quinta-feira, julho 05, 2007

Metamorfoses em análise (01)

As Metamorfoses de Ovídio passaram a ser o assunto número um deste blogue. Penso que tal se deve ao facto de Ovídio ser um autor de que se gosta com facilidade; depois, porque, com a publicação da edição da Cotovia, ficaram disponíveis em língua portuguesa duas traduções recentes e filologicamente sérias desta obra. Trata-se de um fenómeno raro em Portugal, este de tradução dos autores clássicos, mas que, que nos últimos anos — e felizmente —, tem sido mais frequente1, muito por mérito dos Livros Cotovia, que merecem todos os meus elogios2.
Porém, com a duplicação de traduções, qual é que devemos escolher? Pessoalmente, não sei, mas tenho a vantagem de ter as duas. É possível, porém, reflectir sobre elas. A comparação é difícil por diversos motivos, começando no facto de se eu fizer uma comparação exaustiva, teria de escrever uma tese de doutoramento, cheia de notas filológicas e literárias. Por isso, escolhi fazer uma breve comparação, pegando em pequenos excertos, e sobre eles fazendo comentários.
Antes de entrar nesse confronto, é importante recordar as características dos dois volumes, as qualidades e defeitos (que muitas vezes não são da responsabilidade dos tradutores!).












VegaCotovia

1) Dois volumes, capa mole.
2) Badanas com informações erradas:
Linha 2: Sâmnio por Solmona
Linha 5: “declamação” – a retórica dos sofistas por oratória
Linha 20: 9 a.C. por 8 d.C.;
3) Boa introdução, com dados importantes.
4) Notas em rodapé.
5) Subtítulos no corpo do texto.
6) Sem índice de mitos, mas há que ter em conta que este pode vir a ser introduzido no segundo volume. Como está, é difícil de localizar os mitos na obra.
7) Edição bilíngue.

1) Um grande volume de 443 páginas; capa dura, fita marcadora, sobrecapa.
2) Mapas que localizam os “principais elementos geográficos citados”.
3) Introdução muito completa; fornece linhas de leitura.
4) Notas em rodapé.
5) Guia de leitura no canto superior da página, sem interferir no texto.
6) Índice remissivo de mitos e glossário no fim. Facilita incondicionalmente a localização dos mitos na obra.
7) A tradução segue fielmente a edição de R. J. Tarrant.


1 Penso que Ovídio é, nesse sentido, um dos autores com mais “sorte”, pois, como lembrei antes, existem em (bom e fiel) português as obras Arte de Amar e Amores, vertidos pelo Professor Carlos Ascenso André, da Faculdade de Letras de Coimbra.
2 Já agora, atrevo-me a pedir ao meu colega André que acabe as traduções dos carmes de Catulo para os submeter a esta editora, pois a qualidade do trabalho que o tradutor está a fazer merecem essa distinção.

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