quarta-feira, abril 23, 2008

Para aprender a escrever

Entrevista de António Lobo Antunes, na LER de Maio de 2008 (p. 38):

«Tem medo de que esse livro que está em poder das suas filhas seja publicado, um dia?
Não. Eu já cá não estou, não é? Medo não. Porque eu hei-de ser avaliado pelo melhor que fiz e não pelo pior. Sabe, nós agora estamos a comemorar o bimilenário do exílio de Ovídio. Ele dizia que a obra dele ia vencer o tempo, o fogo e o ferro. E venceu. Ele só fez coisas extraordinárias. Eu tento traduzir os poetas latinos. O meu latim é mau mas lá ponho o indicador no substantivo, o mindinho no verbo e tal.

Ainda continua a fazer esse exercício, hoje?
Sim. Para aprender a escrever.»

3 comentários:

Ricardo disse...

Um grande senhor!
E uma sugestão para o clube das Clássicas.

André . أندراوس البرجي disse...

Quem sabe? Ele é amigo de uma pessoa do departamento ;)

mademoiselle disse...

Nada contra o latim, mas essa passagem de Borges(como outras dele..) é extremamente infeliz, mostra um desprezo pelas línguas índigenas digno do pior ignorante-e até hoje na Argentina há regiões em que falantes de línguas indígenas são discriminados pelos que falam espanhol. Enfim, péssima escolha esse excerto.