«Morto buscava a Madalena a Cristo na sepultura, e a perseverança e amor com que insistiu em o buscar morto, foi causa de que o Senhor lhe enxugasse as lágrimas e se lhe mostrasse vivo. Grande exemplar temos entre mãos! Assim como a Madalena, cega de amor, chorava às portas da sepultura de Cristo, assim Portugal, sempre amante de seus reis, insistia ao sepulcro de el-rei D. Sebastião, chorando e suspirando por ele; e assim como a Madalena no mesmo tempo tinha a Cristo presente e vivo, e o via com seus olhos e lhe falava e não o conhecia, porque estava encoberto e disfarçado, assim Portugal tinha presente e vivo a el-rei nosso senhor, e o via e lhe falava e não conhecia. Porquê? - Não só porque estava, senão porque ele era o encoberto.»
domingo, novembro 30, 2008
sábado, novembro 29, 2008
A conquista de Tebas segundo Gus van Sant
When?
[Inhales deeply] Two weeks ago.
How'd you do it?
Well, I got…I did more than that, actually.I said to Gerry…[Clears throat]”I ruled this land for 97 years, and…" “…and I'd like it.”I had all the sanctuaries built, and then I…This hot lava leaked out of a volcano and half destroyed my sanctuary to Demeter, I guess it was.And…But I didn't have the marble to rebuild, like, the sculptures and that to fix the sanctuary. I had all these docks too, like, Calydon and Argos and…I had everything.Everything.I was trading with, like, 12 cities and… I had a really good army.But the river had just flooded. And it flooded out,like, four of my docks, and I couldn't import the marble to rebuild the sanctuary. Demeter got pissed off, and she made my fields infertile. And then…So I couldn't grow the grass. I couldn't grow the wheat to feed the horses. And there was no…I couldn't…And there was nowhere for the Stephens to graze.And some of my people were growing hungry and restless, and then…And I couldn't trade because the rivers had flooded.And so, Knossos, one of my vassals,got really upset with me and turned against me.And they… attacked me.And because I couldn'ttrain any sheep'cause I didn't have the wheat.I didn't have…I didn't have a, um, a…
You couldn't train sheep?
I couldn't train the horses because I didn't have wheat.And so when they attacked me,they just dogged me. And I actually went to send my army out to defend the city, and you can only send them out if you have 12 trained horses,and I had 11.So I was one horse shy…of almost saving my city.
So then you didn't really…
Oh, I had just conquered Thebes, and then that happened.
quinta-feira, novembro 27, 2008
Há 2016 anos, morria o poeta Quinto Horácio Flaco.
Horácio foi "uma das mais brilhantes figuras literárias do século de Augusto", tendo desde cedo na nossa literatura influenciado diversos autores nacionais (este influxo ficou conhecido por horacianismo). "Esta influência exerceu-se, quer pela leitura directa do texto das Odes, quer pela doutrinação estética derivada da Epístola aos Pisões (...). Pode datar-se historicamente o culto pela lírica horaciana do surto erudito que leva à redescoberta das literaturas antigas e se integra no movimento geral do Renascimento." "Com o surto do Romantismo, a voga do vate latino parece entrar no seu declínio, mas não sem que surjam ainda alguns autores cuja obra é como um fruto tardio no meio das modas literárias do tempo." "A sensibilidade moderna ainda pode vibrar à leitura do texto latino e um dos nossos poetas mais intelectualizados, Fernando Pessoa, atinge no livros das Odes (...) uma sóbria e marmórea disciplina formal, em que se evidencia uma profunda assimilação dos valores estéticos, verbais e rítmicos, do horacianismo". Luís de Sousa Rebelo, A Tradição Clássica na Literatura Portuguesa (Lisboa: Livros Horizonte, 1982), 106, 109, e 110.
quarta-feira, novembro 26, 2008
Saiu o 2.º volume das Metamorfoses
Está à venda nas boas livrarias o segundo volume das Metamorfoses de Ovídio, traduzidas por Domingos Lucas Dias (Professor da Universidade Aberta e um dos tradutores do De Trinitate, de Santo Agostinho, equipa essa recentemente galardoada com o prémio de tradução científica e técnica União Latina/FCT). Sobre o primeiro volume e as impressões que me causou, ver este texto.
