segunda-feira, setembro 29, 2008

Festival Islâmico al-Mossassa - Marvão



Decorre em Marvão, de 3 a 5 de Outubro o Festival Islâmico al-Mossassa, celebrando assim a fundação do seu castelo, no século IX, por ibn Marwân, de quem tirou o nome.

عبد الرحمن بن مروان بن یونس

ʿAbdu r-Raḥmān bnu Marwān bnu Yūnus, também conhecido por "ibnu l-Jillīqī" (filho do Galego, designando "galego" qualquer habitante do Norte cristão) era um muwallad, um descendente de não muçulmanos, que, em 868, se revoltou contra o emir de Córdova, liderando um exército de moçárabes e muwallad. Um dos seus bastiões foi a vila de Marvão, cujo castelo construiu no cimo do monte, em cujo sopé se situou a cidade romana de Amaia.

programa é aliciante!

Villa romana de Santo André de Almoçageme

O Público de hoje traz dois artigos sobre a villa romana de Almoçageme, cujas escavações agora recomeçam, e para onde está em estudo um projecto de musealização.
«Enquanto os técnicos desenterram o que resta da villa, um projecto de musealização poderá levar à reconstrução de parte das ruínas na ponta mais ocidental do império romano.

Parece um puzzle para gente crescida. Os pequenos cubos cerâmicos vão sendo limpos com paciência. As tesselas, como se chamam as pedrinhas de várias cores, são depois colocadas nos espaços vazios do mosaico, que os técnicos do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas (MASMO) estão a redescobrir na villa romana de Santo André de Almoçageme.
A villa romana de Santo André está classificada de interesse público. As ruínas à beira da estrada que liga Almoçageme ao Rodízio (Praia Grande) foram descobertas em 1905. A importância dos vestígios foi desde logo evidente, mas só em 1985, quando o proprietário do terreno pretendia construir uma moradia, o espaço foi intervencionado de forma exaustiva. (...)»

sábado, setembro 27, 2008

Escrita do Sudoeste

O caderno P2 do Público de ontem, dia 26, traz um extenso artigo sobre a escrita do Sudoeste, a propósito de um achado arqueológico efectuado por investigadores da Faculdade de Letras da UL.

O tesouro chegou-lhe no dia 5 de Setembro, quando encontraram ali, numa das ruas romanas do povoado arqueológico, uma estela funerária, depositada à sua espera estes anos todos, com uma das inscrições mais completas e bem conservadas da chamada escrita do Sudoeste.
"É maravilhosa!", soltou José Antonio Correa, catedrático de filologia latina da Universidade de Sevilha, um dos maiores especialistas em escrita do Sudoeste (a par com o alemão Jürgen Untermann), quando, na quarta-feira, se levantou o pano negro que cobria a nova estela funerária encontrada no sítio de Mesas do Castelinho. "Não vou dizer que é a melhor", disse o especialista em conversa com o P2, na apresentação que decorreu no Museu da Escrita do Sudoeste, criado pela Câmara Municipal de Almodôvar em Outubro do ano passado.


Texto completo aqui.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Museu Virtual de Herculano

Reproduzo a notícia da BBC:
Herculaneum task
They may seem unlikely early adopters, but museum curators have been some of the keenest to employ technology to blow dust of their show-cases and bring their exhibits to life. So much so, in fact, that there is now a museum dedicated to ancient history where the technology doesn’t just supplement the exhibits, but has replaced them entirely.

