quinta-feira, janeiro 31, 2008

VII Congresso Internacional da APEC


Decorre entre 10 de 12 de Abril de 2008, em Évora, o VII Congresso Internacional da Associação Portuguesa de Estudos Clássicos. O tema é "Espaços e Paisagens. Antiguidade Clássica e Heranças Contemporâneas". Mais informações aqui:

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Antígona na Barraca a partir de sábado


Sábado estreia no Cinearte, teatro da Barraca, a peça Antígona, de Sófocles (a partir da tradução de Maria Helena da Rocha Pereira).

A profundidade de Sófocles a analisar problemas como a fractura entre a lei natural e a lei do estado. A contradição entre a Justiça e a Lei, a tirania que se serve de decretos casuísticos para fundamentar e apoiar a sua “vontade de poder” e a desobediência de quem se torna intolerante perante o domínio do arbitrário transformado em lei, fazem de Antígona o texto mais exemplar e duradouro da tragédia grega.
Depois de um enorme percurso sobre as Antígonas da dramaturgia universal A BARRACA fixou-se no texto luminoso de Sófocles. A peça com 2500 anos é ainda uma lição sobre os extremismos dos nossos dias. O conflito que opõe Antígona ao poder autoritário acaba por ser o elogio do equilíbrio e do diálogo como forma de salvar as democracias.


Maria do Céu Guerra

Encenação: Maria do Céu Guerra
Elenco: Rita Lello (Antígona), José Medeiros (Creonte), João D’Ávila, Jorge Gomes Ribeiro, Maria do Céu Guerra, Mariana Abrunheiro, Rita Fernandes, Pedro Borges, Ruben Garcia, Sérgio Moras, Tiago Cadete

Horários: de quinta-feira a sábado, às 21h30; domingo às 16h.
Bilhetes a 12,5 € (menores de 25 anos, maiores de 65, estudantes, reformados, e grupos com mais de 15 pessoas: 10€); às quintas, é preço único, 5€.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

On this day

Neste dia, no ano 41, o imperador Calígula, conhecido pelos seus extraordinários excessos, é assassinado pelos seus guardas. Informação daqui.

Roma traduzido

O último livro de Steven Saylor, Roma, encontra-se já traduzido em português. Sendo editado pela Bertrand Editora, é de elogiar a correcta versão dos nomes próprios, ao contrário do que a editora nos tem acostumado. Vivas para a tradutora e para a revisora.

terça-feira, janeiro 22, 2008

É já amanhã!

«Homero
Meu caro Joseph, o de chapéu breve e longas ideias na cabeça. Meu caro Bloom, de lebre morta nos braços, todos os dias, como se o animal morto fosse um animal vivo ou uma peça de vestuário. Bloom, o da lebre morta nos braços. E ainda Johana, a mulher que escutava como se a capacidade de ouvir terminasse junto aos seus delicados pés femininos. Conta histórias a Johana que Johana não se cansa, que Johana é a literatura."

Gonçalo M. Tavares,
Biblioteca, Campo das Letras, 2004

segunda-feira, janeiro 21, 2008

De Grécia e Roma, raízes do Ocidente

Mestrado ‘Literatura Clássica e Cultura Europeia’

De Grécia e Roma, raízes do Ocidente



com o Professor Raul Miguel Rosado Fernandes

24 de Janeiro de 2008
Anfiteatro III
18.00 horas

terça-feira, janeiro 15, 2008

Mundo clássico hoje - o centauro do Banif

Em contexto de renovação da marca, o Banco Internacional do Funchal apresenta uma nova imagem cujo símbolo é um centauro. É um bom exemplo de como a mitologia clássica continua actual, bem como os valores que as suas figuras representam: "Símbolo de força, de capacidade física aliada à visão e inteligência humanas, o Centauro conjuga as forças que colocamos ao seu dispor para ajudar a alcançar os seus desejos e concretizar os seus sonhos."

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Agostinho no ar

Enquanto o programa sobre Tucídides ainda pode ser ouvido na internet durante esta semana, começa hoje a emissão de Essay: Greek and Latin Voices dedicada a Santo Agostinho. Na BBC Radio 3, em directo às 23h (de segunda a quinta-feira), ou então a qualquer hora em Listen Again.

Gonçalo M. Tavares na F.L.U.L.