O segundo volume tem as mesmas características do primeiro: bilíngue (os erros que apontei no latim foram corrigidos) e notas explicativas, sendo ainda notável a fluidez literária e literal do texto ovidiano. O livro, de 24,15€, editado pela Vega, tem ainda posfácio, índice temático, índice remissivo para os dois volumes (algo que faltava no primeiro e é agora suprido), e uma linda capa azul.
Aproveito para recordar que irá realizar-se nos dias 11 e 12 de Dezembro, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o colóquio Sociedade e Poder no Tempo de Ovídio (promovido pelo Centro de História da Universidade de Lisboa e pelo Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra).
sexta-feira, novembro 21, 2008
Porquê estudar latim e grego?
À TSF vai Isaltina Martins, presidente da associação de professores de Latim e Grego:
15h-16h [esta semana o programa termina às 16h]: que sentido tem, hoje, aprender latim e grego? Há um evidente - porque comensurável - desinteresse pela aprendizagem destas duas línguas que passaram de moda, o que se reflecte no encerramento de cursos superiores e no cada vez menor número de alunos no secundário.É com este contexto que vem ao programa Isaltina Martins, professora de latim na Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, e presidente da Associação de Professores de Latim e Grego.
Ao longo do programa vamos ouvir alunos do secundário e da universidade que estudam latim e grego.
Mais Cedo ou Mais Tarde, hoje, depois das 3h da tarde na TSF. Pode ser ouvido mais tarde aqui e em podcast.
quinta-feira, novembro 20, 2008
quarta-feira, novembro 19, 2008
Os últimos 10 anos
Está patente a partir de hoje e até 6 de Dezembro, na Sala de Referência da Biblioteca Nacional, uma mostra bibliográfica evocativa dos livros publicados em Portugal nos últimos 10 anos sobre o Padre António Vieira (edições literárias incluídas). No sítio da Biblioteca, lê-se:
No âmbito das Comemorações do IV Centenário do Nascimento do Padre António Vieira (1698-2008) e do Congresso Internacional alusivo à efeméride promovido conjuntamente pelo Centro de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pelo Centro de Estudos de Filosofia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e pela Cúria Provincial da Província Portuguesa da Companhia de Jesus, a realizar entre 18 e 21 de Novembro, a Biblioteca Nacional de Portugal associa-se às celebrações através da organização de uma mostra evocativa.A presente iniciativa vem dar continuidade às comemorações do Terceiro Centenário da Morte do Padre António Vieira, ocorridas em 1997, em que esta Instituição participou, designadamente com a organização de uma exposição, a edição crítica do Livro III da Clavis Prophetarum (Chave dos Profetas) e a publicação de um catálogo que contemplou, de forma exaustiva, a bibliografia activa e passiva do Padre António Vieira até então produzida.
As obras que integram esta mostra são as mais relevantes que, entre 1998 e 2008, foram editadas em Portugal e no estrangeiro, encontrando-se integradas nas colecções da BNP ou em colecções particulares. No próximo ano, proceder-se-á à publicação de uma adenda que actualizará o referido catálogo, bem como à publicação de mais dois livros da Chave dos Profetas.
Resta-me adicionar que a Chave dos Profetas foi e continua a ser traduzida pelo Professor Arnaldo do Espírito Santo e que o volume entretanto publicado (em edição bilíngue pela Biblioteca Nacional) venceu o prémio de Tradução Científica e Técnica FCT/União Latina 2001.
Councils ban use of Latin terms
A number of local councils in Britain have banned their staff from using Latin words, because they say they might confuse people.
Several local authorities have ruled that phrases like "vice versa", "pro rata", and even "via" should not be used, in speech or in writing.