Wealth has always liked to dip its toes in the Mediterranean. The Italian coast at Amalfi near Naples is pretty comfortably off, and two thousand years ago well-to-do Romans trailed their togas in the sand at nearby Herculaneum. Until one night in 79 AD.
The eruption of Mount Vesuvius encased the town in scalding ash, killing those who tried to flee and preserving some of the finest examples of private Roman villas under 25 metres of debris.
Herculaneum’s Virtual Museum of Archeology (MAV) opened this summer. It creators’ aim was to digitally repair the damage wrought by Vesuvius and imagine what the living town was like.
Walter Ferrara, Head Curator, MAV: "We have so many archaeological realities nearby. 70 metres from here we have ancient Ercolano (Herculaneum). You can see only stones and some buildings how they are now. You cannot see them how they were.
"You can read about them. You can look at pictures, but it is not the same as seeing these [new] reconstructions, that are immersive and have a lot of appeal."
MosaicActually, the Romans are a very suitable subject for a digital museum; you only have to look at their mosaics to see that they were great proponents of the pixel. And one of the things that separate them from the Greeks is their technological prowess. If the Romans were around today, they’d probably watch Click.
But the developers here have been careful not to let the museum’s message become too eclipsed by 21st century technology.
Gaetano Capasso, Concept Developer for MAV: "The big difference with our museum is that the technology is transparent, invisible. For us this is the aim of technology.
"[I remember a German poem which says] when snow falls on a bell it doesn’t make it ring. And it is the same with our technology. You guess this presence, but you don’t see it. Technology has to prompt curiosity, but remain discrete.”
The MAV is unique among archaeological museums in exhibiting absolutely no ancient artefacts at all: no real Roman busts, no original murals. But there are also no alarms, no tetchy guards and no 'don’t touch' signs.
What’s nice about this museum is just how tactile it is. You can just wipe your hand across condensation to reveal the image underneath.
A camera tracking trick ofdisappearing dust is used a number of times, giving visitors a feel for the thrill of archaeological discovery. There are some other nice touches, including the fact that the museum is unapologetically educational.
Vesuvius will continue to sleep off its historic night of mayhem, so the main threat to Herculaneum, now that much of it has been excavated, is from us. If visitors to the town can be persuaded to come to the virtual museum rather than plodding around the ruins then it might go someway toward preserving them for the future.
Caterina Cozzalino, Archaeologist: "This is also the best way to make these towns live in the future, because otherwise I think they will be destroyed again and not by Vesuvius, but by people.”
As well worn as the monuments the tourists clamber over, is the notion that Italy’s heritage is so rich the country can barely afford to preserve it. The budget for Italy’s Culture Ministry for the next three years has just been slashed by 1.3 billion Euros.
With this virtual museum pulling in paying customers, and lightening the tourist load at the excavation, it might act as a model for more of Italy’s fragile archaeological sites.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Criptopórtico

Está aberto ao público este fim-de-semana (de sexta a domingo) o Criptopórtico romano da Rua da Conceição, na Baixa de Lisboa.
Galerias Romanas da Rua da Prata
Desde a data da sua descoberta na sequência do grande terramoto de 1755, esta estrutura romana foi sendo alvo de múltiplas interpretações relativamente à sua função original, sendo hoje as teses quase unânimes em identificá-lo como sendo um criptopórtico.
As suas características construtivas, tipologia e materiais associados sugerem uma construção da época de Augusto, datada entre o século I a.C e o século I d.C. e contemporânea de outros grandes edifícios públicos da cidade de Olisipo.

A Descoberta
Em 1771 durante a reconstrução da cidade de Lisboa, na sequência do grande Terramoto de 1755, surgiram pela primeira vez notícias da existência de um vasto conjunto de Galerias Romanas no subsolo da Baixa. A incipiente noção de património de então, levaria a que apenas uma inscrição romana dedicada a Esculápio (Deus da Medicina) fosse salvaguardada. O edifício romano, constatada a sua grande robustez, serviria de alicerce aos prédios pombalinos.
Em 1859, obras de saneamento permitiram, pela única vez, observar restos das construções romanas que se erguiam sobre as Galerias. Foi então feito o levantamento exaustivo das ruínas, um dos trabalhos arqueológicos pioneiros na cidade de Lisboa, pela mão de José Valentim de Freitas. Visitas esporádicas, com finalidades jornalísticas e de investigação, iniciaram-se em 1909, sendo as Galerias à data conhecidas por "Conservas de Água da Rua da Prata" por serem utilizadas pela população como cisterna.
Abririam ao público com regularidade a partir dos anos 80 época em que foi possível à Câmara Municipal de Lisboa criar condições restritas de acessibilidade ao monumento. Actualmente são visitáveis uma vez por ano pois encontram-se com um nível de água elevado cuja bombagem é um processo moroso e que levantaria problemas de conservação do próprio edifício e dos edifícios pombalinos anexos se retirada mais amiúde.