«Dos conceitos filosóficos ouvidos desde cedo, Aurius, primo de Anaxágoras, não fora ao fundo de nenhum. Descendente do termo latin concipere, que significa: tomar algo, agarrando-o completamente, a palavra 'conceito' foi sempre entendida por Aurius como um assassinato, agarrar por completo era fazer com que algo deixasse de existir. Exemplificava, dizendo: se agarrar numa pequena esfera de modo a ocultá-la totalmente entre os dedos da mão, essa esfera deixa de ter existência para os outros, e mesmo para si própria, pois fica impossibilitada de actuar como a sua natureza determina, isto é: rolando.»

Gonçalo M. Tavares, "a história de Aurius Anaxos", in Histórias Falsas, Campo das Letras, 2005



Gonçalo M. Tavares é um dos nomes mais falados e premiados da actual Literatura Portuguesa, e já com alguma projecção internacional. Com justiça, pois é sem dúvida um dos autores mais interessantes e estimulantes das últimas décadas. Nascido em 1970, tem já, apesar da juventude, uma extensa bibliografia, que vai da poesia ao teatro, passando pela narrativa em forma de romance, conto ou outras formas menos ortodoxas - onde encaixar a extraordinária série dos "Senhores", ou a "Biblioteca"?

A ideia de o convidar para participar no Clube das Clássicas surgiu no início de 2007, quando tardiamente tomei contacto com a sua obra. Eram as Histórias Falsas, uma colecção de contos, muitos deles com temática clássica. Preso à sua narrativa, comecei o processo, que ainda levo a cabo, de ler a sua obra completa - imensa, para um autor tão novo. Faltava, no entanto, contactá-lo, formular o convite. A ocasião surgiu em Dezembro de 2007, quando tive a oportunidade de conhecer o Gonçalo numa interessantíssima sessão de lançamento do seu último romance, Aprender a rezar na Era da Técnica, na livraria Livrododia, em Torres Vedras. Mais do que uma sessão de lançamento, foi um bom par de horas de conversa animada, agradável e interessante, sobre literatura, mas não só. Formulei-lhe, no final, o convite, e o Gonçalo aceitou de imediato.

Assim, dia 23 de Janeiro de 2008, às 18 horas, no Anfiteatro III da FLUL, teremos connosco Gonçalo M. Tavares, para conversar sobre a sua obra, sobre literatura, mas não só. E estão todos convidados!

http://clubedasclassicas.blogspot.com

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Ruínas de S. Cucufate fechadas

Não é novidade para ninguém que o Ministério da Cultura pouca cultura ministra. Noticia a Agência Lusa, citada pelo PÚBLICO, que “[a]s ruínas romanas de São Cucufate, na freguesia de Vila de Frades, no concelho alentejano da Vidigueira (Beja), voltaram a fechar ao público por falta de pessoal”. Informa a mesma fonte que “[o] monumento, um dos principais vestígios romanos e um dos grandes atractivos turísticos no Baixo Alentejo, fechou ao público a 30 de Dezembro, quando os dois funcionários que trabalhavam no local terminaram os contratos e não foram substituídos em tempo oportuno”. O presidente da Junta de Freguesia de Vila de Frades, Luís Amado, queixa-se que esta é “uma situação que tem vindo a repetir-se periodicamente, nos últimos anos”.
Desde a extinção do IPPAR que muitos têm sido os problemas criados pelo novo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, tendo em vista a redução, a todo o custo, de despesas — mesmo que isso signifique fechar a cultura portuguesa.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Influências greco-latinas na língua árabe X



Não há, nunca é demais repetir, dicionário etimológico da língua árabe, o que não deixa de ser estranho e lamentável para uma língua tão importante e rica. Para as raízes semitas a solução é procurar num bom dicionário etimológico do hebraico. Para os empréstimos de outras famílias linguísticas, é quase o deserto. Vão valendo alguns dicionários ocidentais, como o monumental Arabic–English Lexicon, de Lane, que no entanto só é da lavra do grande arabista até à letra ق (qāf), a 21ª de um alfabeto de 28 letras - 29, se considerarmos a glotal ء (hamza), que no entanto não tem entrada individualizadas nos dicionários que conheço. O trabalho, interrompido na letra qaf pela morte de Lane, o foi completado pelo seu sobrinho, L. S. Poole, não passando então, segundo a generalidade dos especialistas, de um esboço.