But the ban has prompted anger among some Latin scholars.
Professor Mary Beard of Cambridge University said it was the linguistic equivalent of ethnic cleansing.
Some local councils say using Latin is elitist and discriminatory, because some people might not understand it - particularly if English is not their first language.
Bournemouth Council is among those which have discouraged Latin. It has drawn up a list of 18 Latin phrases which its staff are advised not to use, either verbally or in official correspondence.
The council denies that it places a ban on Latin words.
A council spokesman said: "We advise against using certain words, particularly when staff are writing to those whose first language may not be English.
"The advice is intended as a guide only, not a direction."
However, the council's Plain Language Guide lists Latin under the heading "Things To Avoid".
Other local councils have banned "QED" and "ad hoc", while other typical Latin terms include "bona fide", "ad lib" and "quid pro quo".
But the move has been welcomed by the Plain English Campaign which says some officials only use Latin to make themselves feel important.
A Campaign spokesman said the ban might stop people confusing the Latin abbreviation e.g. with the word "egg".
Ouvir Peter Jones no programa Today, da BBC Radio 4.
terça-feira, novembro 18, 2008
Argos
Facilmente aceitamos a realidade, talvez por intuirmos que nada é real. Perguntei-lhe o que sabia da Odisseia. A prática do grego era-lhe penosa; tive de repetir a pergunta.
"Muito pouco", disse. "Menos que o mais pobre dos rapsodos. Já se terão passado mil e cem anos desde que a escrevi."
Jorge Luís Borges, "O Imortal", O Aleph
segunda-feira, novembro 17, 2008
I Curso Livre Sexualidade & História
O Curso consta de dez sessões, abrangendo uma ampla diacronia e uma multiplicidade de abordagens, e decorrerá semanalmente, todas as quartas-feiras, das 18h às 20h, no Anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo o seu início a 7 de Janeiro de 2009 e término em 11 de Março de 2009. A inscrição importa no valor de 100 EUR, sendo de 80 EUR para alunos da Faculdade de Letras.
Calendário e títulos das sessões:
7 de Janeiro: “Roma e a sua Moral da violação”, pelo Prof. Doutor Júlio Machado Vaz.
14 de Janeiro: “Na Pré-História do sexo: entre a natureza e a cultura”, pelos Prof.s Doutores João Pedro Ribeiro e Mariana Diniz.
21 de Janeiro: “Assim na terra como no céu: a sexualidade no Antigo Egipto”, pelo Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo.
28 de Janeiro: “A sexualidade no Oriente pré-clássico e bíblico”, pelos Professores Doutores José Augusto Ramos e Francisco Caramelo.
4 de Fevereiro: “Eurídice é morta. Parafilias e suas representações na mitologia grega”, pelo Prof. Doutor Nuno Simões Rodrigues.
11 de Fevereiro: “O corpo e a sexualidade: entre Mouros e Cristãos”, pela Prof.ª Doutora Maria Filomena Lopes de Barros.
18 de Fevereiro: “Sexualidade na Idade Média: o «fruto permitido» e o «fruto proibido»”, pela Prof.ª Doutora Ana Maria Rodrigues.
25 de Fevereiro: “Filhos da castidade e do pecado. Afectividade e enjeitamento na antiga sociedade portuguesa”, pela Prof.ª Doutora Maria de Fátima Reis.
4 de Março: “De Eva a Dánae: representações da sexualidade na Arte”, pelos Prof.s Doutores Vítor Serrão e Luís Urbano Afonso.
11 de Março: “Sexualidade na época contemporânea: literatura licenciosa portuguesa dos séculos XVIII e XIX”, pelo Prof. Doutor António Ventura.
domingo, novembro 16, 2008
Mensagem Telegráfica
Luís Miguel Cintra dirá um sermão de padre António Vieira.