A Função
A arquitectura e as técnicas de construção destas Galerias sugerem tratar-se de um monumento da época dos Imperadores Júlio-Cláudios (primeira metade do séc. I d.C.), contemporâneo de outros edifícios públicos da cidade romana de Olisipo.
Os últimos trabalhos arqueológicos do Museu da Cidade revelaram que as Galerias foram erguidas sobre uma muito espessa placa artificial de rija argamassa romana (opus caementicium- "antepassado remoto do betão") colocada sobre areia. A análise da arquitectura revelou também o emprego de proporções rigorosas no tamanho dos arcos, como se esperaria numa obra de época imperial romana.
As Galerias Romanas têm sido alvo de diversas interpretações, de Termas a Forúm Municipal, desde a sua descoberta. Conhecendo-se hoje melhor o seu entorno em época romana, ligado às actividades portuárias e comerciais, as propostas mais recentes indicam tratar-se de um «criptopórtico», erguido para suportar outras edificações de grande dimensão.
Os «criptopórticos» eram construções abobadas, empregues com alguma frequência pelos romanos em terrenos instáveis ou de topografia irregular para criar uma plataforma de suporte a outras edificações, normalmente públicas.
O achado sobre as Galerias da inscrição dedicada ao Deus Esculápio por dois sacerdotes do culto imperial, em seu nome e no do Município de Olisipo, parece confirmar o carácter público do edifício.

O que se pode ver
O acesso à totalidade do monumento foi truncado pela construção, desde o séc. XVIII, dos colectores de esgoto da cidade. A parte visitável é constituída por uma rede de galerias perpendiculares, de diferentes alturas, onde se destacam:
•Pequenos compartimentos (celas) dispostos lateralmente a algumas das galerias, que poderão ter sido utilizados na época romana como áreas de armazenamento
• Arcos em cuidada cantaria de pedra almofadada, técnica típica dos inícios da época imperial romana
• Abóbadas, onde são visíveis as marcas das tábuas de madeira que serviram para a sua construção e onde se pode observar várias aberturas circulares que serviram bocas de poço a partir de data desconhecida
• "Galeria das Nascentes", também chamada "dos Olhos de Água", que ostenta a fractura que divide em dois a parte hoje visitável do monumento. Nesta fenda brota a água proveniente do lençol freático e que irrompe inundando toda a área das galerias.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Uma viagem ao Gharb al-Andalus

P9090074

Passei dois dias entre Mértola e o Milreu. Deixo aqui ligações para as fotografias que por lá tirei.

sexta-feira, setembro 05, 2008

Império Romano fez aumentar ameaça de HIV

A notícia, que podemos ler na BBC, dá conta dos resultados de investigações de cientistas franceses. Dizem estes que os povos que hoje vivem em ex-colónias governadas por Roma têm menos probabilidade de desenvolver um gene protector da sida:
"In countries inside the borders of the empire for longer periods, such as Spain, Italy and Greece, the frequency of the CCR5-delta32 gene, which offers some protection against HIV, is between 0% and 6%.
Countries at the fringe of the empire, such as Germany, and modern England, the rate is between 8% and 11.8%, while in countries never conquered by Rome, the rate is greater than this."
Não se pode dizer que não são observações engraçadas, mas há quem tenha outra teoria (com menos piada): "Others argue the difference is linked to a far larger event, such as the spread of bubonic plague or smallpox."