«João Rodrigues de Sá de Meneses (1486/87-1579), alcaide-mor do Porto, celebrado pela geração camoniana como pai fundador da nova aristocracia das letras, prefigurou intensamente a dualidade renascentista da pena e da espada. Acusado quatro vezes perante o tribunal da Inquisição por comportamentos heréticos e por práticas de sodomia, representava a facção intelectual mais ousada da nobreza manuelina, marcada pelo impacte da formação humanística italiana e em breve incómoda, no período de rigor doutrinário contra-reformista (...). Elaborou as composições poéticas mais vanguardistas do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende de 1516, renovando a medida velha com novos conceitos e princípios humanísticos antes da renovação métrica de Bernardim Ribeiro e Francisco de Sá de Miranda, seu primo. Além de várias composições poéticas neolatinas, redigiu a singular monografia 'De Platano', que aqui se publica. Nesta obra rara da literatura renascentista europeia a imagética neoplatónica da natureza aviva-se para produzir um discurso nacional que procura superar a condição de periferia cultural lusitana relativamente à hegemonia italiana.»
Ana María S. Tarrío, Paisagem e Erudição no Humanismo Português. João Rodrigues de Sá de Meneses. De Platano (1527-1537). Estudo introdutório, edição crítica, tradução e notas. Gulbenkian, Lisboa, 2009
Ana María S. Tarrío, Paisagem e Erudição no Humanismo Português. João Rodrigues de Sá de Meneses. De Platano (1527-1537). Estudo introdutório, edição crítica, tradução e notas. Gulbenkian, Lisboa, 2009