramatical.
Este é mais um instrumento de trabalho de grande qualidade, ao serviço dos classicistas anglófonos.
Estudar os Clássicos 1;
Estudar os Clássicos 2;
Estudar os Clássicos 3.
segunda-feira, setembro 03, 2007
Estudar os Clássicos (3): Oxford Latin Dictionary
O primeiro fascículo do dicionário saiu apenas em 1968, e os restantes foram saindo a ritmo mais ou menos regular, até estar totalmente pronto. O OLD conheceu vários editores, desde A. Souter (o primeiro), tendo o último sido Peter G. W. Glare. Teve sucessivas reimpressões e em 1996 saiu uma versão com corrigenda. A última reimpressão (a que se encontra actualmente no mercado) é de 2006 e corresponde aos mais elevados padrões de qualidade e clareza gráficas (aliás, o seu aspecto é baseado no monumental Oxford English Dictionary).
O dicionário haveria de se tornar a referência mais fiel, completa e rigorosa para a língua latina, com 2160 páginas e 40.000 entradas organizadas segundo um critério de evolução semântica.
É uma obra inultrapassável que não é só um dicionário de Latim–Inglês. É um dicionário de latim com a explicação — o que como se sabe é diferente de simples tradução — dos verbetes em inglês. E é esta característica que lhe confere mais profundidade de análise e utilidade na tradução e compreensão dos textos latinos.
Uma inovação da lexicografia foi a introdução de entradas com prefixos e sufixos latinos e uma “correcção” importante em termos científicos foi a não inclusão de j e v na grafia latina. Outro aspecto fundamental é a informação etimológica, pormenorizada, prestada de modo bem claro e sério.
O âmbito cronológico dos textos de que se serviu o dicionário é muito alargado: das origens do latim, até 200 d.C.: não inclui autores cristãos2, por isso, é uma obra para classicistas e não para medievalistas.
Outra nota importante: das suas 40.000 entradas, não fazem parte as “amigas do estudante”, como a que encontramos, por exemplo, no dicionário de Gaffiot3 (“luxi, parf. de lugeo et de luceo”). Isto porque o OLD não é um dicionário para principiantes, pelo contrário: os exemplos, muitíssimo abundantes (outra vantagem!) não estão traduzidos, além de que o preço é muito elevado.
Prepara-se, actualmente, mas sem data prevista de saída, a versão electrónica do OLD.
1“magnífico” segundo a origem etimológica (‘nobre, eminente, sumptuoso, magnificente’).
2Os estudiosos dessa época encontrarão no Dictionnaire latin-français des auteurs chrétiens, de Albert Blaise uma ferramenta para o seu trabalho. Teria sido, talvez, incomportável alargar tanto as datas — o dicionário ficaria imensamente grande.
Estudar os Clássicos 1;
Estudar os Clássicos 2.
quarta-feira, agosto 29, 2007
A Sexualidade no Mundo Antigo
Publicações em linha
sexta-feira, agosto 24, 2007
Navio romano do século I a.C. descoberto em Cartagena
24.08.2007 - 17h46 Marta Ferreira dos Reis
No âmbito da iniciativa espanhola para a valorização do património cultural subaquático, o objectivo era encontrar alguns vestigios arqueológicos e aumentar o volume de documentação sobre a geofísica da baía de Cartagena. No fundo do mar, entre algumas âncoras romanas e dois barcos dos séculos XIX e XX, estava um navio romano do século I a.C. em bom estado de conservação.
"Um barco não é uma descoberta pouco frequente, mas é muito importante. Estes barcos preservam muitas vezes as cargas que são muito interessantes em termos arqueológicos", disse Carlos Batata, especialista em arqueologia romana. "Estes navios faziam a ligação comercial entre Roma e a Península Ibérica e permitem conhecer melhor o comércio da altura", disse.
A iniciativa partiu Museu Nacional de Arqueologia Marítima e do Centro de Investigacões Arqueológicas Submarinas e teve o apoio técnico e logístico da Aurora Trust, uma organização norte-americana sem fins lucrativos que ajuda países, instituições e empresas privadas a explorar o oceano e todos os recursos culturais, biológicos e físicos submersos.
O PUBLICO.PT perguntou a Carlos Batata o que se faz com um barco afundado há mais de dois mil anos: "É feita uma escavação como se se estivesse em terra. Faz-se a quadriculagem do espaço e recolhem-se os objectos, identificando as posições. Tiram-se fotografias e desenha-se o barco. Depois pode ser removido e há meios de conservação cá fora, mas a partir daí a deterioração é rápida".
"Em Portugal, os únicos vestígios subaquáticos encontrados foram algumas âncoras nas Berlengas", disse o especialista. "Suspeita-se que haja barcos destes afundados no Tejo porque os pescadores costumam encontrar alguns objectos na zona de Vila Franca de Xira. Ainda não se investigou a fundo, há falta de meios. Estamos a perder coisas únicas que vão sendo destruídas pelas actividades marítimas".»
Notícia no Público em linha.
terça-feira, agosto 14, 2007
Catulo 15
XV
A mim e ao meu amor te encomendo,
Aurélio. Uma graça modesta te peço:
se algo com teu ânimo desejaste,
que quisesses casto e não tocado,
castamente me guardarás o miúdo,
não digo da populaça - nada receio
desses, que pela rua ora aqui ora ali
passam ocupados nos seus assuntos;
a verdade é que tenho medo de ti e da tua pila
infestada por miúdos bons e maus.