Entrada Livre.
sábado, novembro 15, 2008
Brevíssimo curso de literatura grega e latina
Habemus magistrum
quinta-feira, novembro 13, 2008
sábado, novembro 01, 2008
Ilusão cultural
Até que a casa caia
Nos últimos anos, nos ensinos básicos e secundário, institucionalizou-se uma espécie de loucura pedagógica. As disciplinas onde se transmitem saberes foram perdendo importância. Se eram difíceis, tornavam-se fáceis ou dispensáveis, como agora se viu com a Matemática. Simultaneamente todos os dias se repetia (e repete!) que os conteúdos têm de ser apelativos, pois supostamente o ensino deve ser lúdico e os alunos devem aprender sem esforço. À conta desta política de promoção do sucesso, entra-se em Engenharia sem ter estudado Matemática e a disciplina de Química corre o risco de desaparecer no ensino secundário porque os alunos não a escolhem. Idem para o Latim e para a Filosofia. Adeus equações, declinações e pensamento racional. Estuda-se um bocadinho de Psicologia e o resultado é o mesmo. Uma vez na faculdade, logo se vê. E se os engenheiros ainda vão estudando Matemática durante o curso — embora não a suficiente, porque mais de metade dos licenciados pelos 316 cursos de Engenharia existentes em Portugal chumbam no exame que a Ordem dos Engenheiros exige para o exercício da profissão — no caso dos antigos cursos de Letras, transformados cada vez mais numa versão literária das antropologias e sociologias, corre-se o risco de ver desaparecer os departamentos de Estudos Clássicos.
Noutras disciplinas, como a Física, baixou-se o nível de exigência nos exames nacionais de modo a que as estatísticas melhorassem. Mesmo nas línguas estrangeiras a opção pelo que se acha mais fácil pode levar a que se troque o francês pelo espanhol. A memorização tornou-se uma expressão maldita e arreigou-se a convicção de que o saber nasce das entranhas das crianças num fenómeno equivalente à intervenção do Espírito Santo que fez dos Apóstolos poliglotas. Os desaparecidos Trabalhos Manuais e Oficinais deram lugar às doutas tecnologias e áreas disto e daquilo, sendo que nestas disciplinas os alunos tanto podem levar o ano a fazer caixinhas de papel tipo pasteleiro, pintar cartazes para salvar a água, estudar, com detalhe, nas etiquetas da roupa a simbologia do torcer e lavar a seco, confeccionar bolos com pouco açúcar ou usar abundantemente as teclas “seleccionar-copiar-colar” da sala dos computadores. E para quê queimar as pestanas a estudar Química? Não existe, em alternativa, uma panóplia de disciplinas muito mais fáceis que, diz o “pedagoguês”, desenvolvem “novas competências e dinâmicas de interactividade”? Quanto aos professores, sobretudo com o actual modelo de avaliação, é sem dúvida bem mais fácil e propiciador de sucesso na carreira ser “ensinante” de Área de Projecto, nas quais os alunos invariavelmente obtêm melhores resultados, do que meter mãos à tarefa de dar aulas de Física ou Matemática.
A degradação do ensino não começou com este Governo. O que este Governo trouxe de novo foi a capacidade de transformar essa degradação, que os anteriores procuravam negar, num sinal de modernidade e progresso. Entrar em Engenharia sem ter feito exame a Matemática deixa de ser uma aberração e passa a “inovação”. Os conteúdos não contam, o que conta é o embrulho tecnológico com que chegam às mãos dos alunos. O Ministério da Educação há muito que vive num universo de ficção. O que Maria de Lurdes Rodrigues conseguiu foi que assumíssemos que essa ficção é do domínio do grotesco e que já não nos indignemos com isso.
Devo ainda acrescentar que nas faculdades de Letras os cursos de literatura estão a ser substituídos por cursos de “ciências da cultura”… Mas não nos iludamos com a nomenclatura. O fim da interpretação e da reflexão sobre textos literários é o início dos estudos de abrangência falsamente cultural onde nada se aprofunda e de tudo pouco se sabe.