quinta-feira, junho 26, 2008

Homero e o eclipse

«Então entre eles tomou a palavra o divino Teoclímeno:
"Ah, desgraçados! Que mal sofreis? A noite encobre
as vossas cabeças, os vossos rostos, e até os vossos joelhos
por baixo! Ardem os gritos de dor, cheias de lágrimas estão
as vossas faces, e manchadas
de sangue as paredes e o tecto.
O adro está repleto de fantasmas; repleto está o pátio;
para a escuridão do Érebo se precipitam e o sol
desapareceu do céu e tudo cobre a bruma do mal."



Passagem sobre o eclipse na Odisseia, Canto XX, versos 350 a 357
Ed. Livros Cotovia
Tradução de Frederico Lourenço

Terá Homero feito uma alusão velada ao facto de que, no dia em que Ulisses regressa a casa, houve um eclipse total do Sol em Ítaca? Fala-se disso há séculos, mas já ninguém acreditava. Só que, agora, novos dados científicos parecem confirmá-lo.»


É assim que começa a reportagem do Público, no caderno P2 de hoje, sobre a velha possibilidade de a Odisseia aludir a um eclipse solar.

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