Põe-na a andar tu para onde quiseres, como quiseres,
quanto quiseres, fora de casa, onde calhar:
apenas a ele ponho a salvo, razoavelmente, como me parece.
Porque se a tua paixoneta e uma loucura insensata
te fizerem cair, canalha, em tão grande crime
que nos faças perder, com as tuas insídias, a cabeça,
ah!, então pobre de ti, homem de má fortuna,
que de pés atados a porta aberta
te passarão rabanetes e tainhas!
commendo tibi me ac meos amores
Aureli. ueniam peto pudentem
ut si quicquam animo tuo cupisti
quod castum expeteres et integellum
conserues puerum mihi pudice
non dico a populo nihil ueremur
istos qui in platea modo huc modo illuc
in re praetereunt sua occupati
uerum a te metuo tuoque pene
infesto pueris bonis malisque
quem tu qua lubet ut lubet moueto
quantum uis ubi erit foris paratum
hunc unum excipio ut puto pudenter
quod si te mala mens furorque uecors
in tantam impulerit sceleste culpam
ut nostrum insidiis caput lacessas
a tum te miserum malique fati
quem attractis pedibus patente porta
percurrent raphanique mugilesque
domingo, agosto 05, 2007
quarta-feira, agosto 01, 2007
Mundo clássico hoje - Farmácia Sanitas
Festival de Teatro Clássico de Mérida
terça-feira, julho 31, 2007
Steven Saylor, "Roma"
http://culturaclassica.blogspot.com/2007/09/steven-saylor-roma-ii.html
Steven Saylor é um dos mais interessantes cultores do romance histórico na actualidade, concretamente na ficção de temática romana. Tornou-se conhecido graças à série Roma sub Rosa, onde se acompanha o estertor da República através das aventuras de Gordiano, uma espécie de detective privado avant la lettre. Com efeito, é difícil de distinguir a linha que separa o romance histórico da narrativa de mistério, nesta Roma sub Rosa. Gordiano é a personagem principal numa narrativa feita na primeira pessoa. Movimenta-se entre os notáveis do seu tempo: trabalha para Cícero contra Sula, bebe copos com Catulo, deixa-se seduzir por Clódia, priva com César e Cleópatra, é anfitrião de Catilina, incompatibiliza-se com Crasso... E em momento nenhum parece a forçada a narrativa de Saylor. As personagens têm alma, não se limitam a ser manequins numa reconstituição histórica. Aliás este é um dos pontos fortes de Saylor: os seus mistérios são verdadeiras aulas de História Antiga, sem que em momento algum sintamos que nos está a ser dada uma aula. Os dados históricos e culturais fluem naturalmente, num registo "toda a gente sabe isto, mas vamos lá recordar para os mais distraídos" que não viola nunca a hábil verosimilhança narrativa de Saylor.
Vem isto a propósito do novo romance de Steven Saylor, Roma, editado há poucos meses, e ainda não traduzido em Português (mas vai ser, garantiram-me o autor e a tradutora, a doutora Maria José Figueiredo, do Departamento de Filosofia da FLUL). Ainda não o terminei, vou em cerca de metade. Não me está a desiludir. Pelo contrário. Roma é Saylor no seu melhor. O romance percorre a história de Roma, desde o período anterior à fundação até à morte de César. Saylor recorre a um hábil estratagema que lhe permite contar uma história que dura mil anos, mantendo sempre um fio condutor coerente. A obra está dividida em vários capítulos, histórias aparentemente independentes. O ponto de união é a história de duas famílias patrícias, os Potitii e os Pinarii, e de um talismã que vai passando de geração em geração. Mas isto é apenas o pretexto para um objectivo bastante mais ambicioso: contar alguns dos principais momentos da história de Roma. Sem que, de novo, em momento algum pareça que está a fazer aquilo que de facto está a fazer: dar-nos uma aula magistral sobre a história de Roma, tanto a histórica como a lendária. É assim que no primeiro capítulo, "A stop on the salt route (1000 BC)", se dá conta, por entre uma história de amor, ciúme e morte, da importância estratégica, do ponto de vista comercial, do território que viria mais tarde a ser Roma. No segundo capítulo, "A Demigod passes through (850 BC)", é-nos apresentada uma versão da lenda de Hércules e Caco, e do início do culto de Hércules no território da futura Roma. O terceiro capítulo, "The twins (757-716 BC)", apresenta-nos Rómulo e Remo. Assistimos à ascensão e queda de Rómulo, não de uma perspectiva lendária, mas humana e verosímil quanto baste. O quarto capítulo, "Coriolanus (510-491 BC)", narra, como o título indica, a lenda de Coriolano, bem como a queda da Monarquia e a vitória da República, sem esquecer, como é evidente, o suicídio de Lucrécia. O quinto capítulo, "The twelve tables (450-449 BC)", situa-se durante o governo dos Decênviros, e não esquece a morte de Virgínia às mãos do próprio pai, elemento à volta do qual, de resto, se constrói a narrativa. E mais não digo, pois ainda agora estou a iniciar o sexto capítulo, "The vestal (393-373 BC)".
Além da sua função de entretenimento e fruição estética, Roma tem evidentes potencialidades didácticas. Estes capítulos podem ser utilizados de forma autónoma, no ensino secundário, como motivação para o estudo das temáticas históricas e culturais neles presentes. Porque, insisto, Saylor é dono de uma erudição assinalável, apresentando a História de Roma com um rigor irrepreensível. Mas sem nunca deixar de o temperar com o seu extraordinário talento de contador de histórias. Um dos mais interessantes no campo do romance histórico.