Vem isto a propósito da dificuldade que o aprendiz de arabista, como é o meu caso, não dominando ainda a bibliografia, tem ao querer datar empréstimos greco-latinos na língua árabe clássica. Acresce o facto de o árabe clássico ter o seu nascimento efectivo apenas no século VII, com a passagem a escrito do Alcorão, durante o califado de Uthman (644-656), não obstante alguns testemunhos esparsos e escassos de uma poesia árabe pré-islâmica, e algumas inscrições desde o século VIII a.C.. Portanto, é tarefa inglória tentar datar a entrada de uma palavra latina ou grega no árabe clássico, conseguindo-se, na melhor das hipóteses, uma cronologia relativa, muitas vezes fazendo valer o que se sabe não tanto da língua árabe, mas sobretudo da latina ou grega.

É o caso de “piscina”, palavra latina que foi tomada de empréstimo pelo árabe, sob a forma فسقية [fis'qijah], significando “fonte”. Não consegui ainda tirar a limpo a data da primeira atestação – apenas posso garantir que não está no Alcorão.

Há alguns aspectos interessantes no processo de tomada de empréstimo desta palavra:


  • a substituição de [p] por [f] – o árabe clássico e moderno padrão não tem o som [p], substituindo-o, nos empréstimos, por [f] ou [b];

  • o alongamento da penúltima sílaba, reconstituindo assim a tonicidade e quantidade latinas;

  • o acrescento da consoante final ة (tā marbŭt̪ˁa), que é marca genérica de feminino, sendo pronunciada [h] em posição final absoluta, e [t] antes de qualquer vogal;

  • a eliminação da nasal [n], com a consequente criação de um ditongo – e que os meus ainda frágeis conhecimentos de linguística árabe não me permitem explicar;

  • a substituição de [k] por [q], uma tendência que tenho observado ser quase absoluta, e que não deixa de ser curiosa, uma vez que o árabe possui o som [k]; apesar disso opta quase invariavelmente pelo [q], quando se trata de empréstimos.


Este último aspecto pode dar algumas pistas para conjecturar uma entrada da palavra em data recuada, uma vez que testemunha uma pronúncia ainda oclusiva surda da consoante |c| antes de |i|. Não me parece que se possa observar aqui um simples fenómeno de tradição ortográfica, uma vez que esses fenómenos costumam ocorrer sobretudo com nomes próprios, sendo uma hipótese alternativa para a القيصرية [al qajsˁa'riya], que deu o português “alcaçaria”, e que deriva de Caesar, entendido no sentido lato de governante.

Les Mages Hellénisés

"Zoroastre, Ostanès et Hystaspe d’après la tradition grecque
Joseph Bidez & Franz Cumont
Nouvelle édition 2007, toilé

Ainsi parlait Zoroastre. La religion perse vue par les Grecs.
Parmi les religions de l’Antiquité, le zoroastrisme est la seule qui non seulement fut la foi d’un très grand peuple, les Perses, pendant des siècles, mais a réussi à se conserver à travers le Moyen Âge et jusqu’à nos jours. Même si l’Empire perse fut toujours la menace majeure des Grecs, ces derniers ne manquèrent cependant pas de s’intéresser au « père mythique » du dualisme iranien et à ses successeurs.
Ce livre part à la rencontre de ce Zoroastre grec, à l’origine des oracles chaldaïques, et des deux plus grands mages héritiers de son savoir, Ostanès et Hystaspe. Mystérieux et inquiétants, ils auraient inventé la magie, qui leur doit son nom, initié Démocrite et fait apparaître bien des démons maléfiques lors de sacrifices nocturne.
Érudit et passionnant, Les Mages hellénisés rassemble et commente les témoignages grecs relatifs à Zoroastre, Ostanès et Hystaspe. La première partie de l’ouvrage, toute entière dédiée à l’introduction, se révèle une véritable initiation au zoroastrisme et présente en détail la vie, les œuvres et les doctrines du maître ainsi que de ses successeurs. La deuxième partie recueille et commente les différents témoignages. Des notes abondantes et documentées accompagnent la lecture. L’ouvrage est en outre enrichi d’appendices et de nombreux indices.

91.00 Euros
Nb de pages : 412
Année de publication : 2007"